MLS

O que levou Messi ao Inter Miami? Apple TV+ terá série sobre ida à MLS

Apple TV irá produzir uma série documental sobre a ida de Lionel Messi para o Inter Miami, mesmo com proposta gigantesca da Arábia Saudita e opção de voltar ao Barcelona

A chegada de Lionel Messi à MLS é um evento que tem repercutido muito dentro dos Estados Unidos e mesmo fora dela. O Inter Miami foi quem levou o craque, que preferiu jogar no Sul da Flórida e não na Arábia Saudita ou mesmo apostar no retorno ao Barcelona, que também era uma possibilidade. Quem teve muitos motivos para comemorar isso foi a Apple, que transmite com exclusividade mundial a MLS e a Leagues Cup.

Até por isso, a empresa prepara dois documentários sobre Messi. Um deles é sobre a conquista da Copa do Mundo pela Argentina, no Catar, no fim de 2022. O segundo focará justamente na escolha de Messi pelo Inter Miami, passando por todos os aspectos do clube e do próprio jogador para chegar à decisão de fechar com o time que tem David Beckham como um dos sócios. Na época do anúncio, falamos sobre as razões que levaram o craque argentino para os Estados Unidos.

O que levou Messi a escolher o Inter Miami?

Messi não queria ficar no PSG e, nesse cenário, algumas opções se apresentavam. O retorno de Messi ao Barcelona era visto como algo muito possível, até por ser a cidade onde o jogador cresceu desde os 13 anos e onde construiu uma história enorme. Muitas coisas indicavam que o retorno era possível e o clube pareceu trabalhar para tornar isso possível, mesmo com todos os problemas financeiros que ainda têm.

Xavi Hernández, agora técnico, deixou claro que queria o retorno do ex-companheiro e que conversava com frequência com ele. Só que para Messi, as coisas não estavam tão claras quanto ele gostaria. Apesar da óbvia vontade de todas as partes, faltou algo. Messi não queria passar novos meses de incerteza, como aconteceu em 2021, quando o resultado foi a sua dramática saída — e o consequente acerto com o PSG em seguida.

“Eu obviamente tinha muita vontade de poder voltar, mas, por outro lado, depois de viver o que vivi e da saída que tive, não queria passar por essa mesma situação novamente. Esperar para ver o que vai acontecer, deixar meu futuro nas mãos de outros. Queria tomar minha própria decisão, pensando em mim e na minha família. Apesar de ter ouvido que se dizia que La Liga havia aceitado tudo e que estava tudo certo para que eu voltasse, ainda faltavam muitas outras coisas que precisavam acontecer. Escutei que tinham que vender jogadores ou baixar o salário de jogadores, e a verdade é que não queria passar por isso”, explicou Messi, em entrevista concedida em junho quando anunciou a sua ida ao Inter Miami.

“Eu tive medo de que voltasse a acontecer a mesma coisa e que tivesse que sair correndo, como aconteceu, que eu tive que vir para Paris e ficar muito tempo em um hotel com minha família, com meus filhos indo para a escola e ainda ficando no hotel. Queria tomar minha própria decisão e foi um pouco por isso que não aconteceu a volta para o Barcelona. Eu teria adorado, mas não foi possível. Depois de ter conseguido tudo, graças a Deus, e de ter conseguido, por fim, a Copa do Mundo, o que eu tanto desejava, queria buscar outra coisa também e um pouco de tranquilidade”, acrescentou.

Essa fala de Messi começa a explicar a sua escolha por Miami. Porque mesmo sem o Barcelona na mesa, ele tinha uma opção que, financeiramente, era muito mais atraente: a Arábia Saudita. A proposta era realmente absurda, ainda maior do que foi por Cristiano Ronaldo. O acordo poderia ser facilitado porque o jogador já tem um acordo de ser embaixador do turismo da Arábia Saudita, pelo qual recebe algo em torno de US$ 25 milhões por três anos. Tudo que ele precisa fazer é visitar o país eventualmente (com tudo documentado, claro), fazer publicações em redes sociais, viagens com tudo pago pelo governo saudita, além de aparecer em propagandas promovendo o turismo na Arábia Saudita. Ou seja: o argentino não teria qualquer problema ético em jogar no país. A escolha passou por outros motivos.

Isso também passa pela vida de Messi em Paris. O argentino deixou claro que seus dois anos na capital francesa não foram muito felizes, do ponto de vista familiar. “Eu também estou em um momento em que quero sair um pouco do foco. Pensar mais na minha família. Foram dois anos que minha vida familiar estava tão ruim que eu não conseguia aproveitar. Tive o mês que foi espetacular para mim por ter ganhado o Mundial, mas, tirando isso, foi uma etapa difícil para mim. Quero reencontrar o prazer, o prazer da minha família, dos meus filhos, do dia a dia”, explicou Messi.

“Foram dois anos em que não fui feliz, não me divertia, e isso afetava minha vida familiar. Eu perdia muito da vida dos meus filhos na escola. No Barcelona, eu os buscava, aqui o fiz muito menos, tinha menos atividades com eles. A decisão passa por aí também, para me reencontrar, entre aspas, com minha família, com meus filhos, e aproveitar o dia a dia. Tive a sorte de conseguir tudo no futebol e agora vai um pouco além do esportivo, que também me interessa e muito, mas muito mais o familiar”, completou.

“Faltam algumas coisas, mas decidimos seguir em frente. Eu tive propostas de outros clubes europeus, mas nem as avaliei porque minha ideia era jogar no Barcelona e, se não acontecesse o Barcelona, analisar, depois sair do futebol europeu. Ainda mais depois de conquistar a Copa do Mundo, que era o que faltava para fechar minha carreira nesse lado e viver a liga dos Estados Unidos de outra maneira, aproveitando muito mais o dia a dia, mas com a mesma responsabilidade de querer ganhar e de fazer bem as coisas, mas com mais tranquilidade”, disse ainda o argentino.

A escolha pelo Inter Miami foi pela família, acima de tudo. Messi queria aproveitar melhor a sua família, mais como fazia no Barcelona, mas com um peso diferente. Miami era uma cidade que Messi e a família foram algumas vezes passar férias. A esposa de Messi, Antonella, gosta da cidade. A família já tinha um apartamento por lá. Nesse sentido, a Arábia Saudita seria uma opção pior: a vida para a família seria pior, desde a escola dos filhos até a vida da esposa, dadas as restrições que existem no país. Miami não tem esse problema.

Por isso, a escolha de Messi tem a ver com isso, não por qualquer restrição à Arábia Saudita, tanto que ele segue como garoto propaganda do país fora dos gramados, e sim com uma opção de vida, especialmente fora de campo. Em Miami, Messi pode ter uma vida tranquila e mais livre do que tinha em Paris e do que teria na Arábia Saudita.

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Acordo da Apple com a MLS é inovador também por ser mundial

A ida de Messi para os Estados Unidos fez executivos da Apple sorrirem de orelha a orelha. Embora já houvesse a ideia de levar o argentino para lá em algum momento, a forma como aconteceu acabou sendo excelente para a liga e para a Apple. Messi chega meses depois de conquistar a Copa do Mundo pela Argentina e só poderá ser visto no mundo todo no serviço de streaming da Apple, a Apple TV.

O acordo da Apple com a MLS é inovador especialmente pela sua abrangência. Os direitos de TV da MLS (e da Leagues Cup) são exclusivos da Apple TV no mundo inteiro (ou, ao menos, em todos os lugares onde a Apple está disponível (o que, segundo a própria Apple TV, inclui “mais de 100 países”). O acordo garante US$ 2,5 bilhões pelos 10 anos, o que significa US$ 250 milhões por ano.

A transmissão via streaming (disponível não só em computadores e nos celulares e tablets Apple, mas também nas principais smart TVs com aplicativos próprios) é uma realidade que tem se imposto. Não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil: há jogos sendo transmitidos via streaming na Libertadores e Sul-Americana (Paramount+ e Star+) e mesmo no Brasileirão e Copa do Brasil (Premiere). É uma realidade inevitável, gostemos dela ou não.

A Apple certamente tem aproveitado muito bem a presença de Messi. Segundo Jorge Más, um dos sócios do Inter Miami, o número de assinaturas do MLS Season Pass mais do que dobrou desde que Messi foi anunciado pelo Inter Miami. Algo que era até previsto, considerando o alcance global que um jogador como Messi tem.

Até por isso, a Apple quer capitalizar ainda mais com produções que irão para a Apple TV sobre o grande craque argentino, com duas séries documentais já em produção.

Apple trabalha em dois documentários sobre Messi

A Apple trabalha em duas séries documentais sobre Lionel Messi, ainda sem dará para o lançamento. Uma delas será focada na conquista do título da Copa do Mundo no Catar. A segunda será sobre a ida do argentino para o Inter Miami. Como a transmissão dos jogos da MLS é uma exclusividade da Apple TV+, via MLS League Pass, faz todo sentido que a empresa esteja explorando a imagem do astro.

A ideia do primeiro documentário é algo na mesma linha de “The Last Dance” (estranhamente traduzida para “O Último Arremesso”, na Netflix), que trata sobre a última temporada de Michael Jordan pelo Chicago Bulls. A equipe da Apple TV+ teve acesso exclusivo a Messi durante a Copa, já na produção da série.

A série foi filmada em Paris, no Catar e na Argentina. O jogador é, evidentemente, entrevista e fala sobre a carreira internacional em quatro episódios. A produção é feita com A Smuggler Entertainment, com cenas exclusivas de bastidores no Catar e nas outras localidades. Dias antes do início da Copa do Mundo, Messi deu entrevista à equipe da produção para falar sobre o que pensava em viver ali.

“Seria a melhor experiência ganhar uma Copa do Mundo e poder fechar minha carreira assim. Eu sonhei com isso depois de tantos anos lutando para conseguir. Criei um milhão de possibilidades sobre o que poderia acontecer… A primeira partida, as oitavas de final, as quartas de final, a semifinal e a final. Também viverei como algo especial, porque é a última. Terminar a minha carreira vencendo a Copa do Mundo seria um final dos sonhos”, declarou Messi.

Além de Messi, serão entrevistados companheiros, técnicos e adversários de Messi. O anúncio deste documentário foi feito no começo de junho, mas ainda não há data para a estreia. O segundo documentário foi anunciado nesta semana e tratará especificamente da ida de Messi para o Inter Miami.

O documentário sobre a ida de Messi para o Inter Miami será uma série com seis episódios, segundo relata a Bloomberg. A produção será da mesma empresa do primeiro documentário, a Smuggler Entertainment. Produzir documentários sobre o maior jogador da sua geração é uma forma da Apple promover o seu próprio produto, a MLS, já que Messi só poderá ser visto pelo seu serviço de streaming.

Séries documentais sobre esporte não são novidade para a Apple TV. A empresa produziu uma série sobre a World Surf League (WSL), uma série sobre Magic Johnson, além de um filme sobre Stephen Curry. Um projeto sobre Messi (ou dois, nesse caso) fazem ainda mais sentido. Especialmente se pensarmos no efeito “Drive to Survive”, série da Netflix que mostra bastidores da Fórmula 1 e fez a categoria explodir de popularidade, especialmente nos Estados Unidos, um mercado onde não era tão popular.

O desempenho de Messi em campo tem ajudado a promover a Leagues Cup e, claro, o MLS Season Pass dentro da Apple TV+. Começou com um golaço de falta nos acréscimos, que deu a vitória ao Inter Miami contra o Cruz Azul. Depois, teve dois gols contra Atlanta United e seguiu fazendo gols no mata-mata, nos 16-avos de final contra o Orlando City, nas oitavas de final contra o Dallas e nas quartas de final contra o Charlotte. Ainda joga a semifinal nesta terça (15), contra o Philadelphia Union (confira a Programação de TV) e, caso avance, jogará a final no próximo dia 19.

Tudo isso é maravilhoso para a Apple, que vê o interesse em assistir aos jogos de Messi só aumentarem. Esportivamente, pode ser algo muito importante também: caso o Inter Miami fique ao menos em terceiro lugar na Leagues Cup, garante participação na Concacaf Champions Cup, principal torneio continental da América do Norte e Central. Neste caso, a ESPN torce para a classificação do time. Ela transmite o torneio continental pelo Star+ para toda a América do Sul.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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