Em sua 55ª participação na elite, o Aris Limassol conquista o inédito título do Campeonato Cipriota
O Aris Limassol é um dos clubes mais tradicionais do Chipre, mas ascendeu nos últimos anos graças à chegada de um investidor russo que trouxe até Kokorin

A temporada europeia brindou campeões inéditos em diferentes países nas últimas semanas. Neste domingo, o Campeonato Cipriota coroou também um novo vencedor. Neste caso, porém, o feito do Aris Limassol faz jus à tradição do clube. Os alviverdes são o sétimo time com mais aparições na primeira divisão local, 55 no total, mas nunca tinham ficado com a taça. O feito premia o clube que já vinha dando sinais de crescimento, a partir de um investidor russo. Após conquistar o acesso em 2021, o Aris pintou pela primeira vez nas copas europeias em 2022. Agora, dá um passo além.
Surgido em 1930, o Aris Limassol é um dos clubes fundadores da Associação de Futebol do Chipre e também do Campeonato Cipriota. Os alviverdes chegaram a paralisar suas atividades na década de 1940, mas voltaram a bater cartão na primeira divisão a partir da retomada do departamento de futebol nos anos 1950. Apesar da presença constante na primeira prateleira, o Aris nunca tinha ficado entre os dois primeiros da liga nacional. Seu maior orgulho era um vice na Copa do Chipre em 1988/89, pouco antes de Oleg Blokhin pintar no clube como um negócio bombástico para o fim de sua carreira.
O mais comum para o Aris, de qualquer maneira, era variar entre a primeira e a segunda divisão. O sobe e desce continuou na virada do século e se repetiu também nos últimos anos. Os alviverdes passaram três temporadas na segundona até o acesso mais recente, em 2020/21. A partir de então, um ponto de virada aconteceu em Limassol com a chegada de Vladimir Fedorov, empresário russo que se tornou proprietário do clube. Nas últimas duas temporadas, o investimento se traduziu em uma série de reforços tarimbados em ligas maiores da Europa.
A volta do Aris Limassol já causou impacto com a quarta colocação no Campeonato Cipriota de 2021/22. Graças a isso, a equipe conseguiu a classificação inédita para as copas europeias. Entrou nas preliminares da Conference League e até ganhou em casa do Neftchi Baku por 2 a 0, mas a derrota por 3 a 0 no Azerbaijão custou a eliminação. A volta por cima seria no próprio Campeonato Cipriota, com a conquista em 2022/23 – numa temporada em que vários times do país fizeram bons papéis internacionais, com AEK e Omonia na fase de grupos da Liga Europa, além do Apollon na Conference.
O Aris nem chamou tanta atenção na temporada regular do Campeonato Cipriota. A equipe terminou na terceira colocação, seis pontos atrás do líder Apoel Nicósia. Foram somente três rodadas na liderança, ainda no início da campanha. O que valeu o título aos alviverdes foi a força demonstrada nos confrontos diretos durante o hexagonal decisivo. O Aris está invicto na fase final, com seis vitórias e três empates. Com a queda de produção da concorrência, os alviverdes fincaram o pé no topo da tabela. A confirmação do título veio com uma rodada de antecedência, com o triunfo por 1 a 0 sobre o Omonia Nicósia. Neste momento, o Apoel aparece seis pontos atrás na segunda colocação. O AEK Larnaca, que também estava à frente ao fim da temporada regular, surge com 11 pontos a menos, em terceiro. É uma imposição inquestionável do Deus da Guerra.
O técnico do Aris Limassol é um nome que merece atenção: o belarusso Aleksey Shpilevski. Mesmo com apenas 35 anos, ele possui um currículo interessante. Chegou a trabalhar por três anos nas categorias de base do Stuttgart e outros cinco anos na base do RB Leipzig. Entre 2018 e 2021, Shpilevski dirigiu o Kairat Almaty e levou o título cazaque em 2020, que encerrou um jejum de 16 anos do clube e uma sequência de seis taças do Astana. Mais recentemente, ele dirigiu o Erzgebirge Aue e não teve vida longa na segundona alemã. Sua chegada ao Aris aconteceu em fevereiro de 2022, logo emplacando.
O elenco do Aris reúne vários jogadores reconhecidos internacionalmente. O artilheiro do time é Aleksandr Kokorin. O ex-centroavante da seleção russa chegou de empréstimo da Fiorentina e correspondeu, com 13 gols na campanha da liga nacional. Outra figura importante com rodagem internacional é o lateral Steeve Yago, nome frequente de Burkina Faso na Copa Africana de Nações. Também vale menção ao ponta Leo Bengtsson, que recentemente tinha participado do título inédito do Häcken no Campeonato Sueco. Há uma mistura curiosa entre jogadores africanos e da Europa oriental, com um sistema de recrutamento que busca jovens talentos nas duas regiões. E existe uma pitada brasileira no plantel.
Um dos heróis da conquista é o goleiro Vaná, antigo ídolo do ABC. O camisa 1 passou a virada da década em Portugal, onde foi titular de Feirense e Famalicão, além de reserva do Porto. O arqueiro chegou ao Aris Limassol ainda na temporada passada e tomou conta da posição. Na atual campanha, não sofreu gols em 18 dos 33 jogos que participou, com apenas quatro tentos sofridos nas nove rodadas do hexagonal decisivo. Na defesa, quem aparece é o lateral Caju, revelado pelo Santos. Trazido do Braga, tinha atuado antes no Apoel. Revezou-se entre titulares e reservas no atual Aris.
Não é de se duvidar que a presença na Champions League aumente a quantidade de medalhões no Aris Limassol. O futebol cipriota já tem o costume de importar muitos jogadores, e o investimento nos alviverdes amplia as possibilidades. A equipe entrará na primeira fase preliminar da Champions. É um time para se observar nas preliminares das competições europeias, pela forma como os cipriotas conseguem se dar bem além das fronteiras e também pela ascensão que se desenha.