Guia da Euro 2020: Escócia
De volta às grandes competições pela primeira vez desde 1998, a Escócia não tem tantas expectativas, mas vai jogar em Glasgow e terá um clássico britânico contra os ingleses que vai muito além dos gramados

Este texto faz parte do Guia da Euro 2020.
Como foi o ciclo desde a Copa de 2018
Foi muito bom: conseguiu classificação para um grande torneio pela primeira vez desde a Copa do Mundo de 1998. Garantiu a vaga na repescagem como campeã do seu grupo na terceira divisão da Liga das Nações. O caminho não foi fácil. Exigiu duas disputas em pênaltis e que eliminasse a favorita Sérvia. Seguiu em uma boa toada na segunda edição da Liga das Nações. Poderia ter subido à primeira divisão se tivesse vencido Eslováquia ou Israel nas últimas rodadas. Está em um grupo acessível para tentar participar também da Copa do Mundo, ao lado de Dinamarca, Israel e Áustria. Atualmente ocupa a segunda posição. Steve Clarke assumiu no lugar de Alex McLeish, que começou mal a Eliminatória da Euro e ficou pouco mais de um ano no cargo, e tem conseguido fazer a Escócia jogar um futebol competitivo, embora nem sempre atraente.
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Como joga
Sabe aquele dançarino que tem dois pés esquerdos? A Escócia é a versão futebolística: seus dois principais jogadores são laterais esquerdos. A solução de Steve Clarke para encaixá-los no mesmo time foi uma formação com três zagueiros que permite que Kieran Tierney seja um deles e que Andrew Robertson tenha liberdade para atacar. O resto da defesa tem sido formado por Grant Hanley, do Norwich, e Jack Hendry, do Oostende. Liam Cooper, do Leeds, é outra opção, e às vezes Scott McTominay é improvisado naquele setor. Robertson é obviamente o ala esquerdo. Stephen O’Donnell é o ala direito mais natural, mas Ryan Fraser já foi usado na posição para dar mais força ofensiva à Escócia.
O meio-campo pode adquirir várias formas. McTominay e Callum McGregor costumam jogar. John McGinn é mais um nome bastante comum, mas o posicionamento depende da formação preferida de Clarke: mais como meia central ou como meia-atacante. Uma opção ofensiva é com Stuart Armstrong e Ryan Christie junto com um centroavante e apenas dois desses três no meio-campo. Há um nível de qualidade bem homogêneo no setor que permite a Clarke brincar com as peças dependendo do adversário.
O ataque ganhou um reforço. Embora tenha defendido a Inglaterra nas categorias de base, Che Adams decidiu aceitar a convocação da Escócia para os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo. Entra no lugar de Lyndon Dykes, que vinha sendo o camisa 9, e tende a entregar mais gols. Já fez dois em quatro jogos – o mesmo que Dykes em 12.
O craque
Andrew Robertson

A melhor maneira de explicar Andrew Robertson é lembrar que o Liverpool contratou um lateral esquerdo reserva para lhe dar um pouco de descanso nesta temporada e ele ainda disputou todas as 38 rodadas da Premier League, sempre como titular, e não completou os 90 minutos em apenas duas delas. Do rebaixado Hull City a uma das peças mais importantes do campeão europeu, Robertson simplesmente não cansa. Se Trent Alexander-Arnold brilha no apoio, ele consegue equilibrar melhor as funções ofensivas e defensivas, misturando essa energia inesgotável com um bom pé esquerdo para cruzamentos. Na seleção escocesa com três zagueiros, o capitão ganha mais liberdade para atacar.
O bom coadjuvante
Scott McTominay

Foi uma temporada importante de afirmação para McTominay. Apesar da contratação de Van de Beek, ainda foi o segundo meia central com mais minutos, atrás de Fred. Foi mais usado que Paul Pogba, fora de algumas partidas por lesão, e Nemanja Matic. Titular em 24 rodadas, praticamente dois terços da Premier League. Teve um jogo maravilhoso contra o Leeds e marcou o gol da classificação contra o West Ham nas oitavas de final da Copa da Inglaterra na prorrogação. Cheio de moral para tentar uma boa Eurocopa pela seleção escocesa, na qual varia entre terceiro zagueiro e meia – e pela qual ainda não marcou.
A promessa
Billy Gilmour

Sorte que Steve Clarke tem paciência com quem está começando. Billy Gilmour ainda alterna entre os times de baixo do Chelsea e o principal, mas impressionou nas 22 vezes em que atuou entre os profissionais. Aos 19 anos, e com tão pouca experiência, é naturalmente uma aposta do treinador da Escócia, que o convocou pela primeira vez justamente para a disputa da Eurocopa. Recebeu seus primeiros minutos nos amistosos contra Holanda e Luxemburgo – do qual foi substituído por lesão, mas deve ter condições de jogar normalmente a competição.
O veterano
Craig Gordon

Goleiro com bons reflexos, Gordon está na seleção escocesa desde 2004. Um período tão grande que seus 57 jogos, embora o tornem o mais experiente deste elenco, até parecem pouco. Quando seu contrato com o Celtic acabou, decidiu retornar ao Heart of Midlothian, no qual foi formado, para se manter em atividade porque queria voltar à seleção, que tinha chances de se classificar a uma grande competição. David Marshall foi o titular contra a Sérvia, na final da repescagem, mas ele conseguiu integrar o elenco. Steve Clarke afirmou que ainda não decidiu quem será o seu titular na Eurocopa. Prometeu que manterá a “mente aberta”.
Técnico
Steve Clarke

Clarke ganhou muita experiência como assistente de nomes do calibre de Ruud Gullitt, antigo companheiro de Chelsea, José Mourinho e Kenny Dalglish. A primeira temporada como treinador mesmo terminou com um ótimo oitavo lugar na Premier League no comando do West Brom. Depois levou o Reading à semifinal da Copa da Inglaterra. Após a demissão, deu um passo atrás ao aceitar ser assistente de Roberto di Matteo no Aston Villa. A nova parceria não durou mais do que alguns meses. Um ano sabático depois, começou a trabalhar no futebol escocês. Tirou o Kilmarnock da parte de baixo da tabela e o levo ao quinto lugar. Na temporada seguinte, foi terceiro. Eleito duas vezes o melhor treinador do país, foi chamado para substituir Alex McLeish em 2019.
Retrospecto na Eurocopa
Participará pela terceira vez. Nas outras duas, parou na fase de grupos.
Participações em Eurocopas: três (1992, 1996)
Melhor campanha: Fase de grupos (1992, 1996)
Elenco