Copa do Rei

As histórias da Real Sociedad na conquista da Copa do Rei de 1987, o último caneco antes do de domingo

Mesclando gerações importantes ao clube, os txuri-urdin levaram o caneco com vitória nos pênaltis sobre o Atlético de Madrid

Campeã da Copa do Rei pela terceira vez ao vencer a postergada final da edição 2020 contra o Athletic Bilbao no último domingo, a Real Sociedad pôs fim a um jejum de mais de 30 anos na competição. O outro lado de momentos assim é a oportunidade de revisitar a história e lembrar as conquistas anteriores. A campanha dos donostiarras em 1987, por exemplo, tira do baú as memórias de um grande encontro de gerações na equipe txuri-urdin que derrotou na ocasião o Atlético de Madrid nos pênaltis na final em Zaragoza.

A boa e velha mescla

A equipe que encerrou o longo jejum da Real Sociedad no torneio ainda mantinha alguns dos pilares do time que levantou um histórico bicampeonato espanhol em 1981 e 1982 e serviu ainda de base para a seleção na Copa do Mundo que o país sediou. Gigantes como Luís Arconada (um dos nomes apontados como o melhor goleiro do mundo na primeira metade dos anos 1980), o zagueiro Alberto Górriz, o meia Jesus Zamora e o ponteiro Roberto López Ufarte (apelidado “el pequeno diablo”) ainda formavam a espinha dorsal donostiarra.

A eles se juntava – no time dirigido pelo galês John Toshack, ex-atacante do Liverpool que migrou para o futebol espanhol na metade daquela década – uma promissora safra de talentos criados na prolífica base, que incluía o meia Juan Mujika, o ponta Aitor “Txiki” Beguiristain, o atacante José Maria Bakero e o centroavante Lorenzo Juarros, “Loren”. Outro nome proeminente naquele momento era o versátil e ofensivo lateral Luís Maria López Rekarte, pescado do Alavés em 1985 e que podia atuar pelos dois lados, em especial pela esquerda.

Assim, o time-base daquela campanha, posicionado num fluido 5-3-2 (que poderia se transformar num 4-4-2 ou mesmo num 4-3-3), começava por Arconada no gol. Górriz, o titular da equipe bicampeã espanhola, agora tinha Agustín Gajate, reserva daquele time, ao seu lado na zaga, completada por Jon Andoni Larrañaga (mais um remanescente) flutuando entre as posições de líbero e volante. Nas alas, Javier Sagarzazu (ou Santiago “Santi” Bakero, irmão mais velho de José Maria) apoiava pelo lado direito, com López Rekarte forte pela esquerda.

No meio-campo, o dinâmico Juan Mujika era o motorzinho do setor, enquanto Zamora era o maestro, conduzindo as ações ofensivas. Também compondo o setor com seu talento e mobilidade estava López Ufarte, embora sua presença na campanha tenha sido um tanto restrita, participando como titular de apenas quatro dos dez jogos. Sua ausência era suprida às vezes pelo mais defensivo Javier Zubillaga, outro remanescente do bicampeonato em 1982 e nome muito útil na campanha até às semifinais da Copa dos Campeões em 1982/83.

Quem também podia atuar no meio-campo (no lugar de López Ufarte) ou no ataque era o ponta-esquerda “Txiki” Beguiristain, titular de um jeito ou de outro. Na frente, seu companheiro era José Maria Bakero, jogador raçudo e solidário que podia jogar tanto pelo centro do ataque quanto se movimentar pelos lados. Havia ainda a opção do novato Loren, jogador de mais presença de área, promovido de vez ao elenco principal naquela temporada, além de Ricardo Arrien e Martín Beguiristain (que não tinha parentesco direto com Txiki).

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Fugindo da zebra

O regulamento da Copa do Rei naquela temporada estipulava quatro fases preliminares de mata-mata em jogo único com decisão nos pênaltis em caso de empate, formato que provocou muitas surpresas e quedas de equipes importantes (incluindo nada menos que sete da primeira divisão) antes das oitavas de final. A Real Sociedad, que só entrou na segunda fase preliminar, escapou da zebra com três vitórias magras por 1 a 0 fora de casa, diante de equipes que disputavam a chamada Terceira Divisão (na prática, a quarta): Baskonia, Montijo e Villarreal.

O primeiro jogo, contra os vizinhos bascos, foi decidido pelo atacante reserva Ricardo Arrien. Já contra o Montijo, da região de Extremadura, “Txiki” Beguiristain balançou as redes em partida polêmica: os donos da casa reclamaram impedimento no gol, e os txuri-urdin ficaram com um a menos após uma rara expulsão de López Ufarte por segundo amarelo. Mas o mesmo López Ufarte seria o herói da vitória sobre o Villarreal – que vinha de eliminar o Valencia na primeira fase – ao marcar o único gol do jogo, logo aos sete minutos do primeiro tempo.

A partir das oitavas de final os jogos passariam a ser em ida e volta. E o sorteio colocaria a Real diante do Eibar, outro clube da província de Guipúscoa e então disputando a Segunda Divisão B (equivalente à terceira). No primeiro confronto, na casa do adversário, atuação segura e um bom 2 a 0 definido ainda na etapa inicial. Bakero abriu o placar após receber lançamento de Zamora e o zagueiro Gajate fez o segundo em cabeçada após escanteio. O resultado deixava os txuri-urdin em posição bastante confortável para o jogo de volta, em Atotxa.

Mesmo poupando alguns jogadores, a Real garantiu a passagem com mais um 2 a 0 conquistado ainda no primeiro tempo. O atacante reserva Ricardo Arrien marcou logo aos dois minutos e, em cobrança de falta precisa, Juan Mujika fez o segundo pouco antes do intervalo. Mas não chegou a ser uma vitória protocolar: o Eibar ameaçou bastante e Arconada teve de trabalhar um bocado. Mas a boa vantagem trazida do primeiro jogo e o primeiro gol logo de saída impediram os txuri-urdin de se desesperarem. Classificação garantida.

Ainda naquela fase de oitavas de final, alguns outros confrontos chamaram a atenção: o Atlético de Madrid enfrentou (e superou) o Real Madrid Aficionados, nome de então do hoje extinto Real Madrid C. A filial da filial merengue, que disputaria a copa pela última vez naquela temporada, já havia despachado o Atlético Madrileño e até clubes de primeira divisão, como o Racing de Santander e o Las Palmas. Também na mesma etapa caiu o Barcelona, nos pênaltis diante do Osasuna, após perder no Camp Nou por 1 a 0 e devolver o placar no El Sadar.

Goleada histórica na filial do Mallorca

Nas quartas de final seria a vez de a Real Sociedad enfrentar um clube filial – no caso o Mallorca Atlético, que antes derrubara o Málaga e a Sanse (equipe de base dos próprios donostiarras). E de maneira surpreendente, os maiorquinos fizeram frente e seguraram o 0 a 0 no equilibrado primeiro jogo, disputado no gramado ruim do Lluis Sitjar. “Não gostei do time. Jogando desta forma não há nada decidido. Se melhorarmos, logicamente passaremos. Mas desse jeito não”, declarou Toshack. E a resposta enfática viria no jogo de volta.

Em Atotxa, na noite de 11 de março de 1987, a Real fez valer sua superioridade com uma goleada humilhante e histórica. Sob a batuta de Zamora, o maestro do meio-campo, o time foi marcando gols e mais gols nos insulares. Górriz abriu o placar com uma cabeçada em escanteio aos quatro minutos. Aos dez, Bakero completou cruzamento de Beguiristain e fez o segundo. Quando saíram o terceiro e o quarto gols no intervalo de um minuto (aos 32 e 33), de novo com Górriz e com Beguiristain, foi quando o Mallorca Atlético desmoronou de vez.

Na etapa final, antes dos 25 minutos a Real já havia marcado mais cinco vezes. Loren pegou rebote do goleiro e fez o quinto. Numa arrancada desde o meio-campo, Zamora anotou o sexto. Girando e completando um cruzamento alto, Loren marcou o sétimo. Recebendo outro ótimo passe de Zamora, Beguiristain deixou o oitavo nas redes maiorquinas. E, da mesma forma, Mujika marcou o nono aos 23 minutos. No fim, Bakero levou a goleada a dois dígitos, antes de, no último minuto, Molina descontar de cabeça para o pobre Mallorca Atlético.

O estrondoso 10 a 1 era a terceira maior goleada aplicada pela Real em sua história. Mas nem houve muito tempo para celebrar, já que o clube estava envolvido em outra batalha decisiva na liga. Naquela temporada o campeonato abriu mão do sistema de pontos corridos simples e criou um formato no qual, após as 34 rodadas regulares, os 18 clubes eram divididos em três blocos: um (Grupo A) disputando o título, outro (Grupo B) que inicialmente valeria uma vaga na cancelada Copa da Liga e ainda um terceiro (Grupo C) que apontaria o rebaixado.

Domando os Leones

Naquele mês de março e início de abril, a liga regular vivia sua reta final, com os txuri-urdin na briga para ficar entre os seis melhores que disputariam o Grupo A. Seria, porém, uma tentativa frustrada por apenas dois pontos, na qual acabou pesando um tropeço – derrota por 1 a 0 – no El Sardinero diante de um Racing de Santander na rabeira, vindo de perder seis de seus sete últimos jogos. Quando as semifinais da copa chegaram, no começo de junho de 1987, a “liguilla” já estava quase no fim. E pela frente haveria o clássico basco.

O Athletic, que só estreara nas oitavas de final, havia eliminado sem esforço o pequeno Langreo (5 a 1 no agregado) e passado um aperto maior diante do Logroñés, que conquistaria o acesso da segunda para a primeira divisão naquela temporada: vitória por 2 a 0 no San Mamés e derrota por 1 a 0 na volta em Las Gaunas. Os Leones, aliás, vinham cumprindo campanha ainda mais decepcionante na liga: ao terminarem a fase regular apenas no 13º lugar, acabaram relegados ao Grupo C, restando a missão de evitar um inédito descenso.

Com isso o primeiro jogo, em Atotxa, foi tecnicamente fraco. O Athletic se contentou em segurar o empate, enquanto a Real demonstrava dificuldade em criar. E o quadro ficaria pior por um azar incrível dos txuri-urdin: Loren entrou no lugar de Zubillaga, lesionado no intervalo, mas também sofreu lesão logo no início da etapa final, deixando a equipe com dez. Mais tarde, Santi Bakero também passou a jogar no sacrifício. Assim, não houve como tirar o zero do placar. A eliminatória ficava em aberto para o jogo de volta em San Mamés, dali a uma semana.

Desta vez, foi a Real Sociedad quem ficou à espreita, congestionando o meio-campo e tentando matar o jogo nos contra-ataques. E, aos 25 minutos do primeiro tempo, saiu em vantagem: López Ufarte bateu escanteio, Górriz desviou de cabeça na primeira trave e Bakero completou, também de cabeça. E os visitantes criariam ainda mais duas chances claras de gol na etapa inicial. Numa delas, a bola acertou a trave de Biurrun. No segundo tempo, o Athletic partiu com tudo em busca do empate, mas os txuri-urdin seguraram a vitória e passaram à final.

A “maldição de Comet”

A Real chegava a sua sexta final da copa. Mas até então só havia vencido uma vez, em 1909. O que nos remete a uma daquelas saborosas histórias dos primórdios do jogo. A agremiação havia sido fundada como uma seção do Club Ciclista (nome sob o qual levantou a taça na primeira ocasião). Mas poucos anos depois, com o crescimento da popularidade do futebol no país – o que levou à criação da Real Sociedad como clube independente – e a demanda por maiores palcos, houve a necessidade de construir um novo estádio, o de Atotxa.

Para isso foi preciso demolir o velódromo local, o que magoou muito o Monsieur Comet, francês que havia fundado o Ciclista e acolhido em seu clube os jovens criadores do que anos depois se tornaria a Real Sociedad. Revoltado, Comet lançou a maldição: “A Real jamais será campeã da Copa”. Por muitas décadas, o jejum de títulos dos txuri-urdin foi atribuído à praga rogada pelo francês. Em 1981, quando veio o primeiro título da liga, ela parecia ter sido enterrada. Mas então lembrou-se de que, no tempo da maldição, a liga ainda não existia.

Entre 1909 e 1987, a Real havia disputado e perdido outras quatro decisões da Copa. Em três delas o carrasco foi o Barcelona, enquanto na outra os donostiarras sucumbiram ao Athletic Bilbao. A primeira aconteceu em 1910, quando os alviazuis competiram sob o nome de Vasconia e perderam o triangular final para o Athletic. Nas duas primeiras contra o Barça, em 1913 e 1928, a conquista escapou após uma decisão em três jogos, com dois empates nos dois primeiros confrontos e a vitória blaugrana no último. Já em 1951, em jogo único, os catalães venceram por 3 a 0 no Santiago Bernabéu (na época denominado Chamartín). Para o alívio txuri-urdin, o adversário desta vez era outro, o Atlético de Madrid, que também vencera um clássico nas semifinais.

Na partida de ida, no Santiago Bernabéu, o Real Madrid chegou a abrir 3 a 0, mas os colchoneros descontaram duas vezes e deixaram a disputa em aberto. Na volta, no Vicente Calderón, uma boa vitória por 2 a 0 com gols do ex-txuri-urdin Pedro Uralde e de Roberto Marina levou a equipe de Luís Aragonés à decisão. Para os dois finalistas que viajariam até La Romareda, em Zaragoza, campo neutro que receberia a partida, estava posto o objetivo de salvar a temporada levando não só o troféu como também a vaga na Recopa Europeia.

Ambas as equipes também traziam surpresas nas escalações. Pela Real, John Toshack deixou Juan Mujika no banco, entrando com o zagueiro Luis Dadíe ao lado de Górriz e Gajate na trinca de área e adiantando Larrañaga para o meio-campo. Já pelo lado colchonero, Luís Aragonés deixou de saída três titulares no banco, todos homens de seleção espanhola: o zagueiro Juan Carlos Arteche, o meia Quique Setién e o atacante Julio Salinas – este, uma das principais contratações do clube para aquela temporada, vindo do Athletic Bilbao.

E para um jogador donostiarra em especial, Roberto López Ufarte, aquela partida seria bastante marcante: aos 29 anos, ele se despedia do clube o qual defendera por 12 temporadas, sendo parte fundamental de sua era mais vitoriosa. Por ironia, acabaria assinando com o próprio Atlético de Madrid para a campanha seguinte. Mas antes, daria sua contribuição para o fim do jejum de quase oito décadas dos txuri-urdin na Copa, abrindo o placar logo aos nove minutos de partida, após receber um passe de puxeta de Bakero para bater o goleiro Abel Resino.

A Real ainda colocaria a defesa colchonera em perigo mais algumas vezes no primeiro tempo, mas seria castigada com o empate quando, após bela troca de passes, o uruguaio Jorge da Silva apareceu para tocar no canto de Arconada. O Atlético chegava às redes em sua primeira chance clara no ataque, aos 25 minutos. Mas a vantagem no marcador voltaria a ser donostiarra aos 36, com um golaço de “Txiki” Beguristain, que recebeu a bola do lado esquerdo da área, ajeitou e, com seu pé “cego” (o direito), bateu colocado, no ângulo.

No segundo tempo, o Atlético foi para cima. Logo aos 11 minutos, Aragonés colocou Julio Salinas em campo no lugar do meia Marina. E dos pés do atacante nasceria o novo empate. Numa jogada pela ponta esquerda, ele passou a Rubio, que bateu cruzado, vencendo Arconada aos 30 minutos. Antes do fim do tempo normal, Aragonés lançaria Quique Setién no lugar de Uralde, enquanto John Toshack substituiria um cansado Zamora por Mujika para recobrar a vitalidade no meio-campo, num dia em que a temperatura chegou aos 36 graus em Zaragoza.

Enfim campeões

A prorrogação que se seguiu foi até movimentada, registrando algumas oportunidades claras – como uma bicicleta de Da Silva pelo Atlético e uma cabeçada de Bakero pela Real. Mas persistiu o empate em 2 a 2, com ambas as equipes já esgotadas fisicamente. E a decisão foi mesmo para os pênaltis. Nesse momento, a torcida donostiarra já se mostrava confiante na vitória em seu cântico “No passa nada, tenemos a Arconada”. E, de fato, o experiente goleiro e capitão da Real Sociedad se provaria decisivo.

Os txuri-urdin iniciaram a série com Bakero convertendo. Rubio, o primeiro colchonero, deu sorte com sua bola que bateu na trave e entrou. Mujika, colocando bem no canto de Abel Resino, fez o segundo da Real. Da Silva tentou cobrar da mesma maneira, mas exagerou um pouco e viu seu chute passar ao lado do gol, desperdiçando o primeiro pelo Atlético. Martín Beguiristain trocou o canto e se deu bem, ampliando a vantagem da Real, antes de Landáburu, com um petardo, diminuir para o time da capital. Até que veio a quarta cobrança.

Larrañaga era o batedor pela Real. Sem indicar para onde chutaria durante sua corrida até a bola, arriscou um chute bem no canto direito de Abel Resino, que pulou para aquele lado. O calafrio que correu pela espinha dos torcedores donostiarras virou alívio: a bola passou no limite e foi morrer no fundo das redes. Foi a vez de Quique Ramos pelo Atlético. Parecendo indeciso e sem confiança, apenas caminhou até a bola. O chute foi forte, mas quase no meio do gol. Arconada, no reflexo, moveu-se para o lado certo e parou a cobrança.

O goleirão se colocou de pé. Levantou um braço, depois o outro, e então soltou um grito. Nem viu Quique Ramos, irritado com a penalidade perdida, chutar de novo a bola para o gol vazio. Nada mais importava: era campeão. O jejum e a maldição ficavam para trás. A Real Sociedad vencia outra vez a Copa sim, Monsieur Comet. E ainda assistiria a sua nova safra de talentos em breve desfilar com a camisa da seleção espanhola. A começar por Bakero, que debutaria ainda naquele ano, em outubro, num amistoso contra Luxemburgo.

Em 1988, logo em janeiro, seria a vez de López Rekarte, em outro amistoso contra a Alemanha Oriental. No mês seguinte, Larrañaga faria sua única exibição pela Roja no mesmo jogo em que “Txiki” Beguiristain iniciaria sua carreira na equipe nacional. Em junho, ele e Bakero figurariam entre os 20 convocados da Espanha de Miguel Muñoz para a Eurocopa disputada na Alemanha Ocidental. E no ciclo posterior, Górriz enfim teria sua chance, chamado por Luís Suárez para as Eliminatórias e para a fase final da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

No ano seguinte à conquista da Copa, os txuri-urdin voltaram à decisão em busca do bi. Porém, do outro lado estava novamente sua nêmesis no torneio, o Barcelona. Apesar de ter dominado as ações na final disputada no Santiago Bernabéu, a Real mais uma vez saiu derrotada, agora por 1 a 0 e com gol de um basco, o zagueiro José Ramón Alexanko. O fim do sonho do bi no torneio se somava à frustração do vice-campeonato na liga na mesma temporada, 11 pontos atrás de um imparável Real Madrid. E o declínio viria logo em seguida.

Não satisfeito em impedir o bi da Real na Copa, o Barcelona de Johan Cruyff iria às compras em San Sebastián, levando os selecionáveis Bakero, Beguiristain e López Rekarte de uma tacada só para o Camp Nou. Arconada e Zamora se aposentariam em meados de 1989, mesma época em que John Toshack tomou o rumo do Santiago Bernabéu. Perdendo pouco a pouco as referências de sua era vitoriosa, a Real Sociedad atravessou um longo inverno de conquistas, da qual agora enfim parece resgatada com mais um título.

Além de colaborações periódicas, quinzenalmente o jornalista Emmanuel do Valle publica na Trivela a coluna ‘Azarões Eternos’, rememorando times fora dos holofotes que protagonizaram campanhas históricas. Para visualizar o arquivo, clique aqui. Confira o trabalho de Emmanuel do Valle também no Flamengo Alternativo e no It’s A Goal.

Foto de Emmanuel do Valle

Emmanuel do Valle

Além de colaborações periódicas, quinzenalmente o jornalista Emmanuel do Valle publica na Trivela a coluna ‘Azarões Eternos’, rememorando times fora dos holofotes que protagonizaram campanhas históricas.
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