Europa

Quando o Hino de Malta virou Linkin Park e outros incidentes do tipo

O hino de Malta tem uma história de resistência - assim como as letras da banda de Chester Bennington e Mike Shinoda

De vez em quando, algum vídeo antigo volta à torna e viraliza novamente, impulsionado por alguma página de memes que precisava bater suas metas.

É o caso desse incidente de 2014, antes de um amistoso entre Malta e Eslováquia. Os jogadores estavam perfilados aguardando a execução do Hino Nacional de Malta, quando foram surpreendidos pelos primeiros segundos da música ‘Numb', da banda americana Linkin Park.

O erro do DJ do Štadión pod Dubňom, em Žilina, na Eslováquia, foi seguido de risadaria geral e uma correção rápida. Felizmente, a situação não deixou ninguém ofendido, já que não envolve nenhum tipo de conflito diplomático. Não é verdade para vários outros casos de erros de execução de hino nacional, catalogados em um artigo incrível da Wikipédia que também veio à tona nos últimos dias.

O Cazaquistão, por exemplo, viveu um março de 2012 complicado. No dia 5, em um festival regional de ski, o hino nacional foi trocado por ‘Livin La Vida Loca', sucesso na voz do cantor Ricky Martin; no dia 21, num Grande Prêmio de Tiro realizado no Kuwait, foi substituído por uma música extremamente ofensiva composta para o filme Borat, cuja letra diz que “nossas prostitutas são as mais limpas da região”. 

Hino de Malta tem história de orgulho 

Assim como outros ícones nacionais, os hinos oficiais são símbolos políticos. No caso de Malta, a música composta em 1922 representa o orgulho de um arquipélago que passou boa parte da sua história sob o domínio dos outros. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, em que estava sob controle da Grã-Bretanha, sua posição estratégica entre Europa e África a tornava um alvo preferencial de batalhas e bombardeios.

Hajduk Split, um dos times mais tradicionais do futebol croata (Foto: Imago)

Em março de 1945, já na reta final do conflito, Malta viveu um momento-chave de orgulho nacional em uma partida de futebol. O país estava recebendo o time do Hajduk Split, equipe croata que havia se tornado um símbolo de resistência contra a ocupação italiana e que, naquela altura, viajava o mundo para jogar bola propagandear os ideais da nova Iugoslávia do Marechal Tito. (Essa história é fantástica e merece um vídeo próprio – no fim desta coluna, você encontra o link de um artigo acadêmico em inglês com mais detalhes, caso interesse*).

Antes do amistoso do Hajduk Split contra uma seleção local maltesa, com a presença do Governador Britânico, o público do Estádio Nacional ouviu os hinos de Iugoslávia e Grã-Bretanha. Quando o governador ia se sentar, as arquibancadas entoaram espontaneamente a letra do hino maltês. Os registros apontam que o Governador ficou constrangido, mas que acompanhou todo o hino de pé.

*Link para artigo sobre o Hajduk Split

Foto de Andrey Raychtock

Andrey RaychtockColaborador

Colunista da Trivela. Mais angustiado que um goleiro na hora do gol. Jornalista com passagens por Globo, Esporte Interativo (atual TNT Sports) e Cazé TV. Percorrendo os becos e vielas do futebol alternativo e dividindo o que encontrei.
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