Brasil

‘A frase foi inadequada…’: Belmonte pede desculpa a Abel Ferreira por xingamento após São Paulo x Palmeiras

Diretor do São Paulo, Carlos Belmonte pediu desculpas por ofensa xenófoba ao técnico do Palmeiras em confusão ocorrida no MorumBIS

Nove dias depois do Choque-Rei, o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, pediu desculpas ao técnico Abel Ferreira, do Palmeiras. Após o empate em 1 a 1, pelo Campeonato Paulista, no MorumBIS, Belmonte chamou Abel de “português de merda”.

– Estou aqui para fazer um pronunciamento, muito mais do que isso, um pedido de desculpas ao técnico Abel Ferreira. No calor, ao final da partida entre São Paulo e Palmeiras, acabei proferindo uma frase inadequada. Portanto, peço desculpas ao técnico Abel Ferreira, ao Palmeiras, uma instituição importante do futebol brasileiro, e também à comunidade portuguesa – disse o dirigente.

O pedido de desculpas já era um desejo de uma ala de grande importância dentro do São Paulo, onde Belmonte também divide opiniões. Mesmo pessoas que entendem e concordam com a revolta do diretor já haviam concluído que ele passara muito do ponto.

O vídeo com pedido de desculpas de Belmonte viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (12). A autenticidade das imagens está confirmada. Mas o São Paulo não confirma a autoria do vídeo, nem quem foi o responsável pela publicação. O caso é tratado como um “vazamento”.

– Naquele momento, eu buscava identificar o técnico Abel Ferreira ao árbitro. Mas de novo, a frase foi inadequada. Com isso, peço desculpas, continuarei defendendo o São Paulo Futebol Clube sempre que achar necessário, mas não mais desta forma. Esta forma foi inadequada, portanto esta forma não repetirei. A defesa do São Paulo Futebol Clube, sim – completou Carlos Belmonte.

Protesto e proibição de usar sala de entrevistas

A ofensa de Belmonte a Abel aconteceu num contexto de forte reclamação, após o empate entre as duas equipes. O São Paulo contestava a marcação de um pênalti para o Palmeiras, a não marcação de um pênalti para o São Paulo e a permanência em campo de Richard Ríos, após solada em Pablo Maia, no lance que originou o gol tricolor.

Além de Belmonte, o presidente Julio Casares também protestou aos gritos, na zona mista, também tendo Abel como alvo. Casares gritava que Abel Ferreira não iria mais “apitar jogo no Paulistão”. O técnico foi inclusive impedido de conceder entrevistas na sala de coletivas do estádio após o jogo.

Na súmula, o árbitro Matheus Candançan relatou que ouviu dos tricolores: “Safados, que pênalti foi esse, sem vergonhas, filhos da p…, vai tomar no c…, você não vai ficar em paz, desgraçados, o Abel apitou o jogo hoje”.

No mesmo dia, o Palmeiras emitiu nota, chamando a atitude de Belmonte de xenófoba, ameaçando processar o clube em todas as esferas cabíveis. O clube também ofereceu a Abel os serviços de seu departamento jurídico. O técnico ainda não sabe se vai processar Belmonte.

Em entrevista concedida na semana passada, Leila Pereira, presidente do Palmeiras, chamou os protestos de Julio Casares, sua contraparte no São Paulo, de “histéricos”.

O Palmeiras, inclusive, não recua da ideia de buscar uma punição para Belmonte. A reportagem apurou também com pessoas ligadas a Abel que o técnico estuda se abrirá processo criminal contra o dirigente. O treinador também entende que Belmonte precisa ser punido, assim como ele, Abel, sempre foi punido quando errou. O Palmeiras colocou seus advogados à disposição de Abel.

São-paulinos denunciados

Na última quarta-feira, o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP) apresentou uma denúncia contra o São Paulo, três dirigentes, três jogadores e um membro da comissão técnica devido à confusão ocorrida no túnel dos vestiários do Morumbi.

Os denunciados incluem os jogadores Jonathan Calleri, Rafinha e Wellington Rato, o presidente Julio Casares, o diretor-adjunto Fernando Bracalle Ambrogi, o diretor de futebol Carlos Belmonte e o auxiliar técnico Estéphano Neto.

Todos esses indivíduos foram acusados com base no artigo 258, inciso 2, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata do “desrespeito aos membros da equipe de arbitragem ou reclamação desrespeitosa contra suas decisões”.

A punição prevista pode variar de uma a seis partidas de suspensão para jogadores ou membros da comissão técnica, e de 15 a 180 dias para os dirigentes e outros membros da delegação.

Carlos Belmonte também foi denunciado com base no artigo 243-F, que trata de “ofender alguém em sua honra por fato relacionado diretamente ao desporto”. A punição para ele pode ser uma multa de 100 a 100 mil reais e suspensão de 15 a 90 dias.

O clube tricolor foi indiciado no artigo 213 por “não tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça desportiva”, podendo receber uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil como punição.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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