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Espanha esquece amistosos caça-níqueis e prioriza grandes da Europa

Após as conquistas das Eurocopas de 2008 e 2012 e da Copa do Mundo de 2010, a seleção espanhola passou a capitalizar bastante com o sucesso que tinha alcançado. Aproveitaram o patamar que haviam atingido de maior seleção do planeta e passaram a jogar onde quer que se pagasse mais, assim como acontece com o Brasil há uns bons anos. No entanto, a queda no Mundial deste ano fez a RFEF (Real Federación Española de Fútbol) repensar sua estratégia, e a partir de novembro deste ano, em parceria com outros cinco grandes países no futebol, combinou uma série de amistosos interessantes para o público, mas também valiosos do ponto de vista competitivo.

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Segundo o El País, representantes das seleções espanhola, inglesa, italiana, francesa, alemã e holandesa se encontraram em Nice, na França, onde fecharam um acordo para uma espécie de “torneio” de amistosos entre si. Todos se enfrentarão a partir de novembro deste ano, em jogos de ida e volta, e essa parceria é, em geral, benéfica para todos, mas sobretudo no caso da Roja representa uma guinada que pode servir de exemplo.

No final do ano passado, a seleção espanhola, a poucos meses do início de sua defesa do título mundial no Brasil, havia ido até a Guiné Equatorial enfrentar a seleção local. O jogo recebeu uma enxurrada de críticas da imprensa na Espanha, que foi completamente contra esses amistosos “caça-níqueis” (especialmente envolvendo um país ditatorial), que nada acrescentam de competitividade e muito menos servem como teste para a preparação para um torneio relevante.

É verdade que a decisão não partiu estritamente de um planejamento da Federação Espanhola. As próprias circunstâncias os forçaram a repensar o caminho. A eliminação precoce e com uma goleada na Copa do Mundo diminuíram significativamente o atrativo comercial de que a Roja gozava nos últimos anos. Ainda assim, é elogiável os novos rumos a curto prazo. De tudo que poderiam fazer a partir de agora, escolheram a melhor alternativa para se preparar para retornar ao topo.

O acordo agrada não apenas quem acompanha futebol de longe e quer ver jogos disputados e com algum atrativo. Os próprios clubes dos países envolvidos agradecem, já que, com a utilização das datas para a promoção de amistosos entre países próximos, o fator cansaço terá menor influência sobre os jogadores. No caso da Espanha, em especial, melhor ainda: todos os amistosos até 2018 serão disputados na Europa, então é uma espécie de basta às viagens extenuantes pelas quais passavam seus atletas em visitas a outros continentes.

Apesar de parecer uma jogada quase que completamente esportiva, sem pensar muito no lado comercial, é claro que não poderia deixar de haver a motivação financeira. Essas seleções temem que o grande número de jogos contra times sem tanta relevância afetem os valores nas suas negociações de direitos de transmissão dessas partidas. Portanto, é preciso oferecer um produto de qualidade para se cobrar um bom dinheiro. Podemos ver isso até como a principal motivação, na verdade, dessas federações, mas é bom focar também no lado positivo da estratégia. Quem sabe ela não vire exemplo para a Seleção Brasileira, que fez de Inglaterra e Estados Unidos sua casa, enfrenta mais adversários fracos que fortes e sempre tem algum jogo marcado com uma equipe que sequer está no top 100 do ranking da Fifa.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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