Futebol feminino

“Chamada de gorda o tempo todo”: jogadora do Chelsea vira referência no combate ao body shaming

Fran Kirby se tornou símbolo de resistência ao falar abertamente sobre as críticas que recebe a respeito do formato de seu corpo

Fran Kirby se tornou uma referência no combate ao body shaming no futebol feminino. No início deste mês, a atacante do Chelsea desabafou, em uma entrevista à BBC Sport, sobre os recorrentes comentários ofensivos sobre o formato de seu corpo. No entanto, a força de Kirby para rebater as críticas destrutivas e combater a “vergonha do corpo” está se tornando um incentivo para atletas jovens na Europa.

– Sempre ouço coisas como: “Fran jogou muito bem, que jogo, mas ela parecia gorda hoje”. Tenho recebido muitos comentários, assim como minhas companheiras de equipe. É um problema, mas não acho que seja apenas um problema do futebol feminino. Acho que é maior do que isso – contou Kirby.

O debate sobre o body shaming enfrentado pela meia-atacante ficou em evidência após um trecho do documentário “Nothing Stop Us” (“Nada Pode Nos Parar”, em português) ser divulgado nas redes sociais. O filme documental, produzido pelo próprio Chelsea, mostra o retorno de Fran Kirby aos gramados após se recuperar de uma doença cardíaca.

Na cena em questão, uma pessoa pergunta o motivo de ela vestir a jaqueta do uniforme para treinar, mesmo sendo em um dia de calor, e a jogadora responde: “Porque sou chamada de gorda o tempo todo, então preciso me cobrir.”

Fran Kirby, um símbolo de resistência

A camisa 14 do Chelsea enfrentou uma pericardite em 2020, inflamação na membrana que envolve o coração, e passou por um tratamento intenso. Recuperada, ela se tornou a maior artilheira do clube. Dois anos depois, mais um problema atravessou a sua carreira: uma grave lesão no joelho que necessitou cirurgia.

– Ao voltar de uma lesão, você não estará na melhor forma da sua vida – afirmou Kirby.

– Foi muito difícil para mim há alguns anos, depois do meu problema cardíaco. Fiquei fora por um tempo e ganhei um pouco de peso porque fisicamente não conseguia fazer nada. Não é como se treinássemos por uma semana e de repente estivesse totalmente em forma e pronta para começar. Foi difícil ler esses comentários – acrescentou.

A contusão tirou Kirby da Copa do Mundo Feminina de 2023, mas não a impediu de continuar lutando, inclusive depois que precisou lidar com questões de saúde mental. Nesta temporada, ela deu a volta pro cima (mais uma vez) e já balançou as redes tanto pelo clube quanto pela seleção inglesa. Mesmo assim, ela continua focada em melhorar o futebol feminino.

A jogadora de 30 anos tem se dedicado a projetos e estudos para melhorar as percepções sobre a modalidade. Ela trabalhou com a Nike para ajudar no design de chuteiras criadas especificamente para mulheres.

Neste sábado (27), Kirby está relacionada para o confronto contra o Brighton, pela 12ª rodada da Superliga Feminina da Inglaterra, às 14h30 (horário de Brasília). No momento, o Chelsea é o líder da competição, com 28 pontos.

Meninas desistem do futebol por vergonha do corpo

Um estudo encomendado pelo Starling Bank, banco digital do Reino Unido, apontou que quase um terço das meninas que jogam futebol desistem do esporte no fim da adolescência. O mesmo estudo apontou que isso só ocorre com um em cada dez meninos (10%).

Um quarto das meninas (27%) pendura as chuteiras devido a pressões para ter um bom desempenho na escola, enquanto outras desistem por causa de inseguranças sobre sua imagem corporal (14%) ou sofrem bullying por brincar (8%) e não veem uma carreira clara adiante.

Nesta semana, uma reportagem do jornal inglês The Guardian apontou como as falas recentes de Kirby têm influenciado meninas jovens a se sentirem mais confiantes.

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