Champions League Feminina

Arsenal x Barcelona: Histórias distintas se encontram na final da Champions feminina

Gunners lutam com resiliência pela consagração, enquanto Blaugranas têm feito valer dominância no futebol europeu

O livro de grandes histórias do futebol feminino ganha mais um capítulo neste sábado (24). O cenário é o estádio José Alvalade, em Lisboa, com a taça da Champions League feminina (UWCL, em inglês) no plano de fundo. Do túnel na lateral do campo saem as protagonistas, jogadoras de Arsenal e Barcelona, para o embate de 13h (de Brasília) que vai decretar as campeãs europeias da temporada.

As palavras de ordem de Arsenal e Barcelona na Champions feminina

As duas equipes tiveram trajetórias distintas na busca por carimbar o passaporte à decisão do principal torneio de clubes do continente, e esses caminhos podem ser resumidos a uma palavra em cada caso.

Assim, caro leitor, esta análise da Trivela precisa retornar a algumas páginas da obra antes de escrever a nova subdivisão.

Do lado do Arsenal: resiliência

As bravas Gunners são viciadas em ir contra as probabilidades — no melhor sentido. A equipe ficou em terceiro lugar na edição passada da Womens' Super League (WSL), o Campeonato Inglês feminino, e se classificou apenas para a primeira rodada da UWCL, uma espécie de playoff por vaga nos grupos.

O Arsenal derrotou Rangers (6 a 0) e Rosenborg (1 a 0) nos confrontos iniciais, porém, a segunda fase dos playoffs começou mais desafiadora com a derrota por 1 a 0 diante do Hacken. O clube inglês conseguiu a virada no jogo da volta ao aplicar 4 a 0 no time sueco e ficou no grupo C do torneio.

Isso viria a ser uma amostra do poder de remontada Gunner na Champions. A campanha na fase de grupos foi de cinco vitórias e um revés, e os 15 pontos asseguraram a primeira colocação da chave. O que viria a seguir? As quartas de final contra o Real Madrid e, depois, a semifinal contra o Lyon.

Aqui se justifica ainda mais a palavra de ordem “resiliência”. O Arsenal saiu em desvantagem nos dois confrontos e buscou a virada. Contra a equipe Merengue, perdia por 2 a 0 e fez 3 a 2 no agregado, e diante do clube francês, tinha 2 a 1 contra e conseguiu aplicar 5 a 3 na soma dos placares.

Alessia Russo celebra gol em Arsenal x Real Madrid na Champions feminina
Alessia Russo celebra gol em Arsenal x Real Madrid na Champions feminina (Foto: Imago)

O capítulo da final ainda será escrito, mas o Arsenal se tornou o primeiro time a chegar à decisão da competição neste formato tendo passado pelos playoffs. O fato ajuda a evidenciar o trabalho notório de Renée Slegers desde que assumiu o comando técnico do time em outubro de 2024.

A holandesa substituiu Jonas Eidevall como interina na época, e foi efetivada em janeiro deste ano. Renée nunca escondeu o gosto pela parte tática, e procura montar um time de acordo com as necessidades que cada jogo exige.

O Arsenal costumeiramente fica no 4-2-3-1, mas a técnica não vê problema em alternar para o 4-3-3, como fez na partida da volta diante do Real Madrid e contra o Lyon.

Independentemente da estratégia adotada na decisão, nomes como Alessia Russo e Mariona Caldentey tendem a estar destacado nas páginas. A dupla é artilheira do Arsenal na competição, com sete gols em 10 jogos. A inglesa ainda tem uma assistência, enquanto a espanhola registra duas.

Caso balance as redes contra o Barcelona, Mariona vai fazer valer a lei da ex. A atacante defendeu o time catalão entre 2014 e 2024, quando se transferiu ao grupo londrino.

Outras jogadoras a se destacar são Kim Little, meia com precisão de 92,23% no passe, e a lateral-direita Emily Fox, que registra 59 recuperações de bola e cinco desarmes em nove partidas.

Vencer no sábado garante a Alessia Russo e companhia entrar na história com o segundo título Gunner na Champions League feminina.

Do lado do Barcelona: domínio

Enquanto o Arsenal se reinventou e soube superar adversidades, o Barcelona viveu realidade diferente. O clube catalão começou no torneio já na fase de grupos e ficou em 1º lugar da chave D com 15 pontos — uma derrota e cinco vitórias.

O revés para o Manchester City por 2 a 0 no duelo inaugural foi o único das guerreiras Blaugranas na UWCL até o momento. Desde então, domínio absoluto: 12 gols marcados contra o sueco Hammarby, 11 sobre o austríaco St. Polten e três diante das Citizens na fase de grupos.

Nas quartas, 10 a 2 no agregado contra o Wolfsburg, da Alemanha, e 8 a 2 nas semis ao encarar o londrino Chelsea.

Claudia Pina, atacante do Barcelona, celebra gol na Champions feminina
Claudia Pina, atacante do Barcelona, celebra gol na Champions feminina (Foto: Imago)

Além da campanha semelhante na fase de grupos, as trajetórias dos técnicos nas respectivas equipes são similares. Assim como Renée Slegers, Pere Romeu era assistente do antecessor Jonatan Giráldez e foi promovido ao cargo principal em julho passado, após a saída do espanhol.

Adepto ao 4-3-3, o treinador catalão vê o Barça ostentar as melhores marcas ofensivas da Champions feminina. É o time com mais gols marcados (44), posse de bola (64,7%), eficácia nos passes (90,2%) e finalizações (235). Além disso, tem duas jogadoras de destaque no ataque: Claudia Pina e Aitana Bonmatí.

Pina, a camisa 9, é a artilheira da competição com 10 gols em oito jogos — a um de alcançar o recorde estabelecido por Alexia Putellas em 2021/22 –, e Aitana registra cinco assistências em 10 partidas.

O Barça conta com a dupla afiada e outros nomes estrelados como a atacante Caroline Graham Hansen — três gols e duas assistências em oito aparições — e Patri Guijarro, meia com 25 desarmes e cinco assistências, para ampliar o domínio conquistado no futebol feminino europeu nos últimos anos e chegar ao terceiro título consecutivo da Champions — o quarto no total.

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A final em Lisboa

A decisão da UWCL em Lisboa coloca frente a frente dois times com características diferentes, mas extremamente aguerridos e comprometidos em levantar a taça. Assim, qualquer detalhe pode fazer a diferença.

A lateral-esquerda Katie McCabe alertou para a importância de o Arsenal tentar neutralizar as entrosadas e rápidas Blaugranas.

Elas têm muita qualidade. São muito boas com a bola, passes precisos, movimentação, fluidas no posicionamento. Elas já venceram, têm experiência, então, temos que respeitar. Mas também temos que entender quão boas podemos ser — disse ela à Uefa.

A principal dúvida no Arsenal é se a goleira Daphne van Domselaar vai a campo na final depois de se recuperar de lesão. Caso não, Manuela Zinsberger tem sido a substituta imediata.

No Barça, a atacante Kika Nazareth é baixa. Ainda assim, a colega de posição Ewa Pajor enfatizou a quão fundamental é o pensamento coletivo para ficar com o título.

É meu sonho ganhar esse troféu, meu sonho ter o troféu com esse time, mas temos que manter a calma. É nosso objetivo como equipe. Temos que estar preparadas, focadas, e espero que conquistemos o troféu como um time. Podemos fazer isso.

Não há como saber o que o futuro reserva, mas essa história emblemática, com muitos personagens significativos, lágrimas, sorrisos e reviravoltas realmente dignas de roteiro de ficção não permite empate.

A última página do capítulo a ser escrito já está preservada com foco no aguardado desfecho. A resiliência Gunner ou a dominância Culé será coroada e exibida naquela folha com o troféu mais cobiçado do futebol feminino europeu de clubes.

Foto de Milena Tomaz

Milena TomazRedatora de esportes

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da Trivela. Se formou em Comunicação Social em 2019.
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