Brasil

‘A resistência ao técnico estrangeiro foi destruída pelos últimos trabalhos na Seleção’

Após negociação com Ancelotti esfriar, nome de Jorge Jesus ganha força na seleção brasileira

Tudo parecia encaminhado, Ancelotti já trabalhava nos bastidores pensando na próxima convocação da Seleção, e o torcedor já parecia ansioso para a estreia do italiano. De uma hora para outra, tudo foi por água abaixo. O Real Madrid barrou a saída do seu comandante e complicou os planos da CBF.

Agora, a Confederação Brasileira de futebol teve que recomeçar na procura por um novo comandante antes da próxima data Fifa. Mas uma coisa é certa: o torcedor brasileiro nunca esteve tão convencido de que a melhor opção para o comando da Seleção pentacampeão é um estrangeiro.

Fato, inclusive, inédito. Historicamente, não era uma tarefa fácil achar algum torcedor que defendesse a ideia de ter um treinador não brasileiro comandando a Seleção. Independente dos resultados em campo, a sensação é que a esperança sempre esteve em casa. Em 2025, porém, parece que o cenário é outro.

Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid. Foto: Imago
Ancelotti estava praticamente certo na Seleção Brasileira, mas Real Madrid fechou as portas para a saída do italiano, que deixa a CBF na mão mais uma vez. Foto: Imago

Um estrangeiro nunca esteve tão perto

“A resistência ao técnico estrangeiro foi completamente destruída pelos últimos trabalhos na Seleção.” Assim Andrey Raychtock começou a sua participação no Trivela FC, programa semanal no YouTube da Trivela. Seja Ancelotti, que se afastou de um acordo após a reviravolta, seja Jorge Jesus, outro nome ventilado.

E sem dúvidas, essa mudança de pensamento tem muito a ver com o momento atual da Amarelinha. De dezembro de 2022, quando Tite deixou o comando após seis anos de trabalho, até abril de 2025, três nomes estiveram na Seleção. Dois interinos e um oficializado. Dos três, nenhum convenceu. Muito pelo contrário, a desconfiança no futuro da seleção só aumentou.

Ramon Menezes foi o primeiro deles. Assumiu interinamente em março de 2023 e ficou por quatro meses. Nos 123 dias que esteve à frente da Seleção, comandou três amistosos, com uma vitória contra Guiné, e duas derrotas contra Marrocos e Senegal.

Vale lembrar que o planejamento da CBF, lá em março de 2023, era ter Ramon Menezes – que depois foi substituído pelo próximo nome da lista – como interino até o acerto com Carlo Ancelotti chegar a um desfecho positivo.

Enquanto isso não acontecia, foi a vez de Fernando Diniz assumir interinamente a Seleção. O mineiro seis meses e comandou seis jogos, os primeiros nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo. Apesar de ter começado sua trajetória com duas vitórias contra Bolívia e Peru, o empate frustrante contra a Venezuela e as três derrotas seguidas para Uruguai, Colômbia e Argentina deixaram um gosto bem amargo para o torcedor que esperava mais do técnico que terminou aquela temporada campeão da Libertadores.

Essa, inclusive, foi uma particularidade durante a passagem de Diniz. Ele precisou dividir a atenção de técnico da Seleção Brasileira com as obrigações com o Fluminense. Fato que, claramente, se mostrou mais um equívoco no planejamento da CBF.

Fernando Diniz, ex-treinador da Seleção Brasileira. Foto: Imago
Enquanto treinador da Seleção Brasileira, Fernando Diniz também acumulou a função de treinador do Fluminense por seis meses. Foto: Imago

Linha do tempo do planejamento da CBF

  • 9 de dezembro de 2022: saída de Tite após eliminação para a Croácia, nas quartas de final da Copa do Mundo
  • 3 de março de 2023: Ramon Menezes assume interinamente
  • 4 de julho de 2023: Diniz substitui Ramon Menezes e assume interinamente
  • 4 de julho de 2023: Ednaldo Rodrigues “anuncia” acordo com Carlo Ancelotti
  • 29 de dezembro de 2023: Ancelotti renova com o Real Madrid por dois anos
  • 7 de janeiro de 2024: CBF anuncia Dorival Júnior como treinador
  • 28 de março de 2024: Dorival Júnior é demitido após derrota para a Argentina

Em paralelo, a CBF dava como certa a contratação de Carlo Ancelotti no fim daquele ano, mas o Real Madrid anunciou a renovação do treinador italiano.

Depois do papelão mundial, o terceiro e último treinador durante esse planejamento pouco efetivo da CBF foi Dorival Júnior. Contratado em definitivo após um bom trabalho no São Paulo, o paulista assumiu no início de 2024, dos três foi o que mais comandou a equipe. Nos 446 dias que ficou no comando, foram 16 jogos, com sete vitórias, sete empates e duas derrotas.

O baixo número de derrotas pode confundir o torcedor mais desatento, mas o time de Dorival era constantemente cobrado por melhores atuações. Além de que uma dessas derrotas doeu mais do que o normal. A goleada sofrida contra a Argentina por 4 a 1, que marcou o fim da sua passagem na seleção, tornou a permanência do treinador insustentável.

— Se a gente acreditar que a CBF é brilhantemente comandada pelo Ednaldo Rodriguez, que ele é um gênio, a gente pode começar a achar que a estratégia foi boa, né?! Primeiro anunciou que esperaria o Ancelotti e aí foi colocando técnico que, talvez, não tivesse nível para comandar um trabalho da Seleção para descredibilizar os técnicos brasileiros e tornar a aceitação por um técnico estrangeiro muito mais fácil — comentou Andrey no Trivela FC.

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Seleção Brasileira precisa de um grande nome

A Seleção Brasileira precisa dar uma resposta. E urgente. Quarta colocada das eliminatórias restando quatro jogos para o fim, a Seleção Brasileira definitivamente não tem empolgado os torcedores.

A derrota dura para a Argentina tirou o resto da autoestima do torcedor. Para piorar, a Amarelinha ainda não tem um comandante menos de mês para a próxima convocação, no dia 26 de maio.

E, se confirmada, a segunda recusa de Carlo Ancelotti para comandar a seleção deixou o torcedor ainda mais machucado.

— É muito difícil ver treinadores de ponta, ou de primeira prateleira, em seleções. Eles, geralmente, estão em clubes, muito bem empregados, trabalhando com o dia a dia E essa oportunidade de ter o Ancelotti, que é um técnico de primeira prateleira treinando, só acontece na Seleção Brasileira, porque é a seleção que mais precisa do futebol de seleções. Talvez seja a seleção de que o orgulho de um país está mais depositado. Ninguém sofreu mais com esse declínio do futebol de seleções quanto a gente — finalizou Andrey.

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Trivela FC é o nome da live da Trivela que vai ao ar todas as terças-feiras, às 15h (horário de Brasília), no Youtube. Comandado por Márcio Júnior, o programa conta com a participação dos colunistas Tim Vickery e Andrey Raychtock para debater e contar histórias do que há de melhor e mais interessante no esporte.

Os 13 primeiros episódios que foram ao ar estão disponíveis completos no YouTube da Trivela para você ver e rever. Aproveite e siga o canal da Trivela.

Foto de Márcio Júnior

Márcio JúniorRedator de esportes

Baiano formado pela Faculdade Regional da Bahia. Cobriu de carnaval a Copa do Mundo na TVE Bahia, onde venceu o prêmio de reportagem do mês. Passou pela ALBA, Rádio Educadora, Superesportes e Quinto Quarto antes de se tornar repórter na Trivela.
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