Brasil

Participação de Leila em CPI das Apostas ensaia golpe fatal na reputação de Textor

Presidente do Palmeiras vai prestar depoimento no dia 22 de maio

A presidente Leila Pereira será ouvida pela CPI das Apostas Esportivas no próximo dia 22. A dirigente foi convidada formalmente pela comissão e aceitou o pedido de comparecimento.

Se Leila mantiver a posturas da últimas declarações, é possível que a reputação do norte-americano John Textor, dono da SAF do Botafogo, vá à lona definitivamente.

A presidente do Palmeiras tem mantido tom alto em relação ao dirigente, sem pudor de tentar manter qualquer vestígio de boa relação com o empresário.

No programa Roda Viva da última segunda-feira (22), Leila chamou Textor de “idiota” e “louco”, ao comentar o assunto.

– Fica falando, falando, falando e não prova absolutamente nada. É uma aberração. Uma vergonha – disse.

Pelo que a Trivela ouviu de pessoas ligadas à dirigente, a postura de Leila em relação à Textor em Brasília será a mesma vista até agora.

No clube, o sentimento é de indignação pelo fato de a diretoria estar perdendo tempo com uma questão completamente sem sentido. Além da revolta pelo que consideram uma clara tentativa de dar justificativa à derrocada alvinegra no último Campeonato Brasileiro.

Por isso, dentro do decoro, Leila não vai medir palavras para desqualificar não apenas as teses, mas também o próprio Textor. Em um contexto que fura em muito a bolha do futebol.

Virada

Sem apresentar provas, Textor vem acusando o Palmeiras de ter sido favorecido nos Campeonatos Brasileiros de 2022 e 2023, conquistados pelo Alviverde. Tudo começou com a histórica virada palmeirense por 4 a 3, sobre o Botafogo, após estar perdendo por 3 a 0.

Após a partida, dono da SAF do Botafogo reclamou da expulsão de Adryelson e citou nominalmente Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

— Não tenho certeza nem se foi falta. Mas não é cartão vermelho, ele mudou o jogo. Isso é corrupção, isso é roubo. Por favor, me multa, Ednaldo, mas você precisa renunciar amanhã de manhã. É isso que precisa acontecer. Esse campeonato se tornou uma piada — disse.

Por conta das declarações no dia daquele jogo, Textor, na sexta-feira (26), foi suspenso por 45 dias e multado em R$ 100 mil pelo tribunal pleno do STJD. Por já ter cumprido uma parte no ano passado, o norte-americano terá, de fato, 17 dias de punição.

As principais declarações de John Textor na CPI de Manipulação de Resultados
John Textor compareceu ao Senado para depôr na CPI (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

Em uma sessão que durou aproximadamente duas horas, o colegiado do tribunal se reuniu com as partes envolvidas e após muito debate entre os cinco votantes sobre o tamanho da pena, optou por juntar duas punições distintas de 30 dias e outra de 15 dias.

A quantia em dinheiro também será dividida entre os beneficiários. R$ 50 mil serão destinados aos cofres da CBF, organizadora do torneio e alvo das acusações de Textor, e os outros R$ 50 mil vão ser destinados para instituições sociais de caridade previamente cadastradas no órgão judiciário.

Indícios suficientes

O norte-americano prestou depoimento à CPI na última segunda-feira (22). Na mesma data, apresentou um relatório de 180 páginas para sustentar sua alegação de que há evidências substanciais relacionadas à manipulação de resultados no cenário futebolístico brasileiro.

Após uma longa sessão que se estendeu por mais de três horas, o empresário realizou uma reunião sigilosa na qual compartilhou o material com o presidente da CPI, Jorge Kajuru (PSB-GO), o relator e ex-jogador Romário (PL-RJ), além de outros senadores presentes. Kajuru, ao ter acesso ao conteúdo, manifestou a opinião de que havia “indícios suficientes para justificar uma investigação”.

Foi em consequência disso que Kajuru acabou convocando Leila Pereira para a sessão de 22 de maio.

Leila e John Textor, durante reunião da Libra (Foto: Divulgação)
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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