Champions League

Messi teve um dia de mortal no Barcelona e errou (quase) tudo que tentou

Os jornais catalães falavam muito sobre Lionel Messi durante toda a semana. Desde a derrota por 3 a 0 em Turim, se falava sobre a gana do camisa 10 em virar. Sobre como o ídolo blaugrana estava incomodado. Como queria a Champions League. O Sport chegava a falar em um jogador inquieto, um dos mais acreditava na virada no vestiário do Barcelona. Se falava da necessidade de ver uma noite “daquelas” de Messi. Tudo isso ficou no sonho. O que se viu de Messi em campo lembrava muito mais as atuações do atacante pela seleção argentina. Frustrante. Insuficiente.

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É verdade que Messi tentou. Dos 19 chutes a gol do Barcelona, Messi foi responsável por sete. Foi quem mais chutou a gol na partida. Só um deles acertou o alvo. Buffon defendeu. Foi no primeiro tempo. O argentino não conseguia espaço e precisou vir para trás para buscar o jogo, tentar dar alguma criatividade, resolver individualmente. Foi o quarto jogador que mais tocou na bola (83), depois de Neymar (120), Piqué (89) e Jordi Alba (87). O jogo de Messi não fluía. Nem o jogo do Barcelona.

A chance mais clara que o Barcelona teve no primeiro tempo foi com Messi. Em uma bola dentro da área, sobrou para a perna esquerda do argentino. Ele chutou de peito de pé. Para fora. Em uma situação comum, a bola vai para o gol. Mais: marcaria o gol. Desta vez não. Foi para fora. Seria uma constante no jogo. Chutes mal dados, para fora, erros até de passes ou cruzamentos. Erros, erros e mais erros. Acostumamo-nos a ver Messi acertando acima da média. Seu patamar é muito alto. A barra está alta. Em um time coletivamente tão pobre como tem sido o Barcelona desta temporada, o que se esperava era que ele, assim como Neymar fez nas oitavas de final, salvasse o time, o esquema tático mambembe, tudo isso. Nem ele, nem ninguém conseguiu.

No segundo tempo, participando mais ainda do jogo, Messi não conseguiu tirar nenhum coelho da cartola. Nenhum dos seus chutes teve direção, nenhum dos seus passes encontrou um companheiro desmarcado, nenhuma das suas movimentações confundiram a defesa. Messi se esforçou, buscou o jogo, mas parecia sentir o peso de ser mortal. Assim como a imensa maioria dos jogadores, não conseguia resolver sozinho.

Messi lamenta no Barcelona (Photo by Shaun Botterill/Getty Images)
Messi lamenta no Barcelona (Photo by Shaun Botterill/Getty Images)

Deve ser uma sensação estranha para alguém coo Messi sentir que não consegue fazer nada acima da média em um jogo. A Juventus fez com que ele se sentisse assim. A ponto de errar de forma ridícula um cruzamento, quando recebeu a bola pelo lado esquerdo. Tentou levantar a bola na área e errou tanto, mas tanto, que a bola foi direto pela linha de fundo. Daqueles cruzamentos errados que, se fosse dado por Sergi Roberto, despertaria xingamentos dos torcedores questionando a sua capacidade técnica. Mas foi Messi.

O que se viu em campo foi um Messi participativo, mas não decisivo. Um Messi esforçado, mas não muito além disso. Talentoso, claro, mas anulado por tudo que a Juventus propôs a fazer no jogo: ocupou os espaços e obrigou Messi a ser mágico. Não houve magia nem do craque e nem de nenhum dos seus companheiros. Messi termina o jogo com a dor da derrota. De um mortal.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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