Brasil

Problemas físicos (e muitos!) marcam temporada decepcionante do Internacional

De Mano Menezes a Eduardo Coudet, problemas físicos marcam a decepcionante temporada 2023 do Internacional

O 2023 do Internacional é decepcionante. Eliminado na semifinal do Campeonato Gaúcho e nas oitavas de final da Copa do Brasil, o Colorado apostou todas as fichas na Libertadores, em que voltou a uma semifinal depois de oito anos. Porém, a dolorosa eliminação para o Fluminense fez com que a reta final da temporada fosse melancólica, com pouca ambição em um Campeonato Brasileiro no qual o Inter sempre figurou na parte debaixo da tabela de classificação.

Ao longo de toda temporada, de Mano Menezes a Eduardo Coudet, a parte física foi um dos principais problemas do Internacional. Usado excessivamente como desculpa pelos treinadores em alguns momentos, mas inegável para quem observa as partidas do Colorado.

Mano Menezes apontou preparação física como principal problema no início da temporada

A dificuldade vem desde a pré-temporada. Durante vários jogos do primeiro semestre, Mano negou o problema. Mas reconheceu e externou após a demissão do preparador físico Jean Carlo Lourenço, hoje no Cuiabá, em maio.

— Temos muito respeito ao profissional que sai. O que se tem que fazer que quando se acha que as coisas não estão bem é modificar. Não viemos a público discutir certas questões porque não se discute, mesmo que às vezes eu concorde. Você dá oportunidade, tenta modificar, mostra certos caminhos, mas o responsável pela preparação física era o professor Jean Lourenço. Ele precisa ser respeitado como profissional e fizemos até onde achamos que deveríamos — disse Mano, à época.

O treinador foi mais incisivo após perder o clássico Gre-Nal, pelo primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Foi a quinta derrota seguida do Inter, na pior sequência do ano.

Mano Menezes durante clássico Gre-Nal perdido pelo Internacional em maio. Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional

— Faz quatro jogos, antes de hoje, que sempre substituo meus dois volantes por desgaste físico. Nenhum time do mundo substitui dois volantes por desgaste físico. Quando a gente chega nesse ponto é porque alguma coisa muito grave aconteceu antes. É esse o ponto de partida pelo qual nós começamos a entender porque chegamos nesse ponto. Essas coisas, algumas delas sempre vão levando a outras coisas. Aí nós temos uma queda técnica, um jogador que toma decisão não tão boa. Porque o atleta é preparado na sua totalidade. E nós não conseguimos fazer isso da maneira como deveríamos ter feito — afirmou.

Com a saída de Jean Carlo, o Inter trouxe Antonio Carlos Fedato Filho para o cargo de coordenador de performance. Duas semanas, o preparador físico Flávio de Oliveira, que havia deixado o clube no final do ano passado para ir ao Corinthians, retornou.

Com futebol intenso de Coudet e jogadores veteranos, Inter sofre no segundo tempo das partidas

Em julho, Mano Menezes foi demitido, e Eduardo Coudet chegou com sua comissão técnica, que conta com dois preparadores: Octavio Manera e Guido Cretari. O futebol intenso, de marcação pressão e linhas altas fez com que o Inter apresentasse bom desempenho no primeiro tempo de vários jogos. Mas isso costuma cobrar preço na segunda etapa, até por conta da média de idade avançada do elenco.

Coudet cobra muita intensidades de seus jogadores. Foto: Maxi Franzoi/IconSport

Duas das principais contratações do Inter nesta temporada, Enner Valencia e Aránguiz têm 34 anos. Eles se somaram a um time que já tinha Mercado (36), Alan Patrick (32) e Renê (31). A formação ideal de Coudet tem média de 29.5 anos.

Além disso, o nível técnico significamente inferior dos reservas, que também têm jogadores veteranos como Bruno Henrique (34) e Luiz Adriano (36), faz o Inter decair demais com as trocas. Por isso o drama da segunda etapa dos jogos: substituir para tentar manter a intensidade, ou levar ao limite jogadores experientes para não ter perda tecnicamente.

Nos últimos jogos, além de apresentar dificuldade para sustentar resultados, o Inter viu alguns de seus principais jogadores sofrerem com desgaste e flertarem com lesão. Por conta da fadiga, Aránguiz precisou ser substituído no intervalo das partidas contra Fluminense e Palmeiras. Em Barueri, Enner Valencia sentiu desconforto muscular e também teve que sair.

— Tivemos jogos com o grupo que estava fisicamente morto. Foram sete, oito rodadas seguidas, jogando a cada três dias. […] Para armar o time hoje, foi depois do meio-dia, perguntando como estava cada um. Às vezes, além do cansaço, o jogador pode entrar em campo fazendo aquecimento prévio. Depois, sabíamos que tinhamos algumas trocas certas. Caso de Enner, de Alan, que no fim não saiu, porque tínhamos outras trocas na frente porque perdíamos jogadores — disse Coudet após a derrota por 3 a 0 para o Verdão.

O treinador espera que, com as duas semanas sem jogos por conta da Data Fifa, possa recuperar os atletas fisicamente. O Inter volta a campo no domingo (26), às 18h30min, contra o RB Bragantino, no Beira-Rio.

— Se hoje podemos falar de cansaço, não poderemos falar quando jogarmos daqui a duas semanas. Nessas duas semanas, veremos quem pode voltar, os que vão à Seleção. Os demais, temos que nos preparar para mostrar que realmente era cansaço que não nos permitia mostrar todo futebol — concluiu Coudet.

Internacional no Campeonato Brasileiro 2023

  • 13ª colocação com 43 pontos
  • 34 jogos, 11 vitórias, 10 empates e 13 derrotas
  • 42% de aproveitamento
  • 38 gols feitos e 43 gols sofridos
Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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