A Juventus nem precisou suar muito para evitar o segundo milagre do Barcelona

Uma grande reviravolta como a do Barcelona contra o Paris Saint-Germain é raríssima. Uma virada daquele tamanho nunca tinha acontecido na história da Copa dos Campeões. Um segundo milagre em duas fases eliminatórias consecutivas seria quase impossível e nem chegou perto de ser concretizado. A Juventus mal precisou suar no jogo de volta das quartas de final da Champions League para segurar o time catalão, em uma noite ruim de seus principais jogadores e relativamente tranquila para o goleiro Buffon. O 0 a 0 foi mais do que suficiente para a Velha Senhora avançar às semifinais.
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Massimiliano Allegri tem dois méritos gigantescos nessa classificação. O primeiro foi ter conseguido montar um novo time, em apenas dois anos, capaz de ser campeão da Champions League – a partir das semifinais, qualquer um pode ganhar o título -, depois de perder peças importantes como Tevez, Pirlo, Vidal e Pogba. A segunda é conseguir equilibrar o time, na tática e na postura dos jogadores, mesmo com muitas peças teoricamente ofensivas. No Camp Nou, voltou a escalar o meio-campo com Khedira e Pjanic, com Cuadrado, Manduzkic, Dybala e Higuaín, e defendeu muito bem.
Os visitantes cederam um único chute certo a gol para o Barcelona e em diversos momentos da partida pareciam mais próximos de tirar o zero do placar do que os donos da casa. Um pouco mais de capricho de Cuadrado, em uma par de chances, ou de Higuaín, e isso poderia ter acontecido. Os catalães, com mais responsabilidades ofensivas que a Velha Senhora, mal ameaçaram Buffon. E olha que as duas melhores chances caíram nos pés de Messi, em uma de suas exibições mais tenebrosas.
O primeiro tempo aconteceu dentro do esperado. A Juventus foi cautelosa e priorizou a defesa. Contou com um dia de pouca inspiração e intensidade do Barcelona, inofensivo demais para quem precisava marcar três vezes. Neymar era o mais disposto, voando pela ponta esquerda e buscando jogadas individuais. As duas melhores oportunidades, porém, saíram dos pés de Messi. Ele desferiu um chute da marca do pênalti, mas, pressionado, buscou demais o canto de Buffon e bateu para fora. Na segunda investida do argentino, de média distância, Buffon defendeu, deu rebote e Messi finalizou para fora.
Foram 45 minutos quase perfeitos para a Juventus. Faltou tentar ameaçar um pouco o Barcelona quando tivesse a bola porque estava sempre sujeita a levar um ou dois gols relâmpagos, transformando o marasmo em eletricidade. Se marcasse pelo menos um, os donos da casa precisariam fazer cinco. Mas Ter Stegen, como Buffon, precisou fazer apenas uma defesa na primeira etapa.
E nenhuma na segunda. A melhor chance do Barcelona saiu em uma rara falha do goleiro italiano, que saiu do gol para interceptar um cruzamento e deixou a bola escapar. Sem goleiro, Messi pegou de primeira, com a perna direita, e chutou por cima. Poderia ter aberto o placar em um pênalti não marcado, após Alex Sandro tocar a bola com o braço, mas já eram os momentos finais da partida e não faria diferença no contexto da partida. Enquanto isso, no contra-ataque, Ter Stegen teve que trabalhar três vezes para evitar que a tarefa do Barça fosse ainda mais difícil.
Colocando os dois jogos na balança, a Juventus foi superiora ao Barcelona em tudo: na coletividade, na entrega, na defesa e no ataque. Conquista uma classificação incontestável à semifinal, pela 12ª vez. Busca nona decisão, e não deve, como time, para nenhum das outras três equipes entre as quatro melhores desta edição do torneio europeu. O terceiro título é possível.