Brasil

São Paulo x Milan: uma goleada para coroar um ano (e uma vida) dedicado ao Tricolor

Em reedição da final do Mundial de 1993, São Paulo repete vitória sobre europeus em encontro de gerações

Gosto de dizer que a escolha do meu time do coração não foi minha. Foi dele. O São Paulo me escolheu quando, em um jogo de noite no meio de alguma semana na década de 1990, os meus pais acabaram se conhecendo no estádio do Morumbi. Uma obra dos astros? De Deus? Talvez do próprio Santo Paulo.

E a partir desse encontro, a futura filha mais velha daquele casal não tinha para onde correr. Ela seria São Paulo ou não seria.

Mas também gosto de dizer que eu escolhi o São Paulo. Só que dez anos depois do meu nascimento, em 2005, quando descobri uma nova paixão assistindo aquela vitória histórica contra o Liverpool de Gerrard.

Cresci ouvindo meus pais falando sobre as finais de 1992 e 1993, contra Barcelona e Milan, e como os seus ídolos se formaram naqueles grandes jogos. E em 2005, eu encontrei os meus.

Todos os caminhos levam ao Morumbi

30 anos depois do bicampeonato mundial do São Paulo, o meu destino e o de 30.918 são paulinos acabaram se cruzando com a desse time mais uma vez. Para celebrar esse título importante, o São Paulo promoveu um encontro dos seus ídolos históricos com grandes nomes que já vestiram a camisa do Milan para um confronto no Morumbi, no fim da tarde deste sábado (16).

Em campo, meus ídolos e os dos meus pais.

Qualquer torcedor consciente tinha noção de que não seria uma apresentação primorosa. Estamos falando de jogadores aposentados, alguns de idade relativamente avançada. A graça da coisa estava em rever quem te levou a torcer pelo São Paulo ou conhecer, pela primeira vez, quem indiretamente acabou fazendo isso através dos seus pais.

A partida aconteceria em outros moldes, para respeitar o físico dos ex-atletas: dois tempos de meia-hora e um intervalo de 20 minutos. No primeiro gol tricolor, um encontro de gerações. Kaká, que é meu ídolo de infância, deu uma bela assistência para Válber, ídolo dos meus pais, marcar aos 13 minutos.

O primeiro tempo valeu pelo simbolismo de ter tantas lendas em campo e o carinho dos torcedores, que aplaudiram mesmo quando Ricardo Oliveira fez o primeiro gol do Milan, depois de receber um grande lançamento de Seedorf, aos 21 minutos.

Voltando do intervalo, a magia aconteceu. Dodô, lembrado por seus lindos gols, tabelou com Amoroso e marcou um golaço, aos cinco minutos. E nos minutos finais da partida, o artilheiro deixou mais dois, aos 25 e aos 30. Mais uma vez, vitória tricolor.

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Um jogo para coroar um ano (e uma vida) dedicado ao São Paulo

Em 1993, meus pais e o de tantos outros são paulinos da minha idade viram nosso time fazer história, vencendo bravamente a melhor equipe europeia do mundo naquele momento. E foi de forma corajosa, já que por duas vezes o tricolor saiu na frente com gols de Palhinha e Cerezo, mas nas duas oportunidades viu o Milan empatar logo depois.

O gol da vitória que coroou o bicampeonato mundial veio de Muller, faltando cinco minutos para o fim do jogo.

Em 2023, eu e tantos outros são paulinos da minha idade vimos nosso time fazer história, conquistando uma inédita Copa do Brasil, contra o – até então – campeão do torneio. Depois de levar o empate no placar geral com Bruno Henrique, Nestor apareceu para marcar um golaço de fora da área, coroando o ano do Tricolor com uma taça que escapou tantas vezes.

O São Paulo está de volta à fase de grupos da Libertadores, a ser disputada em 2024. Nem eu, nem meus pais, ou qualquer outro são paulino é capaz de dizer se essa equipe é capaz de chegar a uma final de Mundial mais uma vez. Com tantos fortes concorrentes e alguns problemas que ainda persistem no clube, é provável que o nosso retorno ainda não seja agora.

Mas ao ver a história e o patrimônio vivo do São Paulo em campo no fim deste ano, não foi só um renovar de esperanças. Foi a lembrança de que o caminho das glórias do passado nunca foi fácil. Que a alcunha de clube da fé não foi dada à toa. Que a moeda não cai em pé o tempo todo.

Mas em algum momento ela cai. E a grandeza do São Paulo para voltar a ocupar as prateleiras mais altas do futebol mundial é como o sentimento do seu torcedor, do mais velho ao mais novo. Jamais se acabará.

Foto de Maria Tereza Santos

Maria Tereza SantosSubcoordenadora de conteúdo

Me formei em Jornalismo pela PUC-SP em 2020. Antes de escrever para a Trivela, fui editora na ESPN e PL Brasil e repórter na Veja Saúde, Folha de S.Paulo e Superesportes.
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