Brasil

‘Ajuda, mas não é suficiente’: como clubes veem investimento da CBF na Série D

Conselho técnico do torneio aconteceu na última sexta (15)

No próximo dia 28 de abril começa a disputa do Campeonato Brasileiro da Série D. Ao todo, 64 clubes de todas as 27 federações do Brasil correm atrás da bola em busca de uma das quatro vagas pelo acesso à Série C de 2025 e também da alta premiação no valor de R$ 1,2 milhão de reais, que será dada ao clube vencedor e seu respectivo vice.

Durante o Conselho Técnico da competição realizado na última sexta-feira (15), o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, anunciou que a entidade vai investir nada mais nada menos do que R$ 110 milhões de reais, valor recorde na história da quarta divisão nacional. Ednaldo ainda afirmou durante a reunião que R$ 35 milhões de reais em cotas e premiações serão distribuídos entre os participantes da edição deste ano da Série D, o valor é 40% maior do que em 2023.

Boa parte dos clubes que disputam a quarta divisão do futebol brasileiro precisam deste aporte para conseguir arcar com os custos de logística, manutenção do elenco e da própria estrutura interna para a disputa da competição, que é longa e está prevista para terminar no dia 29 de setembro.

Aporte da CBF vai deixar a competição mais barata aos clubes

Em 2023, o Villa Nova-MG acabou abdicando da sua vaga na disputa do Campeonato Brasileiro da Série D. na época a equipe alegou a falta de tempo para angariar recursos para conseguir montar um elenco competitivo para a disputa da competição e também estava focada em reduzir o seu passivo oriundo de dívidas trabalhistas e fiscais e que não poderia arcar com a disputa do campeonato para conseguir amenizar suas pendências financeiras.

O clube de Nova Lima receberia a vaga da Caldense, que também não conseguiu angariar recursos para a disputa da competição. Este ano, cada um dos 64 clubes receberão R$ 400 mil reais pela participação na quarta divisão nacional e o valor da premiação vai aumentar progressivamente com a classificação dos times na competição. Com isso, os clubes poderão se organizar melhor financeiramente, o que vai deixar a competição mais barata para ser disputada.

Isso porque a CBF vai assumir os custos logísticos com viagens de avião, ônibus e hospedagem em hotéis. Na primeira fase, os times foram divididos de forma regionalizada para evitar viagens muito longas. Contudo, caso haja necessidade de um clube viajar para distâncias maiores, terá o custo logístico pago pela entidade máxima do futebol.

Procurada pela reportagem da Trivela, a diretoria do São José–SP respondeu por meio de sua assessoria que ter um calendário cheio com jogos em âmbito estadual e nacional é também uma porta para arrecadação maior no clube. Além do aporte da CBF, a ideia é aumentar as campanhas de arrecadação com bilheterias, fazendo com que cada jogo em casa seja também uma possibilidade maior para o clube angariar mais recursos e assim consiga contratar melhor e se manter para a disputa da competição.

“O objetivo do São José pra essa Série D foi voltar a ter um calendário completo, um calendário cheio pro ano, para podermos ter um planejamento melhor  com jogos o ano inteiro, no qual possamos brigar por duas frentes, tanto no estadual quanto no nacional e também contar com os nossos torcedores no estádio. O foco do São José com certeza é subir pra Série C e se possível manter esse calendário anual que há 23 anos nós não tínhamos”, respondeu a assessoria da diretoria do São José-SP.

Presidente do Conselho Deliberativo da Inter de Limeira, Paulo Scaraciello Junior, o Liminha, diz que o aporte dado pela CBF é importante. Afinal, em outros tempos, os clubes não tinham nenhuma ajuda para disputar a competição e este valor mostra que a entidade está interessada em aumentar a competitividade do torneio e torná-lo mais atrativo.

Em contrapartida, o dirigente do clube também afirmou que este montante não é suficiente para a manutenção do elenco que chegou até as quartas de final do Paulistão deste ano e o dinheiro será usado para manter os custos básicos do clube e na tentativa de remontagem do grupo de jogadores, já que algumas peças serão vendidas após o bom desempenho no estadual.

“O valor ajuda mas não é o suficiente. Não paga as contas do ano. Claro que é importante. Antigamente não tinha nada de apoio por parte da CBF, mas este valor não vai ,por exemplo, segurar parte dos nossos melhores jogadores. Vamos perder atletas que foram bem no Paulistao”, diz o Conselheiro da Inter que complementa:

“A CBF tem olhado com mais carinho para a Série D, este apoio ajuda, mas os 400 mil reais não são suficientes já que temos uma equipe enorme de funcionários e atletas”.

 

 

Premiação detalhada de cada fase da Série D

  • Fase de grupos: R$ 400 mil;
  • Segunda fase: + R$ 150 mil;
  • Oitavas de final: + R$ 150 mil;
  • Quartas de final: + R$ 150 mil;
  • Semifinais: + R$ 150 mil;
  • Finais: + R$ 200 mil para campeão e vice.

 

Foto de Lucas de Souza

Lucas de SouzaRedator

Lucas de Souza é jornalista formado pela Universidade São Judas em São Paulo. Possui especialização em Marketing Digital pela Digital House, e passagens pelos sites Futebol na Veia e Futebol Interior.
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