Santos: Qual é o estado emocional do elenco para seguir após levar 7 a 1 do Internacional?
Depois do vexame diante do Internacional, no Beira-Rio, Santos começa a preparação para encarar o Coritiba
Ainda com a goleada por 7 a 1 sofrida para o Internacional, domingo (22), no Beira-Rio, martelando na cabeça, o Santos iniciou, na tarde de segunda-feira (23), a sua preparação para encarar o Coritiba, quinta-feira (26), às 21h30 (horário de Brasília), na Vila Belmiro, pela 29ª rodada do Campeonato Brasileiro. E uma das preocupações do torcedor para o próximo compromisso é sobre o estado emocional do elenco visando o duelo com o Coxa após o vexame dado na capital gaúcha. Por isso, a Trivela foi em busca da ajuda de quem realmente entende a cabeça de atletas de alto rendimento nos bons e maus momentos.
Professor sênior do Departamento de Psicologia da Universidade de Gloucestershire, no sudoeste da Inglaterra, Alberto Filgueiras foi psicólogo do Flamengo, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e trabalhou com diversos esportistas de diferentes modalidades. E, segundo ele, a goleada para o Internacional dificilmente será um obstáculo para o Santos contra o Coritiba.
Um festival de gols e uma super vitória do Colorado!
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— Brasileirão Assaí (@Brasileirao) October 23, 2023
– Por mais doloroso que tenha sido, a derrota para o Internacional já estará superada antes da partida contra o Coritiba. Até lá os jogadores terão tempo de digerir tudo, se recuperar da ressaca moral, conversar entre eles no clube e pensar em maneiras para não errar como erraram no Beira-Rio. Para o início do jogo certamente estarão zerados. Ainda mais num clube como o Santos, que é um dos que contam com o trabalho de psicologia e tem um psicóloga super competente como a Juliane Fechio. Ela certamente será chamada para fazer algo com os atletas, ainda que de maneira emergencial, pois tem um trabalho sólido e os jogadores estarão mais preparados emocionalmente contra o Coxa. O medo do fracasso será bem menor – explica Filgueiras.
Diretoria e torcida são primordiais para o mental
Para que os jogadores cheguem de fato zerados para o duelo com o Coritiba em relação ao vexame no Beira-Rio, o psicólogo explica que a diretoria é essencial. Conforme a ciência e toda a sua experiência no esporte, mais cobranças por parte da cúpula alvinegra e da torcida podem fazer com que parte do filme protagonizado em Porto Alegre se repita na Vila Belmiro.
– Se a abordagem aos jogadores for de cobrança por parte da diretoria nos dias que antecedem ao jogo e de pressão da torcida logo no início da partida, o andamento do jogo pode incomodar os atletas. Se a partida estiver difícil, com lances de perigo ou até mesmo um gol do Coritiba, um turbilhão de sentimentos serão retomados pelos jogadores mais fragilizados emocionalmente. Ficar em desvantagem no placar em razão de uma falha individual pode colocar o time inteiro numa ladeira abaixo mesmo contra o Coxa, que também não vive um bom momento no Campeonato Brasileiro – diz o psicólogo.
– Por isso, o apoio dos dirigentes e da torcida é de extrema importância para os jogadores do Santos neste momento – acrescenta.
Excesso de cuidado pode atrapalhar o Santos
Entrar em campo sem pensar no que aconteceu diante do Internacional é o primeiro passo para que o Santos recupere as atuações que o levou às vitórias sobre Bahia, Vasco e Palmeiras. De acordo com Filgueiras, ficar acuado na hora de tomar decisões mais complexas dentro da partida com medo de cobranças internas ou da torcida certamente será favorável para o Coritiba, que é o penúltimo colocado do Brasileirão, e vai à Vila Belmiro como franco-atirador.
– Vamos pegar o jogo de domingo como exemplo. Conforme o Internacional foi fazendo os gols a confiança dos seus jogadores aumentava. Por outro lado, os atletas mais fragilizados psicologicamente do Santos passaram a apresentar comportamentos de dificuldade e querendo tomar muito cuidado nas ações feitas. Mas não se pode ter muito cuidado no esporte de alto rendimento, porque esse excesso de zelo significa o medo do fracasso. É um problema grave. No esporte de alto rendimento a ousadia é necessária. E ela só vem quando você está seguro. Os jogadores não podem ter medo do julgamento público da torcida ou da imprensa – explica o psicólogo.
– Ainda falando sobre o duelo com o Internacional, diante da falta de concentração e do estresse associado ao problema vivido, e nesse caso pode ser o risco de rebaixamento, o time inteiro se viu contaminado e sem saída. Provavelmente essa combinação contribuiu para um resultado tão impactante como foi o 7 a 1. E é justamente isso, o medo do fracasso, que não pode acontecer contra o Coritiba – completa Filgueiras.
Fatores psicológicos positivos
O técnico Marcelo Fernandes ainda não trabalhou a equipe que começará a partida da próxima quinta-feira, mas já tem três novidades que vão dar mais confiança aos seus comandados e à torcida: os retornos do goleiro João Paulo, do meio-campista Jean Lucas e do atacante Soteldo, que cumpriram suspensão contra o Inter e voltam diante do Coritiba.
Com 30 pontos conquistados, o Santos é o 18º colocado do Campeonato Brasileiro e abre a temida zona de rebaixamento, onde também está o Coxa, dono da 18ª posição, com apenas 20 pontos.