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Quem é o ‘novo’ Bernard e por que ele não é prioridade no Atlético-MG?

Cria da base do Atlético deseja voltar ao clube, que analisa a situação, mas não o coloca como prioridade pelo seu agora diferente estilo de jogo

Bernard deixou o Atlético-MG há mais de 10 anos como um ponta de muita velocidade e de drible. Hoje, ele atua de forma diferente disso, e justamente essa mudança é o motivo principal do Galo não tratar o seu retorno como uma prioridade – apesar do desejo sim de repatriá-lo. Mas afinal, como joga esse “novo” Bernard? A Trivela te conta e explica o pensamento do clube alvinegro.

Nas temporadas de 2012 e 2013, quando Bernard apareceu para o mundo, no auge de seus 20/21 anos, ele era a válvula de escape do Atlético. Ponta esquerdo, ele era sempre acionado em velocidade nas costas da defesa ou mesmo aberto para concluir uma jogada. Com o 1×1 muito forte, o jogador era importante para desafogar o time atleticano em vários jogos. Além disso, ele foi potencializado por ninguém mais, ninguém menos do que Ronaldinho Gaúcho, que dava sempre excelentes passes para ele.

Bernard deixou o Atlético no meio de 2013, passou por Shakhtar Donetsk-UCR, Everton-ING, Al-Sharjah-UAE e agora está no Panathinaikos-GRE. 11 anos, está em fim de contrato na Grécia e se ofereceu ao Galo, colocando o clube como prioridade na sua volta ao Brasil. Só que, do lado do clube, é ao contrário. O jogador não é prioridade no momento, pois o Alvinegro busca um ponta jovem, habilidoso e de velocidade, exatamente o que Bernard era quando saiu, mas não é mais.

O “novo” Bernard

Ao longo dos anos, Bernard foi ficando mais velho, óbvio, e mudando um pouco o seu estilo de jogo. Por conta da idade, perdeu velocidade (assim como todos os jogadores), mas isso não quer dizer que ele não é mais um jogador veloz, pelo contrário, segue sendo um jogador muito ligeiro comparado a maioria.

Mesmo ainda sendo um jogador veloz, Bernard deixou de ser quem era acionado para ser o acionador, ou seja, ele não é mais quem recebe a bola do meia para concluir uma jogada, é ele quem cria a jogada para outros finalizarem. Não à toa, hoje é o camisa 10, fazendo jus ao número que veste, sendo o organizador do time.

Com o passar do tempo, Bernard ficou claramente mais inteligente jogando, até por isso se tornou um meia-armador, de criação. O mapa de calor do jogador ao longo dos anos mostra bem essa mudança dele. Inclusive, o jogador deixou de atuar mais pelo lado esquerdo e hoje está caindo mais para a direita. Mesmo não sendo mais ponta, é fácil acompanhar jogadas dele mais aperto do que centralizado. Pela agilidade que tem, também é normal ver ele em vários setores do meio-campo.

Bernard quando ele ainda era ponta, no Everton, e agora como meia na Grécia (Reprodução/SofaScore)

Por que ele não é prioridade para o Atlético?

Como citado, o Atlético busca no momento um jogador jovem, que atue pelas pontas, tenha habilidade e um forte 1×1. Por isso Bernard, que não é mais esse jogador, não é a prioridade para o clube no momento. Fora que ele só chegaria a partir do meio do ano, que é quando seu contrato se encerra na Grécia.

Mas vale destacar que Bernard não ser prioridade para o Atlético, não quer dizer que o clube não queira contratá-lo. É desejo, sim, do Galo repatriá-lo, desde que ele se encaixe nas condições financeiras que o clube pode oferecer hoje. Nas redes sociais, o jogador vem curtindo algumas postagens que falam da volta dele para o Alvinegro.

As curtidas de Bernard sobre o retorno dele ao Atlético (Reprodução)

Bernard pode chegar ao Atlético em um momento oportuno para o clube fazer uma troca, já que ele pode se apresentar exatamente no mesmo dia em que o clube pode se despedir de Pedrinho, que faz exatamente a mesma função e tem características bem parecidas, já que o contrato de empréstimo dele se encerra e as chances dele ficar são poucas diante do cenário atual, como a Trivela informou nesta quarta-feira (17).

Bernard pelo Atlético

Mineiro de Belo Horizonte, Bernard foi revelado pelo Atlético em 2011, depois de bons desempenhos nas categorias de base. Chegou a jogar improvisado como lateral-direito, mas ganhou muito notoriedade em 2012, com a chegada de Ronaldinho Gaúcho e o início do que seria uma trajetória histórica para todos no clube. Naquele ano, venceu os prêmios de revelação do futebol brasileiro. No ano seguinte, foi peça fundamental para o Galo na histórica campanha do título da Libertadores, tendo dado o cruzamento do gol de Léo Silva nos minutos finais, que levou o jogo para a prorrogação e posteriormente pênaltis, com o Alvinegro levando a melhor.

Ao todo, Bernard entrou em campo exatamente 100 vezes com a camisa do Atlético, marcando 22 gols. O ótimo desempenho no Galo o levou a Seleção Brasileira, onde disputou a Copa do Mundo de 2014. Ainda em 2013, deixou o Alvinegro logo após a conquista da Libertadores rumo ao Shakhtar Donetsk, se tornando a maior venda da história do clube: 25 milhões de euros (R$ 77 milhões na época e R$ 130 milhões com o valores corrigidos pela inflação atual).

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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