A Polônia ofereceu uma grande despedida ao ídolo Kuba, com direito a vitória sobre a Alemanha
Kuba foi homenageado em sua última partida pela seleção da Polônia, que venceu a Alemanha graças a uma inspirada atuação de Szczesny em Varsóvia

Jakub Blaszczykowski merece o reconhecimento como um dos melhores jogadores poloneses deste século. Em seu auge, o ponta oferecia muita agressividade e velocidade pelos lados do campo, além de ser um atleta bastante comprometido e uma liderança. Kuba superou as 100 partidas pela equipe nacional e é o segundo jogador com mais aparições com a camisa alvirrubra, só atrás de Robert Lewandowski. Faz um tempo que o veterano de 37 anos deixou o alto nível, mas teve uma chance de disputar seu 109° e último jogo pela Polônia. Nesta sexta, os compatriotas homenagearam o ídolo no amistoso em Varsóvia contra a Alemanha – justo o país onde Kuba viveu seu auge. O medalhão ficou 16 minutos em campo, muito festejado por todos. E ainda viu seu time vencer a partida, com o triunfo por 1 a 0 sobre os alemães. Szczesny acumulou grandes defesas, numa noite em que a Polônia deu só duas finalizações – o suficiente para vencer e aumentar a pressão sobre Hansi Flick.
Os melhores anos de Kuba foram vividos com a camisa do Borussia Dortmund. O ponta defendeu os aurinegros de 2007 a 2015, como um nome central na equipe de Jürgen Klopp durante o bicampeonato da Bundesliga em 2010/11 e 2011/12. O polonês teve uma passagem rápida pela Fiorentina, antes de defender o Wolfsburg de 2016 a 2019. Até pelas lesões, o ocaso de sua carreira ficava mais claro. Mesmo assim, não se negava a importância do talento que também se tornou protagonista da seleção da Polônia. Kuba disputou a Eurocopa em 2012 e 2016, enquanto seguia presente na Copa do Mundo de 2018.
Desde 2019, Kuba retornou à Polônia. Voltou a vestir a camisa do Wisla Cracóvia, o clube de sua infância e onde também iniciou sua carreira. Era uma missão hercúlea, já que sua atuação não se restringia apenas às quatro linhas: o ponta também começou a conciliar a função de sócio da agremiação e sequer recebia salários. O veterano tinha uma enorme crise financeira a enfrentar e até contornou as dívidas mais urgentes, mas não conseguiu evitar o rebaixamento do clube em 2021/22 – quando pouco atuou, após romper os ligamentos do joelho. Ainda como capitão e com raras aparições em campo, Kuba luta pela reconstrução da equipe na segunda divisão, sem conseguir o acesso na atual temporada. Um pouco de alento ficaria mesmo para a homenagem com a seleção nesta quinta, vestindo a camisa alvirrubra pela primeira vez desde 2019.
Convidada da festa, a Alemanha entrou em campo com uma formação bastante modificada em relação ao último amistoso. Marc-André ter Stegen assumiu o gol, com um trio de zaga composto por Antonio Rüdiger, Malick Thiaw e Thilo Kehrer. Jonas Hofmann e Benjamin Henrichs eram os alas, com Emre Can e Joshua Kimmich como volantes. Já na frente, um trio leve formado por Florian Wirtz, Jamal Musiala e Kai Havertz. A Polônia tinha como destaque Wojciech Szczesny no gol e Piotr Zielinski no meio. Já na frente, Kuba acompanhava o velho amigo Robert Lewandowski.
O início da partida contou com a empolgação ao redor de Kuba. A Alemanha não conseguiu estabelecer seu jogo, enquanto a Polônia tentou algumas escapadas. Na melhor jogada do veterano, ele acabou desarmado pelo estreante Thiaw. Também teria uma tentativa de passe a Lewandowski que não deu resultado. A torcida em Varsóvia gritava o nome do ídolo. Ele seria substituído aos 16 minutos, uma referência ao número de sua camisa. Os jogadores de ambos os times fizeram uma guarda de honra para aplaudi-lo na saída do gramado. Na entrada dos vestiários, ainda foi abraçado pelos filhinhos e pela esposa, numa cena emocionante.
Emoção em campo! Em lágrimas, Kuba Blaszclzykowski deu lugar a Lewandowski e se despediu da seleção polonesa durante amistoso contra a Alemanha. Ele fez 109 jogos com a camisa de seu país.
"A expressão corredor polonês nunca foi tão adequada" MARQUES, Everaldo pic.twitter.com/WOFXnCXRGU
— ge (@geglobo) June 16, 2023
Quando a partida aumentou seu ritmo, a Polônia era mais perigosa em suas escapadas esporádicas. Conseguia aproveitar melhor os espaços na área da Alemanha, por mais que os impedimentos barrassem as melhores jogadas. A Alemanha só ofereceu uma ameaça real à meta de Szczesny aos 29, numa batida desviada de Havertz que Szczesny defendeu. E o gol polonês saiu antes, aos 31 minutos. Numa cobrança de escanteio, Jakub Kiwior saltou com muita liberdade para desferir a cabeçada. Ter Stegen não alcançou a bola que ganhou altura após quicar. Com a vantagem no placar, os alvirrubros fizeram o que sabem melhor: se defender. Mesmo com a posse de bola alemã, os visitantes não encontravam soluções para furar a retranca.
A Alemanha voltou com Robin Gosens para o segundo tempo, enquanto Lewandowski ganhava um descanso para a entrada de Arkadiusz Milik. O Nationalelf aumentou a pressão e logo passou a criar suas melhores oportunidades. Szczesny fez uma ótima defesa em pancada quase sem ângulo de Gosens, antes de Kimmich acertar o travessão. A intensidade dos alemães era muito maior e o time chegou a ter um pênalti anulado, após revisão da arbitragem. Mas, apesar do enorme volume de jogo, o gol não saía. Szczesny mantinha a tranquilidade em sua meta, com outra intervenção aos 20, diante de Havertz.
Leroy Sané e Niclas Füllkrug foram novas mudanças da Alemanha aos 23. A equipe seguia tentando muito. Gosens dava mais agressividade ao lado esquerdo, mas parou de novo em Szczesny aos 25. O goleiro era o personagem principal da resistência da Polônia e faria mais uma defesaça aos 33, num giro de Thiaw. Julian Brandt, Leon Goretzka e Marius Wolf foram cartadas de Hansi Flick durante os dez minutos finais. Apesar do abafa, o gol não saiu. Szczesny continuou com o corpo fechado e realizou mais um milagre aos 43, numa cabeçada de Wolf. Já na última participação do arqueiro, outra grande defesa, frustrando Goretzka.
A Alemanha receberá ainda mais questionamentos, diante da sequência péssima desde a Copa do Mundo. Em quatro jogos realizados em 2023, a equipe venceu apenas o Peru. Acabou derrotada por Polônia e Bélgica, além do empate arrancado só no final contra a Ucrânia na última segunda-feira. Não há qualquer confiança sobre os anfitriões da Euro 2024. Na terça-feira, o Nationalelf tentará recobrar um pouco do moral contra a Colômbia. Já a Polônia não faz outros jogos nesta Data Fifa. Despede-se de Kuba com uma ótima vitória.