Eliminatórias da Eurocopa

Moldávia e Cazaquistão dependem dos seus próprios resultados para fazer história

As ex-repúblicas soviéticas precisam vencer confrontos difíceis fora de casa para se classificar pela primeira vez a uma grande competição

A Eurocopa foi ampliada para 24 participantes desde a edição de 2016, e é natural que, com mais vagas à disposição, coisas inéditas comecem a acontecer. Duas ex-repúblicas soviéticas, por exemplo, chegaram à última rodada das eliminatórias com a chance de se classificar pela primeira vez a uma grande competição, dependendo apenas dos seus próprios resultados. Não que será fácil para Moldávia ou Cazaquistão, ambos com compromissos fora de casa na próxima segunda-feira e precisando vencer.

A Eurocopa da Alemanha ainda não tem uma estreante garantida. A mais próxima é a Albânia, treinada pelo brasileiro Sylvinho, que se classificou pela segunda vez, após participar de 2016. Além dos albaneses, aquela edição realizada na França promoveu as estreias de Islândia, Irlanda do Norte, Gales e Eslováquia. Quatro anos depois, foi a vez de Finlândia e Macedônia do Norte. Algo parecido deve acontecer com a próxima Copa do Mundo, ampliada para 48 times.

O que a Moldávia precisa fazer para se classificar?

O futebol moldávio teve um momento relevante recentemente. Passou por pesos pesados (ou, pelo menos, mais pesados) como Estrela Vermelha e Dínamo Zagreb nas preliminares, antes de derrotar o Real Madrid no Santiago Bernabéu. Chegou a ameaçar uma classificação no grupo que também tinha a Internazionale, após vencer as duas primeiras rodadas, mas perdeu fôlego e caiu para a Liga Europa, na qual foi eliminada pelo Braga.

O Sheriff ou o futebol local não têm tanta influência na campanha. Apenas seis jogadores da liga local foram convocados para a Data Fifa de novembro, quatro deles do Petrocub Hincesti, quarto colocado da primeira divisão. Há um contingente idêntico da Romênia e não há jogadores das cinco grandes ligas europeias – o atacante Virgiliu Postolachi defende o Grenoble, da Segundona francesa. O clube mais proeminente no elenco é provavelmente o Heerenveen, da Holanda, com o centroavante Ion Nicolaescu.

Ex-jogador da seleção moldávia, o técnico Serghei Clescenco está no comando desde 2021 e conduz uma campanha mais sólida do que excepcional. A Moldávia ainda tem apenas duas vitórias, menos do que em três tentativas anteriores de se classificar. Uma delas foi contra a Polônia e compensou o imperdoável empate em casa com Ilhas Faroe na primeira rodada. Mas é difícil de ser batida e foi derrotada apenas pela Albânia, em Tirana.

O grupo não é dos mais difíceis e, somando pontos a conta-gotas, chegou à última partida viva. Ainda não é provável que consiga a classificação porque precisará derrotar a República Tcheca, tecnicamente uma seleção bem mais qualificada, fora de casa. Mas tem uma chance e, se não for bem sucedida, amaldiçoará para sempre aquele empate com Ilhas Faroe.

Como está a situação do Grupo E?

  • Albânia: 14 pontos
  • República Tcheca: 12 pontos
  • Polônia: 11 pontos (campanha encerrada)
  • Moldávia: 10 pontos
  • Ilhas Faroe: 1 ponto

O que o Cazaquistão precisa fazer para se classificar?

Ao contrário da Moldávia, a espinha dorsal do Cazaquistão é doméstica. Quase todo mundo joga no país, com destaque para o Astana e para o Ordabasy, que conquistou seu primeiro título do Campeonato Cazaque em 2023. Três atuam na Rússia, com um representante da Sérvia e outro da Eslovênia. O técnico é o russo Magomed Adiyev, que assumiu em 2022.

O Cazaquistão não é um daqueles sacos de pancada, mas consegue passar longos períodos sem ganhar um jogo de futebol. Os sinais, porém, são bons desde a última Liga das Nações. Liderou e conseguiu a promoção em seu grupo da terceira divisão, à frente de Azerbaijão, Eslováquia e Belarus. A campanha gerente que estará pelo menos na repescagem.

Abriu as Eliminatórias para a Eurocopa 2024 perdendo em casa para a Eslovênia, o que não chamou tanto a atenção quanto o que aconteceu na rodada seguinte, quando bateu a bem mais poderosa Dinamarca por 3 a 2 em Astana. É até difícil apontar o que mais poderia ter feito para chegar em melhor situação porque ganhou as duas de San Marino e da Irlanda do Norte, uma seleção fraca, mas que sabe se defender, e até foi buscar a vitória como visitante contra a Finlândia após perder em casa. A Dinamarca se vingou em Copenhague e deixou o Cazaquistão com seis vitórias e três derrotas.

A Eslovênia não tem uma campanha mais impressionante. Também somou 12 pontos contra Irlanda do Norte e San Marino e trocou vitórias com a Finlândia, mas fez apenas um ponto nas duas partidas contra os dinamarqueses. A diferença é mesmo o confronto direto da primeira rodada. E se a Eslovênia venceu no Cazaquistão, não parece impossível que o inverso aconteça na próxima segunda-feira.

Como está a situação do Grupo F?

  • Dinamarca: 22 pontos
  • Eslovênia: 19 pontos
  • Cazaquistão: 18 pontos
  • Finlândia: 15 pontos
  • Irlanda do Norte: 6 pontos
  • San Marino: 0 pontos
Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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