Eurocopa 2024

Com as voltas de Thomas Müller e Hummels, a Alemanha apresenta a lista de convocados para a Eurocopa

Num movimento já admitido anteriormente, Löw chamou de volta os dois tetracampeões para reforçar o elenco rumo à Euro 2020

A Alemanha chega à Eurocopa sob certas desconfianças, na despedida de Joachim Löw e com derrotas marcantes tanto na Liga das Nações quanto nas Eliminatórias da Copa. Mas, como ensaiado há algum tempo, o torneio marcará mesmo o retorno dos medalhões aposentados compulsoriamente pelo treinador. Thomas Müller e Mats Hummels aceitaram o chamado novamente, pintando como as principais novidades na lista de 26 jogadores para o torneio continental. Ainda é uma equipe bastante jovem e que não chega com favoritismo de tempos recentes da Mannschaft, mas que possui talento para fazer uma boa campanha.

Thomas Müller e Hummels se juntam à “velha guarda” da Alemanha. São quatro os tetracampeões do mundo que resistem no elenco e que servem de lideranças. Enquanto o zagueiro pode ser importante num sistema defensivo que teve dificuldades para lidar com a renovação, Müller é conhecido por sua influência no grupo e seu melhor futebol reapareceu no Bayern desde a chegada de Hansi Flick. São acréscimos valorosos. Manuel Neuer, outro dos veteranos, será ainda mais importante sem a sombra de Marc-André ter Stegen. Já Toni Kroos chega um pouco mais questionado, até pela fase superior de colegas no seu setor. Mas, com seu moral com Löw e pela própria importância no Real Madrid, não tende a ser barrado.

O trio de goleiros não traz grandes novidades, pensando que Ter Stegen virou desfalque por lesão. Assim, Neuer terá Kevin Trapp e Bernd Leno como reservas, dois nomes chamados com frequência por Löw. Não devem fazer frente ao capitão, que voltou ao seu ápice desde a temporada passada. Já no miolo de zaga, as certezas não são tantas e, por isso, Hummels volta. Matthias Ginter e Antonio Rüdiger são outros jogadores mais rodados no setor, mas não reproduzem na seleção o que se vê nos clubes nestes últimos meses, com ambos em alta depois de momentos irregulares. As opções entre os zagueiros são completadas por Niklas Süle e Robin Koch, dois atletas que tiveram a temporada atrapalhadas pelas contusões. Nada de Jérôme Boateng, outro veterano que poderia ser chamado por Löw.

Nas laterais, Lukas Klostermann e Marcel Halstenberg são alternativas que também podem atuar como zagueiros pelo lado num sistema com três homens, algo que já fazem no RB Leipzig. Também há Emre Can por ali, que vive uma temporada de erros no Dortmund, mas serve de coringa e por vezes aparece até na ala. No setor, Robin Gosens caiu nas graças pelo bom momento na Atalanta e vai para a Euro. Já uma das novidades é Christian Günter, jogador de boas temporadas no Freiburg e que vira alternativa diante da carência pela esquerda, mesmo com apenas uma aparição pelo Nationalelf.

Toni Kroos é o nome mais conhecido na cabeça de área, mas Joachim Löw tem outros jogadores que atravessam fases melhores. A começar com Ilkay Gündogan, um dos principais responsáveis pelo sucesso do Manchester City e que, hoje, deveria ser titular inquestionável na Mannschaft. Também pode aparecer por ali Joshua Kimmich e Leon Goretzka, talvez os mais capazes de conduzir a nova geração da seleção, e que estiveram entre os protagonistas do Bayern na temporada, entendendo-se muito bem como motores da equipe. E quem deve absorver um pouco mais nessa faixa central é Florian Neuhaus, uma das melhores revelações recentes da Bundesliga, já ganhando cancha na seleção diante da importância no Borussia Mönchengladbach.

Mais à frente, Thomas Müller reaparece depois de três anos como uma liderança e uma referência, dando um toque a mais na criação. Aliás, o ídolo do Bayern não é o único que retorna. Kevin Volland não vinha sendo convocado desde antes, com sua última aparição na equipe em 2016. O ótimo momento com o Monaco credencia o atacante, que oferece dinamismo e características diferentes, num momento em que se questiona mesmo a falta de jogadores mais capazes de atuarem dentro da área. Timo Werner também é uma opção mais central, apesar de seu momento instável no Chelsea, assim como Kai Havertz, que gera muitas expectativas mesmo sem emplacar de imediato em Stamford Bridge.

Löw, aliás, conta com diferentes opções para jogar nos lados do campo ou mais centralizados. Jamal Musiala é o mais jovem da turma e ganhou confiança depois de pintar na última Data Fifa. Serge Gnabry continua por ali apesar da queda de rendimento com o Bayern, assim como Leroy Sané, que não se encontrou na Baviera em seu primeiro ano. Por fim, outra surpresa relativamente recente é Jonas Hofmann, que até foi convocado em 2020, surfando em suas ótimas aparições pelo Borussia Mönchengladbach.

Marco Reus seria uma alternativa ao ataque, mas explicou na véspera que pediu para se ausentar da Eurocopa. Dado seu histórico de lesões, preferiu não forçar e se dedicar apenas à preparação para a próxima temporada do Borussia Dortmund. Do BVB, aliás, outros dois que se ausentam são Mahmoud Dahoud e Julian Brandt. O primeiro vinha bem neste fim de temporada, mas acabou preterido pela concorrência na cabeça de área, enquanto o segundo paga pela perda de espaço nos aurinegros. Outro que verá a Euro pela TV é Julian Draxler, mesmo ganhando espaço na campanha do Paris Saint-Germain na Champions.

A Alemanha tentará preparar seu time com amistosos diante de Dinamarca e Letônia – dois adversários não muito auspiciosos, considerando traumas anteriores na Euro. E o Grupo F exigirá bastante desde cedo, com os confrontos diante de França, Portugal e Hungria. Ao menos, com o regulamento de 24 seleções, os três primeiros colocados podem passar. Mas já será um momento de pressão ao Nationalelf, que precisará se refazer dos baques recentes e ganhar mais competitividade. Neste sentido, até pela mentalidade, as inclusões de Hummels e Müller tem seu peso.

Goleiros: Bernd Leno (Arsenal), Manuel Neuer (Bayern), Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt)

Defensores: Matthias Ginter (Borussia Mönchengladbach), Robin Gosens (Atalanta), Christian Günter (Freiburg), Marcel Halstenberg (RB Leipzig), Mats Hummels (Borussia Dortmund), Lukas Klostermann (RB Leipzig), Robin Koch (Leeds United) , Antonio Rüdiger (Chelsea), Niklas Süle (Bayern), Emre Can (Borussia Dortmund)

Meio-campistas / atacantes: Serge Gnabry (Bayern), Leon Goretzka (Bayern), Ilkay Gündogan (Manchester City), Kai Havertz (Chelsea), Jonas Hofmann (Borussia Mönchengladbach), Joshua Kimmich (Bayern), Toni Kroos (Real Madrid), Thomas Müller (Bayern), Jamal Musiala (Bayern), Florian Neuhaus (Borussia Mönchengladbach), Leroy Sané (Bayern), Kevin Volland (Monaco), Timo Werner (Chelsea)

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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