‘Alienígena’: ex-Premier League exalta força mental de Vini Jr para lidar com ataques racistas
Além de ex-jogador, Paul McVeigh é especialista em saúde mental no esporte
Nos últimos anos – muito infelizmente, é verdade – o nome do brasileiro Vinicius Junior, uma das principais estrelas do Real Madrid, vem sempre sendo envolvido em debates sobre questões raciais.
Um fato que já deveria estar superado em 2024 se mostra cada vez mais atual: um jovem negro em situação de poder incomoda.
Nas últimas duas temporadas, Vini Jr. sofreu mais ataques racistas do que qualquer outro jogador que se tem notícia.
No próprio Real Madrid, ao seu lado, o atacante brasileiro tem alguns outros jogadores negros. Eles, no entanto, não recebem nem uma pequena parcela dos ataques direcionados ao camisa 7.
Ao mesmo passo que as ofensas acontecem, o brasileiro se mostra cada vez mais combativo, incisivo em sua luta, mas sem diminuir o seu foco no futebol – não à toa é um dos finalistas ao prêmio de melhor jogador do mundo.
Mas o que explica tamanha força mental de Vini Jr. para, ao mesmo tempo, lidar com o racismo agressivo que sofre jogo, sim, jogo, não, na La Liga, e performar em alto nível dentro das quatro linhas?
‘É um alienígena', ex-jogador da Premier League exalta força mental de Vini Jr.
Paul McVeigh é um ex-jogador da Irlanda do Norte que fez toda a sua carreira na Premier League.
Por lá, de 1996 a 2010, defendeu quatro equipes, com passagem mais marcante pelo Norwich, onde ficou por oito temporadas e mais de 220 jogos.
Depois que encerrou a carreira, em 2010, McVeigh trocou a sua paixão pelo futebol por outra: a psicologia esportiva.
Em 2013, apenas três anos após sua aposentadoria, o ex-jogador lançou o livro que o credenciaria de vez quando o assunto é saúde mental no futebol.
Intitulado de The Stupid Footballer is Dead (O Jogador de Futebol Estupido Está Morto, em tradução livre), o livro fala da principal diferença entre os chamados futebol moderno e raiz.
— O futebol profissional na era moderna é jogado tanto na mente como no campo — disse McVeigh.
E é justamente pela força do seu jogo mental em lidar com os sucessivos casos de racismo que o brasileiro Vinicius Jr. ganhou elogios do ex-jogador e agora psicólogo.
Em entrevista ao portal espanhol Diário AS, Paul McVeigh comentou sobre aquilo que ele considera ser a principal característica do brasileiro.
E, mesmo para alguém que esteve nos dois lados dessa moeda, é difícil encontrar respostas para a força mental do brasileiro.
— Todo esse racismo ao redor de Vinicius é uma pena, não acredito que isso possa acontecer em 2024. Pessoalmente, não entendo como ele conseguiu manter esse desempenho incrível nos últimos anos, estar entre os melhores do mundo, com uma avalanche de abusos ao seu redor — questionou.
Sem uma explicação lógica, o analista, então, recorreu ao campo do sobrenatural.
— Vini está tão focado em seu objetivo que não se importa com o que acontece fora de campo. Você também tem que ser muito especial para isso, quase não humano, um alienígena.
Disputa de ego no Real Madrid? Não com as grandes estrelas
Outro ponto abordado pelo ex-jogador durante a entrevista para o portal espanhol foi a abundância de estrelas e protagonistas no Real Madrid.
O técnico Carlo Ancelotti já tinha à sua disposição nomes capazes de decidir jogos e títulos num piscar de olhos.
O que só aumentou na temporada nas últimas temporadas, quando Jude Bellingham e Kylian Mbappé desembarcaram em Madrid para se juntar a Vini e Rodrygo.
Agora, mais do que nunca, a equipe espanhola tem ao seu dispor quatro dos principais nomes ofensivos da atualidade no futebol mundial.
Porém, em alguns casos, o alto número de estrelas pode deixar de ser uma constelação agradável e virar um problema galático se a disputa de ego não for bem dosada.
Mas, segundo o ex-atleta, este não é, de fato, um problema que o Real Madrid parece enfrentar. E por um motivo simples: os grandes jogadores se entendem.
— Os melhores jogadores de futebol também são os melhores mentalmente e o normal é que queiram jogar juntos. No próprio Real Madrid já viveram algo assim quando reuniram Roberto Carlos, Figo, Beckham, Zidane e Ronaldo — finalizou.
