Europa

Ministra do Congo acusa Arsenal, Bayern e PSG de ‘acordo de patrocínio manchado de sangue’

A campanha "Visit Rwanda" é estampada na manga da camisa do Arsenal desde 2018, em um acordo de 39 milhões de dólares

A ministra das Relações Exteriores da República Democrática do Congo, Thérèse Kayikwamba Wagner, escreveu aos donos do Arsenal, Stan Kroenke, e ao filho Josh, acusando o governo ruandês de apoiar grupos rebeldes que se envolveram em “estupros, assassinatos e roubos” no leste do país, acrescentando que o “patrocinador do Arsenal é diretamente responsável por essa miséria”.

Kayikwamba Wagner enviou a mesma carta ao Bayern de Munique e ao Paris Saint-German, que têm acordos semelhantes com a campanha de turismo “Visit Rwanda”, para pedir que eles rompam com ela.

O jornal britânico “Telegraph” teve acesso à carta, que diz que meio milhão de pessoas foram deslocadas na parte oriental do país, com 4 mil tropas ruandesas ativas no território.

— Milhares estão atualmente presos na cidade de Goma com acesso restrito a comida, água e segurança. Incontáveis ​​vidas foram perdidas; estupro, assassinato e roubo prevalecem. Seu patrocinador é diretamente responsável por essa miséria — escreveu a ministra.

Ela exigiu que o acordo “Visit Rwanda”, acertado pela primeira vez em maio de 2018 entre o Arsenal e o governo ruandês por 39 milhões de dólares, fosse encerrado imediatamente. “Os clubes deveriam fazê-lo pelas vítimas da agressão ruandesa”, acrescentou.

O secretário de relações exteriores britânico, David Lammy, alertou o presidente de Ruanda, Paul Kagame, esta semana, que a invasão coloca em risco um bilhão de dólares em ajuda internacional.

Kayikwamba Wagner declarou em sua carta ao Arsenal que eles tinham feito um acordo com uma “nação opressora”.

— Escrevo para questionar a moralidade do seu clube, dos seus torcedores e dos seus jogadores sobre o motivo de você continuar seu relacionamento com o ‘Visit Rwanda'. Enquanto o Arsenal jogava sua partida final da primeira fase da Champions League, na semana passada, mais 500 mil pessoas ficaram desabrigadas no leste da República Democrática do Congo — diz a carta da ministra.

Número de mortos chega a 700

De acordo com as Nações Unidas, 700 pessoas foram mortas até agora nos combates e outras 2.800 ficaram feridas. Ruanda alegou que suas tropas foram mobilizadas na República Democrática do Congo apenas como uma medida defensiva para impedir que o conflito se espalhasse para Ruanda.

Kayikwamba Wagner também declarou em sua carta aos Kroenkes que a RDC acredita que as forças apoiadas por Ruanda saquearam milhões de toneladas de minerais, incluindo cobre, cobalto, lítio e ouro, para vendê-los no mercado global.

“Quão certo você está de que o dinheiro do mineral sanguíneo não está sendo usado para financiar seu acordo de patrocínio?”, questionou Kayikwamba Wagner

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Arsenal fecha os olhos

Desde o acerto do patrocínio, em 2018, o Arsenal é criticado pela imprensa global por causa da pobreza extrema do país e de polêmicas políticas do governo.

Ruanda é um país com altos índices de pobreza, analfabetismo, subnutrição e mortalidade infantil. O país recebe ajuda externa de organizações internacionais, que representam quase 20% do seu orçamento. 

Por outro lado, o turismo no país aumentou em 8% desde o anúncio Visit Rwanda estampado na manga da camisa do Arsenal. O patrocínio foi renovado em agosto de 2021 e tem validade até o final desta temporada.

Foto de Romulo Giacomin

Romulo GiacominRedator de esportes

Formado em Jornalismo na UFOP, passou por Mais Minas, Esporte News Mundo, Estado de Minas e Premier League Brasil. Atualmente, escreve para a Trivela.
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