Escândalo entre político e PSG vem a público e envolve até transferência de Neymar
O ex-vice da Assembleia Nacional da França foi acusado de "trocar favores" com o PSG para benefício próprio
Hugues Renson, antigo vice-presidente da Assembleia Nacional francesa, foi acusado, na última quinta-feira (5), de tráfico de influência.
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Segundo informa o L'Équipe, a investigação está em andamento porque Renson teria favorecido o Paris Saint-Germain, seu time do coração, durante seu mandato. O político está sendo acusado de ter pedido diversas regalias, como ingresso para os seus filhos e empregos remunerados no clube.
No Le Monde, a informação publicada é de que arquivos digitais do PSG foram encontrados que mostravam uma lista de convidados da “Presença VIP” no Parc des Princes.
Ainda segundo o jornal, um nome se destaca na lista, justamente o de Hugues Renson. Os investigadores notaram que o ex-parlamentar obteve, “a título pessoal”, 26 lugares no estádio de 2017 a 2021. Também “beneficiou familiares e terceiros de um volume de 32 lugares”, “estes convites representando um total de 58 lugares”.
O que a investigação tem a ver com Neymar?
Segundo a imprensa francesa, a suspeita é que Renson foi uma figura-chave na obtenção de benefícios fiscais pelo PSG, após oficializar a compra de Neymar do Barcelona, em agosto de 2017.
O jogador brasileiro teve sua contratação efetivada por 222 milhões de euros (R$ 812 milhões na época). Vale destacar que, até hoje, essa é a transferência mais cara da história do futebol.
Renson teria feito intenso lobby no PSG e serviu de intermediário junto do ministro da Ação e Contas Públicas, Gérald Darmanin, em 2017, na isenção fiscal para a transferência de Neymar para Paris.
Na investigação, os agentes encontraram trocas de mensagens entre Renson e Darmanin, que indicam um possível esquema entre os dois e o Paris Saint-Germain.
“Gerald, gostaria de incomodá-lo sobre um dos seus assuntos… Estou com Nasser (Al-Khelaifi, presidente e dono do PSG), que está muito preocupado com a grande operação(a de Neymar). Eu sei que você está em contato. Você teria alguma maneira de tranquilizá-los? Seria uma pena se a contratação não acontecesse. Estou à sua disposição”, teria dito o vice-presidente da Assembleia.
Isso porque em janeiro deste ano, a polícia francesa iniciou uma operação sobre justamente a transferência milionária de Neymar.
As autoridades locais buscavam investigar fraudes tributárias em relação ao negócio, que definiu a mudança do brasileiro do Barcelona para o Paris. A Justiça da França acusou o Ministério das Finanças de tratamento favorável ao PSG por meio de “favores fiscais”, economizando milhões de euros em impostos ligados à transação.
Agora, as investigações apontam que esses “favores fiscais” seriam para facilitar a obtenção de vistos para a China de funcionários do clube, influenciar o calendário da Ligue 1 (campeonato francês), entre outros.
Político nega as acusações
Após a investigação vir a público, Renson negou todas as acusações e disse que nunca prestou serviço a ninguém em troca de benefícios para si, família, amigos ou quem quer que seja. E que talvez, como autoridade, tenha ajudado a “identificar formas de conhecer pessoas”.
“Nunca fiz isso. Talvez, como autoridade eleita, eu tenha ajudado a identificar formas de conhecer pessoas ou resolver dificuldades. Mas foi como autoridade eleita. Intervir é transmitir, relacionar, chamar a atenção. Intervir não é interferir, se intrometer ou fazer coisas no lugar de alguém”, declarou o político.
Renson faz parte atualmente do partido “Renascimento”, anteriormente chamado “Le Réplublique em Marche!” (LREM), considerado de centro. Emmanuel Macron, presidente francês, é do mesmo partido. Ele foi um dos vice-presidentes da Assembleia Nacional entre 2018 e 2022.