Brasil

Ainda discreto no Al-Hilal, Neymar volta para Seleção com status de referência intacto

Neymar vive pior início por um time na carreira, mas se apresenta à Seleção para comandar equipe contra Venezuela e Uruguai

Acostumado com o protagonismo, Neymar vive raros dias de coadjuvante na Arábia Saudita. O camisa 10 sequer fez falta à equipe na vitória por 3 a 0 sobre o Al-Akhdoud, no último sábado (7), pela Liga Saudita, enquanto estava no Brasil para acompanhar o nascimento da filha Mavie. Mas tudo isso muda, agora que o atacante está de volta ao convívio de sua “família” na Seleção Brasileira.

Neymar desembarca em Cuiabá na manhã desta terça-feira (9), para os jogos contra Venezuela e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O atacante se apresentou à Seleção, mas pode chamar também de ‘casa'. É assim que o craque se sente ao vestir a camisa 10 do Brasil e pisa o gramado para voltar a ser referência do time, sob o comando de Fernando Diniz.

A mudança de ares – da aridez de Riade para a umidade de Cuiabá – se reflete diretamente em campo. Neymar nunca havia vivido um início tão ruim em sua carreira quanto o que vive no Al-Hilal. Após sonhar com a Bola de Ouro, hoje ele está acordado no ostracismo de uma liga considerada menos competitiva. Mas basta estar com a Seleção para que tudo isso fique em stand by.

No Brasil de Fernando Diniz, Neymar ainda é a referência. O treinador não só não se preocupa com o momento em solo árabe, como se empolga com tudo o que viu do camisa 10 em campo pela Seleção – seja nos treinos, ou nos dois jogos até agora.

“O Neymar é um talento, um tipo de jogador que demora muito para nascer outro. Ele é muito especial. Vendo de fora, eu afirmei várias vezes isso. Ele é muito, muito, muito fora da curva. É um dos maiores jogadores da história”. (Fernando Diniz)

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Momento não preocupa a Seleção Brasileira

Ainda antes de anunciar a sua primeira convocação, Fernando Diniz se preocupava com o impacto que atuar em uma liga menos competitiva e no calor escaldante da Arábia Saudita poderia ter no futebol de Neymar na Seleção. Bastou a primeira Data Fifa para a preocupação do técnico se dissipar graças à resposta do jogador.

O atacante é defensor e admirador confesso do trabalho do treinador e comprou sua ideia de imediato. Os relatos são de que Neymar só aceitou voltar à Seleção após a Copa do Mundo de 2026 graças a Fernando Diniz. No dia a dia de trabalhos, o camisa 10 se mostrava sempre interessado e abraçou a missão de ser a referência da equipe em campo, mas com função diferente.

Com Diniz, Neymar percorre todo o campo e às vezes se posiciona até como zagueiro para iniciar as jogadas. Ver o jogador correndo até a linha de defesa durante um treinamento virou motivo de orgulho para Diniz. Em uma entrevista coletiva, o atacante chegou a revelar espanto com a metodologia de Diniz.

– O Diniz faz um trabalho completamente diferente de tudo o que eu presenciei. É um outro tipo de futebol. Tem mentalidade muito diferente. A maioria dos treinadores fazia quase as mesmas coisas. O Diniz, não. Ele gosta de reinventar o futebol, dar opções. É um cara muito interessante. Achei muito diferente. Mas muito prazeroso de chegar à Seleção. Depois de 13 anos, vem um cara te colocar um estilo de jogo completamente do que você fez – disse Neymar.

“Em casa” na Seleção, Neymar abraçou a missão de comandar a Seleção na mesma medida em que foi abraçado por comissão técnica e jogadores. Prova disso é que até mesmo companheiros de longa data – caso de Danilo, que atua com o atacante desde os tempos de Santos – perceberam que o camisa 10 está feliz como não ficava há muito tempo com a convocação para a última Data Fifa.

“A casa dele É a seleção brasileira. É o lugar em que ele se sente melhor. Espero que ele esteja alegre, em seu melhor nível. Quando está assim, é difícil de segurar”. (Danilo)

O início “discreto” de Neymar na Arábia Saudita

Ausente da vitória por 3 a 0 sobre o Al-Akhdoud, Neymar passa longe de corresponder às expectativas do Al-Hilal até agora. O craque foi recebido com uma apresentação estelar, mas demorou a estrear. Ele chegou com duas lesões musculares que viraram motivo de polêmica entre Jorge Jesus e Fernando Diniz. O técnico português disse que o atacante não tinha condições de atuar e criticou a convocação. Mas o camisa 10 se apresentou à Seleção, fez dois gols que o fizeram ultrapassar Pelé para virar o maior artilheiro da história do Brasil e só depois retornou à Arábia Saudita para estrear pelo clube.

A estreia foi com goleada por 6 a 1 sobre o Al-Riyadh – nenhum deles de Neymar. Depois, o atacante teve a grande chance de marcar seu primeiro gol na vitória por 2 a 0 sobre o Al-Shabab. Era um pênalti, especialidade da casa… Mas ele desperdiçou a cobrança. Sorte que o camisa 10 se redimiu com a assistência para Koulibaly marcar neste mesmo jogo. O gol só veio – enfim – nesta terça-feira.

Neymar pelo Al-Hilal

  • 5 jogos
  • 1 gol
  • 2 assistências
  • 1 pênalti perdido

Os convocados por Fernando Diniz:

  • Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Lucas Perri (Botafogo);
  • Laterais: Danilo (Juventus), Yan Couto (Girona), Guilherme Arana (Atlético-MG) e Carlos Augusto (Inter de Milão);
  • Zagueiros: Bremer (Juventus), Marquinhos (PSG), Gabriel Magalhães (Arsenal) e Nino (Fluminense);
  • Meio-campistas: André (Fluminense), Casemiro (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle), Gerson (Flamengo) e Raphael Veiga (Palmeiras);
  • Atacantes: Neymar (Al-Hilal), Rodrygo (Real Madrid), Vinicius Junior (Real Madrid), Gabriel Jesus (Arsenal), Richarlison (Tottenham), David Neres (Benfica) e Matheus Cunha (Wolverhampton).

Quando joga a Seleção

A Seleção enfrenta a Venezuela em 12 de outubro, às 21h30 (horário de Brasília), na Arena Pantanal, em Cuiabá, pela terceira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Depois, no dia 17, o adversário será o Uruguai, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O Brasil lidera as Eliminatórias com seis pontos e 100% de aproveitamento nos dois primeiros jogos.

Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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