Espanha

Os números absurdos de racismo no futebol espanhol dão razão a Vinicius Júnior

Após denúncias de Vinicius Júnior, levantamento comprova alto número de atos racistas no futebol espanhol em 2023

Dados publicados pela Comissão Estatal contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Desporto revelam os números absurdos de racismo no futebol espanhol — dando razão a Vinicius Júnior.

O relatório, que inclui o recentemente publicado Anuário Estatístico do Ministério do Interior, demonstra que 1.401 infrações foram registadas em 2023 em eventos desportivos na Espanha.

Desses, 121 foram atos racistas, a segunda infração mais notável vindo das arquibancadas do futebol espanhol. A primeira são altercações, brigas ou desordens públicas, que foram registradas 645 vezes em eventos desportivos na Espanha no ano passado.

Entre outras violações estão: consumo de drogas nas instalações (79), a introdução de rojões ou material pirotécnico (69), os insultos e ameaças aos torcedores (65), o não cumprimento das condições de segurança (62) e o não respeito das vedações que separam os adeptos (55).

Além disso, 22 pessoas entraram nos estádios sem ingresso, 52 o fizeram sob efeito de drogas ou álcool e 25 que portavam armas ou objetos perigosos.

Dentro dos estádios, 32 pessoas foram punidas por lançamento de objetos, 16 por exibição de símbolos e faixas que incitam ao ódio e 14 por invasão de campo.

As 1.401 infrações foram classificadas como leve (742), graves (646) e gravíssimas (13). Surpreendentemente, foi registrado uma diminuição em relação a 2022, cujo relatório apontou 1.520 violações.

Times espanhóis também cometeram infrações

Os times espanhóis também cometeram infrações. Em 2023, foram registradas 67 infrações por parte dos organizadores dos eventos desportivos, sendo 29 por incumprimento grave de medidas de segurança.

Foram apontadas 12 violações por não impedir a introdução ou venda de bebidas alcoólicas, 9 por não impedirem a invasões de campo e 5 por fazerem o mesmo com a introdução de bebidas em recipientes rígidos.

Por fim, três infrações por não impedir a entrada de sinalizadores. Um organizador também foi sancionado por alterar a capacidade do estádio e outro por apoiar grupos violentos ou radicais.

Devido às infrações, a Comissão Permanente da Comissão do Estado propôs sanções, reclamando cerca de 2,8 milhões de euros (em torno de R$ 17,3 milhões) em multas particulares, além de quase 345 mil euros (aproximadamente R$ 2,1 milhões) em multas aos organizadores.

Essa comissão também proibiu 980 indivíduos de acessar instalações desportivas, além de declarar 55 eventos com grau de alto risco.

Vinicius Júnior foi vítima recorrente de racismo na Espanha

Vinicius Júnior é vítima recorrente de racismo na Espanha. No ano passado, o atacante do Real Madrid viveu o caso mais emblemático em partida contra o Valencia, no Mestalla, pela edição 2022/23 de La Liga.

Em um jogo tenso, Vinicius Júnior começou a ser chamado de “mono” (macaco, em espanhol) por torcedores do time da casa. A partida chegou a ser paralisada pela arbitragem, quando os insultos preconceituosos foram ecoados por mais torcedores.

O sistema de som do Mestalla chegou a pedir para que a torcida parasse os atos racistas, porém, sem sucesso. De lá para cá, os casos de racismo contra Vinicius Júnior — e outros jogadores negros — continuaram na Espanha.

Foto de Matheus Cristianini

Matheus CristianiniRedator

Jornalista formado pela Unesp, com passagens por Antenados no Futebol, Bolavip Brasil, Minha Torcida e Esportelândia. Na Trivela, é redator de futebol nacional e internacional.
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