Torcida está devendo ao maior Palmeiras da história
Por mais que não goste de Barueri, massa verde deveria lotar qualquer estádio nos jogos da equipe mais vencedora que o clube já teve

A relação torcida e estádio é uterina. Torcedores passam boa parte de suas vidas nos campos de seus times. Constroem intimidade. Os grandes palcos pulsam. É inegável que o Palmeiras mudou sua história a partir da reforma que transformou o velho e charmoso Palestra Itália no moderno Allianz Parque.
Também é indiscutível que a Arena Barueri não veste bem para os palmeirenses. Mesmo que tenha sido a casa do Palmeiras durante a reforma de seu estádio e ali o clube tenha encaminhado a conquista da Copa do Brasil de 2012. Não orna, como costumamos dizer lá em Bariri.
Após a derrota para o ótimo Athletico Paranaense, Abel Ferreira jogou nas costas da Arena Barueri boa parta da responsabilidade, numa das muitas tiradas de foco praxe no futebol. Creditou ao torcedor no Allianz 30% do sucesso de seu trabalho, o mais vitorioso da história do Palmeiras.
Como explicar que um time com milhões de torcedores, na maior fase de sua história, não convença 28, 30 mil a se deslocarem para Barueri, por pior que seja a experiência se comparada ao Allianz? A motivação deveria ser prestigiar um grupo que deu a eles três paulistas, dois brasileiros, duas Libertadores e uma Copa do Brasil, para listar apenas os títulos principais.
Com esse portfólio, o Palmeiras de Abel merece estádio lotado onde quer que jogue. A torcida que foi ao Maracanã, ao Centenário, a Brasília e faz do Allianz um alçapão deveria acompanhar essa equipe em qualquer canto. Como fez em muitas outras ocasiões, apoiando times horrorosos, inclusive em Barueri, entre 2010 e 2013. O maior público da história da Arena Barueri é de um Palmeiras e Corinthians, com torcida única palmeirense, em 18 de fevereiro de 2024: 28.557.
O Allianz é fenomenal, mas, apesar de sua incrível energia, testemunhou eliminações do Palmeiras de Abel para CRB, São Paulo, Boca, Athletico Paranaense. A casa alviverde está estabelecida como um dos estádios mais difíceis para qualquer adversário. Isso não se discute. O que chama a atenção é o desalento com a ida até Barueri. Parece haver algo de político nessa postura, uma crítica ao fato de o time precisar ser retirado de sua casa para abrigar não somente grandes espetáculos, mas alguns shows de segunda linha.
A torcida que canta e vibra é testemunha da fase mais gloriosa de seu time. Está vendo os últimos jogos de Endrick. Tem toda razão de reclamar por não poder usar sua casa por causa de um contrato com cláusulas ruins. Porém, se o time decidisse jogar em Marte, sua torcida deveria se deslocar até lá e levar a mesma paixão que demonstra no Allianz. Por tudo que esse grupo especial de pessoas deu de alegria aos palmeirenses.