França

Gattuso revela que ficou três dias na porta do CT do Bayern a espera de Guardiola

Em entrevista ao L'Equipe, o "orgulhoso" Gennaro Gattuso revelou que não gosta de pedir favores e aguardou que Guardiola o reconhecesse na porta do CT do Bayern

O técnico Gennaro Gattuso é um cara de personalidade, no mínimo, excêntrica. Conhecido por ser um volante que nunca pegou leve nos carrinhos, à beira do campo passa a mesma vontade e intensidade de quando calçava as chuteiras. Como uma pessoa diferenciada, odeia pedir favores, e, por isso, ficou três na porta do Centro de Treinamento do Bayern de Munique para assistir a um treino de Pep Guardiola em 2013. Ao lado do fiel auxiliar Luigi Riccio, ainda junto do italiano no Olympique de Marselha, passou muito frio até, enfim, ser reconhecido pelo então treinador dos Bávaros e recebeu a oportunidade de assistir ao treinamento.

Esperei três dias do lado de fora do centro de treinamento do Bayern, na esperança de ver o carro de Guardiola chegar! Não pedi nada a ninguém, porque não gosto de pedir favores. Ele me reconheceu quando finalmente passou por nós, mas isso foi depois de dois dias. Que frio estávamos com Gigi [Luigi Riccio]! – revelou Gattuso, ao jornal francês L'Equipe.

Fã de Guardiola, o Barcelona marcou o hoje técnico do Marselha, mas ainda antes de Pep comandar o clube. Gattuso enfrentou os Culés de Lionel Messi, Xavi Hernández, Andrés Iniesta e Ronaldinho e a forma que foi envolvido dentro da partida o levou a estudar mais o jogo, entender o que acontece nos gramados.

– Sempre pensei no jogo, sim. E por volta dos 27-28 anos começamos a jogar contra o Barça do Xavi, do Iniesta, do Ronaldinho, do Messi. Algo aconteceu dentro de mim. Corremos noventa e cinco minutos, fiz uma maratona em todos os jogos contra eles e toquei na bola três ou quatro vezes. Não entendíamos o que estava acontecendo conosco. Perguntava o porquê, quando havia sete ou oito jogadores atrás da linha à espera da bola e nunca conseguíamos recuperar! Tínhamos quatro defensores, eles tinham um falso nove e tinham superioridade numérica em todos os lugares! E comecei a entender porque a nossa mentalidade da época não estava nos dando os frutos que esperávamos. E foi aí que comecei a me interessar muito pela questão, estudei, olhei – disse o técnico italiano.

Não faltaram influências para Gennaro se tornar treinador durante as duas décadas como jogador. Trabalhou com os compatriotas Carlo Ancelotti (este, maior vencedor da Champions League) e Marcello Lippi, campeão do mundo com a Itália em 2006, nomes que destacou quando questionado sobre quem o inspira.

– Peguei coisas de treinadores que tive, é claro. Carlo Ancelotti, que é versátil: consegue entrar na cabeça de todos, o que é uma coisa incrível. Marcello Lippi não deixa você escapar nada, ele espalhava o medo, você tinha que se comportar bem, senão não fazia parte da equipe dele. Duas metodologias totalmente diferentes, dois vencedores. Tive Walter Smith [no Rangers], aos 17 anos, um treinador de incrível bondade e educação, mas quando seu cérebro funcionasse, ele poderia se tornar o pior criminoso de Glasgow. Tive o Alberto Zaccheroni [no Milan], que foi um monstro tático e que explicou todos os detalhes da partida para você, mas que talvez faltou aquele extra para transmitir motivação. Todos eles me deixaram alguma coisa – destacou.

Gattuso vive bom momento no Olympique

Substituindo Marcelino no fim de setembro do ano passado, Gennaro Gattuso demorou para engrenar em Marselha. Nas seis primeiras rodadas disputadas na Ligue One, só venceu uma e viu o time estacionar na oitava colocação. Eis que engatou quatro vitórias seguidas e agora já tem uma invencibilidade de seis jogos, que colocou o Olympique em sexto, entrando na briga por vaga em competição europeia. No entanto, eliminado na fase de grupos da Liga Europa, a equipe “caiu” para Conference League e agora enfrenta o Shakhtar Donetsk na fase prévia às oitavas de final.

O contrato de Gattuso com o clube francês vai até junho de 2024 e ficar entre os quatro primeiros do Campeonato Francês renovaria o vínculo automaticamente por mais um ano. O italiano diz não pensar nisso, mas define o objetivo: se classificar para uma competição europeia.

– Eu não penso sobre isso. Farei de tudo para vencer o máximo de partidas possível, em todas as competições. Depois posso assinar daqui a um mês, daqui a dois meses, quem sabe? O importante está em outro lugar. O objetivo é se classificar-se para a Europa na próxima época, tanto pela imagem como por razões econômicas. Essa é a minha prioridade hoje. Temos de estar em uma competição europeia, é fundamental. E isso coloca muito mais pressão sobre mim do que meu contrato – finalizou.

O Olympique de Marselha do técnico italiano atua neste domingo (7) pela fase de 32 avos da Copa da França. O rival será o modesto Thionville Lusitanos, clube amador da quinta divisão francesa.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
Botão Voltar ao topo