Chelsea foi multado em €10 milhões pela Uefa, no que soou como acordo de camaradas
Todd Boehly informou a Uefa sobre irregularidades nos tempos de Abramovich e a entidade aplicou multa sobre o clube
O Chelsea pagará uma multa de €10 milhões à Uefa por irregularidades em seus relatórios financeiros. Segundo o órgão regulador da entidade continental, os Blues não tinham enviado dados completos sobre sua situação financeira, ainda nos tempos de Roman Abramovich. A atual gestão, liderada por Todd Boehly, entrou em acordo com a entidade e pagará a sanção – que não terá desdobramentos desportivos.
Foi a própria gestão atual do Chelsea que, segundo a Uefa, entrou em contato com a entidade para comunicar o problema. Boehly chegou ao comando do clube no último mês de maio, diante da saída de Abramovich. Conforme a confederação continental, a direção dos Blues abordou “proativamente” o órgão regulador depois de detectar que os relatórios financeiros do clube foram enviados apenas parcialmente. O problema ocorreu de 2012 a 2019, violando o Fair Play Financeiro.
Há algumas pontas soltas nessa história. A Uefa não deixou claro qual o tamanho da fraude cometida pelo Chelsea. Como o episódio aconteceu há pelo menos quatro anos, a entidade não aplica uma punição das mais severas, mas também não indica o tamanho do benefício aos londrinos. Além disso, o próprio Chelsea se aproveita da história. Todd Boehly faz o jogo político com a entidade continental, enquanto joga a culpa no colo de seu antecessor na administração. Ganha pontos na estrutura de poder do futebol europeu.
O que a Uefa e o Chelsea disseram
Em comunicado oficial, a Uefa deixou claro como entrou em acordo com o Chelsea para a resolução do caso. A entidade enfatizou como o valor tem relação com o prazo prescrito de aplicação das multas:
— Com relação ao Chelsea, a primeira câmara do Órgão de Controle Financeiro dos Clubes concluiu que o clube violou os regulamentos de Licenciamento de Clubes e Fair Play Financeiro, como resultado do envio de informações financeiras incompletas. Após a venda do clube em maio de 2022, os novos proprietários identificaram e relataram proativamente à Uefa casos de relatórios financeiros potencialmente incompletos sob a gestão anterior. Os assuntos relatados referem-se a transações ocorridas entre 2012 e 2019. — declarou a Uefa
— Em sua avaliação, incluindo o prazo de prescrição, o Órgão de Controle Financeiro dos Clubes celebrou um acordo de resolução com o Chelsea, que concordou em pagar uma contribuição de €10 milhões para resolver integralmente os assuntos reportados. — complementou a entidade.
Já o Chelsea publicou uma nota em que fez de questão de ressaltar a “boa vizinhança” com a Uefa e a maneira como a atual gestão respeitará a entidade.
— De acordo com os princípios fundamentais do grupo proprietário do clube, em total conformidade e transparência com seus reguladores, somos gratos que esse caso foi concluído pela divulgação proativa de informações à Uefa e pelo acordo que resolve totalmente os assuntos relatados. Queremos deixar registrada nossa gratidão à Uefa por sua consideração sobre este assunto. O Chelsea valoriza muito seu relacionamento com a Uefa e espera desenvolver essa relação nos próximos anos. — afirma o clube.
Sanção não se aplica ao mercado
O mais importante para o Chelsea é que a punição aplicada pela Uefa não se reflete no mercado de transferências. Diante das cifras investidas pelo clube até o momento, desde a chegada de Todd Boehly, €10 milhões não soam exatamente como um problema. Os Blues gastaram €611 milhões em novas contratações na temporada passada, com um investimento de mais €112 milhões na atual janela de transferências.
Christopher Nkunku (RB Leipzig), Ângelo (Santos), Nicolas Jackson (Villarreal) e Diego Moreira (Benfica B) são as novidades do Chelsea para a próxima temporada. O atual mercado, ao menos, garante um fluxo alto de vendas para os londrinos. A equipe ganhou €253,9 milhões com as vendas de jogadores, bem como aliviou a folha de pagamentos mesmo com atletas que saíram sem custos. Foram 14 futebolistas que deixaram Stamford Bridge até o momento, oito deles rendendo algum valor de transferência.
Os jogadores que deixaram o Chelsea até o momento
- Kai Havertz > Arsenal, por €75 milhões
- Mason Mount > Manchester United, por €64,2 milhões
- Mateo Kovacic > Manchester City, por €29,1 milhões
- Kalidou Koulibaly > Al-Hilal, por €23 milhões
- Christian Pulisic > Milan, por €20 milhões
- Édouard Mendy > Al-Ahli, por €18,5 milhões
- Ruben Loftus-Cheek > Milan, por €16 milhões
- Ethan Ampadu > Leeds United, €8,1 milhões
- Abdul Rahman Baba > PAOK, sem custos
- César Azpilicueta > Atlético de Madrid, sem custos
- Pierre-Emerick Aubameyang > Olympique de Marseille, sem custos
- N'Golo Kanté > Al-Ittihad, sem custos
- David Datro Fofana > Union Berlim, empréstimo
- Tiemoué Bakayoko > sem clube ao final do contrato
Juventus também foi punida
Outra punição anunciada nesta sexta-feira pela Uefa foi aplicada sobre a Juventus. A Velha Senhora ficará suspensa das competições europeias por uma temporada e, com isso, se ausentará da próxima Conference League mesmo com a vaga conquistada via Serie A. Além disso, o clube recebeu uma multa de €20 milhões, mas €10 milhões serão cobrados apenas em caso de reincidência.
O caso que fez a Juventus ser punida pela Uefa é o mesmo que custou dez pontos ao clube na última Serie A, com irregularidades na declaração de valores de transferências. Os bianconeri inflaram os valores de vendas de atletas para cobrir os prejuízos nos balanços financeiros. Segundo a confederação continental, a Juve “violou regulamento da Uefa e violou o acordo assinado em agosto de 2022”, o que levou à sua punição. A entidade abriu uma investigação formal em dezembro sobre as alegadas fraudes financeiras.