Uma avaliação sincera sobre o começo de Carpini: o que deu certo e o que precisa melhorar
Em menos de um mês, Carpini já faz história pelo São Paulo, mas (obviamente) trabalho ainda tem que evoluir
Quebrou o tabu contra o Corinthians em Itaquera na terça-feira (30), conquistou o título inédito da Supercopa do Brasil no domingo (4) em mais um clássico, desta vez contra o Palmeiras, se tornou o técnico mais jovem em 30 anos a ser campeão pelo clube. Tudo isso vivido (e festejado) no intervalo de seis dias e com menos de um mês completo no cargo e exatos cinco jogos no comando da equipe.
Thiago Carpini mal chegou e já pode se orgulhar de fazer história pelo São Paulo – e antes mesmo de completar 40 anos de idade. O técnico de 39 anos vive um início de trabalho com resultados sólidos dignos de causar inveja a colegas de profissão bem mais experientes. E mesmo jovem, o treinador mostra maturidade de sobra para entender o peso exato dos feitos que coleciona em tão pouco tempo e a responsabilidade que eles trazem par a sequência de seu trabalho.
– Esses jogos são divisores de águas. Quando se perde um clássico, pode ser que cause um certo desconforto, desconfiança. E isso pode atrapalhar uma sequência de trabalho, de construção de ideias. O trabalho em função disso pode ser interrompido. Não existir continuidade. Dá, sim, uma tranquilidade, mas, por outro lado, aumenta-se a responsabilidade com nós mesmos, com o nosso torcedor. Uma das grandes virtudes que temos é reconhecer as nossas limitações – afirma Carpini.
“Não é por conta de uma vitória que temos o melhor elenco do Brasil, que não temos coisas a ser melhoradas. As coisas a ser melhoradas e as limitações, eu guardo para mim. Eu quero só valorizar a boa equipe, o ambiente de atletas, de pessoas no nosso vestiário” (Carpini)
Thiago Carpini fala com a consciência de quem sabe que os feitos desta última semana perfeita respaldam a decisão da diretoria de buscar sua contratação. Os resultados afastam a desconfiança (admitida por ele próprio) que pairou em seu trabalho por ser um técnico emergente. Ao mesmo tempo, eles dão tranquilidade para o próximo passo no comando do clube: fazer a equipe encaixar e evoluir sob a sua ideia de jogo.
Porque é importante que se diga também o óbvio: o São Paulo ainda precisa encaixar e evoluir sob a ideia de jogo do treinador. E nem poderia ser diferente para um treinador que chegou em meio à pré-temporada, tem apenas cinco jogos no comando e sequer completou um mês no comando de seu primeiro grande clube na carreira. Abaixo, a Trivela elenca alguns pontos que já dão certo e outros que precisam melhorar no Tricolor de Thiago Carpini.
Time já joga com identidade (que deve mudar aos poucos)
Carpini chegou sob a promessa de aproveitar o legado de Dorival Júnior para construir uma equipe com estilo de jogo mais “impositivo” para implementar um jogo de valorização de posse de bola. Ele colocou tudo isso em prática até agora. O treinador armou o São Paulo à semelhança de seu antecessor. O Tricolor de 2024 atua no mesmo 4-2-3-1 de 2023. A única diferença estrutural foi o posicionamento de Lucas Moura, aberto pela esquerda no lugar que era de Rodrigo Nestor, lesionado. Luciano voltou ao time para atuar centralizado.
Assim, o São Paulo conseguiu fazer seu jogo de imposição e posse em todas as partidas – bem menos contra o Palmeiras, é verdade, mas ele também se fez presente no Mineirão. Prova disso é que o São Paulo teve mais posse de bola em todas as cinco partidas até agora. Passados os dois clássicos tão importantes nesse início de ano, o treinador começará a implementar mais a fundo os seus conceitos para dar a sua cara à equipe. Este é o próximo passo.
Thiago Carpini em 5️⃣ jogos pelo Tricolor:
3️⃣ Vitórias
☑️ Quebra de tabu
🏆 Título inéditoQue início, professor!#SuperCampeãoDeTudo#VamosSãoPaulo 🇾🇪 pic.twitter.com/4cagdwCa3P
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) February 5, 2024
Bola aérea defensiva ainda dá trabalho
O ponto de maior preocupação até agora no São Paulo é a bola aérea defensiva. A equipe sofreu três gols nos cinco jogos com Carpini. Todos os três gols tiveram origem em cruzamentos para a área. Curiosamente, o Tricolor conseguiu se segurar bem contra a equipe que melhor usa esta arma, entre os adversários enfrentados nesta temporada. E muito graças ao seu centroavante.
Calleri não balançou as redes no Mineirão, mas foi essencial para o São Paulo garantir o zero no placar e levar a decisão aos pênaltis. O centroavante cansou de afastar de cabeça os muitos cruzamentos tentados pelo Palmeiras de Abel Ferreira em cobranças de escanteio. Mesmo assim, a equipe vazou na bola aérea em duas oportunidades. Por sorte, o Alviverde não acertou o alvo.
Próximo passo é deixar São Paulo mais agressivo
A partida contra o Palmeiras de Abel Ferreira, um rival que marca época por sua solidez defensiva, também foi prova de que este São Paulo que tanto valoriza a posse de bola ainda precisa ser uma equipe com mais repertório ofensivo. A equipe conseguiu finalizar apenas seis meses no Choque-Rei, contra 13 do rival, que ainda teve menos a bola ao longo da partida.
Das partidas até agora, o São Paulo conseguiu ser agressivo e impositivo apenas na estreia, com vitória por 3 a 1 sobre o Santo André – e muito graças à grande atuação de Lucas. Depois disso, a equipe teve dificuldades para criar chances e ter volume ofensivo nas outras quatro partidas da temporada.
Os próximos jogos do São Paulo
- São Paulo x Água Santa – Campeonato Paulista – quarta-feira, 07 de fevereiro, 21h35 (horário de Brasília)
- Ponte Preta x Corinthians – Campeonato Paulista – sábado, 10 de fevereiro, 18h00 (horário de Brasília)
- São Paulo x Santos – Campeonato Paulista – quarta-feira, 14 de fevereiro, 19h30 (horário de Brasília)