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‘Qual benefício o clube tem?’: Renato justificou o fechamento dos treinos do Grêmio à imprensa

Depois de definir que todos os treinamentos do Grêmio serão fechados à imprensa, o técnico Renato Portaluppi explicou a decisão

A entrevista coletiva de Renato Portaluppi, na noite deste domingo (10), após a vitória do Grêmio sobre o Brasil de Pelotas, que classificou o Tricolor à semifinal do Campeonato Gaúcho, até começou com predominância do assunto campo e bola. Porém, a principal pauta virou o fechamento do CT Luiz Carvalho à imprensa, deliberado pelo treinador gremista na semana passada, após dias em que recebeu fortes críticas pelo planejamento adotado para a disputa da Recopa Gaúcha.

Na segunda-feira passada (4), a assessoria de imprensa do Grêmio divulgou nota em que explicava que os treinos reservados visavam o foco na reta final do Gauchão, e que a decisão foi tomada em conjunto pela direção e pela comissão técnica. Mas Renato deixou claro, neste domingo (10), que não foi bem assim. E frisou que a prática adotada Tricolor já é corriqueira em outros lugares.

— Vocês precisam entender uma coisa: a Europa faz isso há muito tempo. Clubes do Brasil fazem isso há muito tempo. E até parece, quando pedi para fechar os portões, que estou revolucionando o futebol gaúcho, fazendo coisa de outro planeta. Isso vai ser uma rotina nos clubes brasileiros. Um vai copiando o outro. Não tem nada contra vocês, sabem que sempre tratei muito bem vocês — afirmou Renato, que fez um questionamento à imprensa.

— Qual o benefício que o clube tem em vocês estarem lá presentes no treino? Os únicos beneficiados são vocês. Eu entendo, é o trabalho de vocês. Mas muitos de vocês vão lá, pegam as imagens, ganham dinheiro lá fora, criticam a gente para caramba, ganham dinheiro em cima do clube, e muitas vezes temos que esperar vocês saírem para fazer os treinos secretos. Nós nunca fomos convidados para ir no trabalho de vocês — reclamou o treinador.

Imprensa foi barrada, mas assessoria tem acesso completo

Sem a presença de repórteres dos veículos de comunicação, as únicas imagens disponíveis dos treinamentos são as produzidas pelo próprio Grêmio. O mesmo vale para entrevistas com os jogadores.

— As imagens que estamos passando para os torcedores são imagens melhores ainda, porque a nossa TV eu permito que entre no campo, as imagens são mais próximas. Entrevistas com os jogadores quase que diariamente… jogador não gosta de dar entrevista, eu também não gosto de dar entrevista, mas de vez em quando a gente tem que dar. Para a TV do Grêmio a gente dá, a gente brinca, dá entrevista, coisas que vocês não têm todos os dias. Tirem da cabeça que o Renato está castigando a imprensa. Se tratarem bem, daqui a pouco dou uma liberada, mas vai ser difícil – projetou.

Toda imprensa paga por três ou quatro críticos que têm incomodado Renato

Questionado por uma repórter sobre o porquê de fazer isso agora, quando grandes títulos do Grêmio foram conquistados com a imprensa tendo acesso aos treinamentos, Renato se esquivou. Disse que o Tricolor também ganhou do Brasil após a semana com portões fechados. E deixou claro que todos estão pagando por alguns.

— É necessário mais respeito da parte de três, quatro, de vocês com o clube. Eu faço o que? Proíbo só esses três, quatro? Não dá. Eu gostaria que eles pudessem ir no treino. Vão lá, falam tanto… a crítica é válida. Mas no momento que ultrapassa a crítica… e têm três, quatro pessoas aqui no sul que ganham muito dinheiro criticando, para ganhar clique. Têm uns colorados doentinhos, que eu não tenho nada contra, cada um torce para o clube que quer, mas tem que ter coragem. Coloca logo a camisa do Internacional para falar. E alguns gremistas se aproveitam, falam que são gremistas, mas no fundo querem clique para ganhar dinheiro – disparou.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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