Problema não está nos adversários: chegou a hora de o Palmeiras jogar futebol em 2024
Dá para contar nos dedos os jogos verdadeiramente bons do Palmeiras de Abel Ferreira neste ano

Por maiores que sejam a tristeza e a perda técnica com o adeus de Endrick, é possível que a ruptura definitiva com o jogador seja o empurrão que o Palmeiras precisa.
A impressão sobre o time neste ano é que, num limbo entre ter ou não o jogador, entre preparar um time com ele para a próxima rodada, mas sabendo que já não o teria em junho, o carro do Verdão ficou travado na segunda marcha. Sem conseguir deslanchar.
Dá para contar nos dedos de uma mão, os bons jogos do Palmeiras na temporada. Não aqueles em que o time foi superior ao adversário e venceu, apenas. Mas aqueles em que jogou verdadeiramente bem e agradou à torcida.
Corinthians, na primeira fase do Paulista (2 a 2) — empate patético à parte. Ponte Preta, na semifinal do Estadual (5 a 1). Palmeiras 2 x 0 Santos, também no Estadual, na final. E a goleada por 5 a 0 no Liverpool, em Montevidéu, pela Copa Libertadores.
No restante das partidas, embora tenha vencido 18 dos 31 jogos no ano, e perdido apenas três, o Palmeiras jogou para o gasto. Porque é um time muito organizado e de nível técnico alto, muitas vezes o gasto bastou. Mas não contentou nem a torcida, nem a crítica.
O problema não está nos adversários
Porque foram muitos jogos apenas razoáveis no ano, o que mais se ouviu de Abel Ferreira, ao fim dos jogos, além do cansaço, foi que o adversário dificultou muito para o Palmeiras.
Que se fechou, que mal passou do meio-campo, que apenas se defendeu, que recuou muito as linhas e colocou até seis jogadores na última delas.
Muitas vezes, isso é verdade. De cada dez adversários, sete ou oito se defendem excessivamente quando encaram o Palmeiras. Mas se é para explicar os resultados com um “o adversário fez o jogo ser difícil”, a entrevista coletiva nem é necessária. Quem viu o jogo sabe.
Até o Bonamigo
Se é para parar nas dificuldades oferecidas pelo adversário, o Palmeiras não precisa do melhor técnico de sua história na área técnica. Paulo Bonamigo ou Estevam Soares também são capazes de não vencer porque o adversário se defendeu muito.
Abel Ferreira está no Palmeiras como técnico mais bem pago das Américas porque merece. Seu trabalho, capacidade e resultados são incontestáveis. Mas é para superar os desafios propostos pelos adversários que ele está no clube.
Sem Endrick, com a chegada de Felipe Anderson e a volta de Dudu, a comissão técnica sabe o que tem em mãos, em termos de mão de obra. Agora é achar a melhor maneira de fazer o time jogar.
Porque nenhum adversário vai ser bonzinho e se defender menos para ajudar Abel e o Palmeiras a conseguirem os resultados. O calendário também não vai ficar mais ameno. E, muito provavelmente, o Verdão vai voltar a jogar a Arena Barueri.
Independentemente de todos esses problemas, o Palmeiras precisa, sim, ser cobrado para as conquistas. Obrigação de ganhar, não tem. Obrigação de fazer o melhor possível, sim. E não é isso que o Palmeiras de 2024 está oferecendo ao seu torcedor.