Brasil

Maurício Noriega: Diniz acerta ao chamar Neymar, mesmo que ele não jogue

Em começo de trabalho, treinador precisa sentir qual é a disposição de seu melhor jogador e engatar um relacionamento

Neymar é sinônimo de polêmica. A presença do craque na primeira lista de Fernando Diniz para a estreia da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2026 esquentou os debates esportivos. Não se sabe ao certo a condição física de Neymar, muito por causa do chilique de Jorge Jesus, seu treinador no Al Hilal. O português havia chiado, argumentando que o jogador não reunia condições para jogar.

Data Fifa é de liberação obrigatória por parte dos clubes, a não ser que um laudo médico comprove alguma lesão ou que o atleta decline do chamado.

Ainda que Neymar não jogue contra Bolívia e Peru, entendo que sua presença na lista de Diniz se justifica. O treinador poderá conversar com Neymar e captar sua adesão a uma nova proposta de trabalho e ao relacionamento com um grupo diferente. Se não tivesse convocado Neymar e o atleta aparecesse em imagens treinando normalmente na Arábia Saudita, o mundo cairia sobre a cabeça do novo treinador do selecionado nacional, estaria instalada a primeira crise.

Não vejo a seleção brasileira sem Neymar. Ele ainda é o melhor jogador brasileiro em atividade – mesmo que essa atividade seja pouca. O estilo de jogo do novo treinador pode ser favorável ao atleta. Aproximação, troca de passes, proposta de protagonismo dentro das partidas, movimentação e troca constante de posições.

Há varias formas de imaginar o uso de Neymar pelo chamado Dinizmo. Ganso se recuperou no Fluminense quando poucos acreditavam (eu me incluo nesse grupo). O jogador mais famoso do Brasil pode atuar como um organizador posicionado antes dos atacantes, sem precisar percorrer grandes distâncias. Também existe a possibilidade de jogar mais perto do gol e sem responsabilidade de acompanhar adversário. Neymar é jovem, tem 31 anos, e ainda pode entregar muita coisa se for convencido disso.

Parece-me ser esta a razão principal de ele estar presente na primeira convocação. É bem diferente do que um telefonema, uma chamada com vídeo. Papo reto, sincero, rosto no rosto, participação em atividades de grupo, relacionamento etc.

Convenhamos: Neymar não precisa mais ser testado para servir a seleção brasileira.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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