Acabou a aventura: Fernando Santos dura apenas seis jogos e é demitido pela Polônia
Contratado em janeiro, Fernando Santos, ex-treinador de Portugal não durou muito no comando da Polônia de Lewandowski

Fernando Santos não é mais o técnico da seleção polonesa. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (13) pela Federação Polonesa de Futebol (PZPN). O português ficou no cargo por apenas seis partidas depois de ser contratado para o cargo em janeiro. A aposta, claramente pensada pelo currículo do treinador, não funcionou e a sua demissão foi recebida como um alívio na Polônia, o que deixa claro que a sua contratação foi um erro.
A relação entre os poloneses e Fernando Santos não foi das melhores. Embora o anúncio tenha sido envolto em empolgação, com um treinador de uma seleção importante assumindo o cargo na Polônia, isso se mostrou muito mais uma carência dos poloneses do que de fato alguém tarimbado para um grande trabalho.
A rigor, Fernando Santos era visto como um treinador que não conseguia fazer um excelente elenco da seleção portuguesa jogar como podia. Os bons resultados da seleção portuguesa eram vistos como um mérito do elenco, mais do que do treinador. Não que ele não tenha méritos, porque quem ganha a Eurocopa sempre tem mérito, mas estava claro que o seu trabalho era, no mínimo, questionável na seleção Lusa.
Ainda assim, a sua contratação pela Polônia poderia significar uma chance de usar um estilo de jogo mais conservador em uma seleção mais adequada para isso. Afinal, a Polônia de anos recentes nunca se caracterizou por ter um estilo ofensivo e envolvente, como se cobrava que a seleção portuguesa, sob o comando de Santos, tivesse. Se a Polônia fosse competitiva, já seria o bastante. Não foi o que aconteceu.
Mais do que resultados ruis, futebol constrangedor
Fernando Santos chegou para substituir Czeslaw Michniewicz, que estava desgastado. Apesar disso, o desempenho esportivo, com todos os problemas em campo, ainda tinha atingido uma meta da Federação Polonesa: depois de 36 anos, os poloneses chegaram às oitavas de final da Copa. Não passaram dali, mas foi uma conquista para o time.
O treinador português chegava para dar mais esperança, levar o time à Eurocopa e, quem sabe, conseguir algo lá. Só que o que se viu desde a estreia foi um time piorado. Se a qualidade do futebol apresentado pela Polônia não era dos melhores na Copa, ao menos o time era competitivo. Com Fernando Santos, isso se perdeu.
A estreia foi contra a Tchéquia e uma derrota implacável por 3 a 1. Veio então uma vitória, diante da Albânia, por 1 a 0. Em amistoso, venceu a Alemanha, que jogou muito mal, por 1 a 0. Veio então uma incrível derrota para a Moldávia por 3 a 2, antes de uma vitória quase protocolar contra as Ilhas Faroe. Por fim, diante da Albânia, no último domingo, derrota por 2 a 0.
A situação polonesa está complicada. Mesmo em um grupo fácil, da qual era cabeça de chave, a Polônia é apenas quarta colocada, com seis pontos em cinco jogos. A líder é a Albânia, com 10 pontos, seguida pela Tchéquia, com oito, mesma pontuação da Moldávia. Os poloneses, que deveriam nadar de braçada na chave, tem três derrotas em cinco jogos. E mais do que as derrotas, um futebol que não dá esperança nenhuma de melhoria.
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Experiência com portugueses se tornou traumática para poloneses
Fernando Santos é o segundo técnico português em pouco tempo a dirigir a Polônia — e decepcionar, embora de maneiras diferentes. Antes de Santos, quem foi técnico dos poloneses foi Paulo Sousa, notório ex-jogador, que decidiu abrir mão de dirigir a seleção do país para assumir o Flamengo, em 2022, a meses da Copa do Mundo.
A experiência de Paulo Sousa no Flamengo, como sabemos hoje, foi um completo desastre e ele não durou mais do que alguns meses no cargo. Os poloneses ficaram possessos com a sua saída em um momento crucial de preparação para a Copa. Alguns articulistas poloneses chegaram a taxar o treinador de “rato” por deixar o cargo — um pouco de exagero também, convenhamos.
Fernando Santos, porém, também decepcionou, de outra forma. Se com Paulo Sousa havia alguns questionamentos em campo, o time ao menos chegou à Copa do Mundo. Desta vez, Fernando Santos deixa o time em uma situação complicada para se classificar à Eurocopa 2024.
Quem substituirá Fernando Santos?
Segundo Lukasz Wachowski, secretário-geral da Federação Polonesa, a entidade trabalha com a escolha de um novo treinador para os próximos dias e falou em 20 de setembro como uma data possível para o anúncio. Ele, contudo, não garantiu que a seleção terá um técnico até lá.
Dois nomes estão entre os mais especulados: Michal Probierz, que dirige as seleções de base polonesas, e Marek Papszun, do Rakow Czestochowa. O Rakow é o atual campeão polonês e Papszun é o responsável pelo primeiro título da história do clube, a Copa da Polônia, em 2020/21. Conquistaria novamente a taça no ano seguinte, antes de conquistar a liga polonesa na temporada passada, 2022/23. Nesta temporada, foi até a fase de playoffs da Champions, mas acabou eliminado pelo Copenhague. Vai jogar a fase de grupos da Liga Europa.
Um dos grandes desafios do próximo técnico será olhar mais para a liga nacional e também lidar com a má fase de Robert Lewandowski, ídolo e capitão polonês, na seleção do país. O jogador não conseguiu entregar um bom desempenho. Alguns dizem até que ele poderia ficar no banco em alguns jogos. Será uma questão complexa, mas de qualquer forma, se espera que o time jogue melhor e aproveite melhor seus jogadores, especialmente para fazer uma renovação. Fernando Santos não estreou nenhum jogador na seleção nesses seis jogos, o que foi visto como falta de olhar para novos jogadores.
A Polônia volta a campo no dia 12 de outubro, quando enfrenta as Ilhas Faroe, antes de um duelo crucial contra a Moldávia, em casa, três dias depois.