Em posicionamento notável, Fenerbahçe lamenta saída da Turquia de convenção contra violência de gênero
Um dos principais clubes da Turquia, o Fenerbahçe publicou na segunda-feira (22) um comunicado em protesto contra a decisão do país de deixar a Convenção de Istambul, que compromete os países signatários a combater a violência de gênero na vida doméstica, assim como outros abusos como o estupro conjugal e a mutilação genital feminina.
“Ouvimos com lamentação a notícia da decisão de encerrar a Convenção de Istambul, que apoiava a campanha HeForShe lançada pela ONU Mulheres para garantir a igualdade entre homens e mulheres, conduzia diversas atividades para se certificar de que mulheres e meninas participassem da sociedade e do esporte livremente e sob condições igualitárias”, escreveu o clube.
“Nós, do Fenerbahçe Spor Kulübü, gostaríamos de enfatizar que estamos preocupados com as consequências sociais da abolição do contrato. Acreditamos que deveríamos respeitar a Convenção de Istambul, um passo importante na prevenção de todo tipo de discriminação e violência contra as mulheres, pelo benefício comum de nossa sociedade, e pedimos que a decisão de encerramento seja apropriadamente reconsiderada.”
Na última sexta-feira (19), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, retirou o país da Convenção de Istambul, tratado que obriga governos a adotar legislação para reprimir a violência de gênero. No sábado (20), milhares de pessoas foram às ruas do país para pedir que o presidente recuasse em sua decisão.
Conforme publicado pela CNN, não está claro por que Erdogan retirou a Turquia da convenção. A decisão, no entanto, acontece meses após o início de um lobby por parte de grupos religiosos e conservadores contra o acordo, acusando-o de “degradar os valores da família” e de advogar pela comunidade LGBTQ. A Convenção de Istambul inclui em um de seus artigos uma menção ao combate contra a discriminação baseada em orientação sexual e identidade de gênero.
A Convenção de Istambul leva este nome por ter sido acordado e assinado na capital turca, em maio de 2011, por iniciativa do Conselho da Europa, organização que data de 1949 e tem como um de seus propósitos a defesa dos direitos humanos. À época, a Turquia foi o primeiro país a assinar o tratado. Desde então, outros 44 estados, além da União Europeia, se tornaram signatários da convenção.