Brasil

Atlético-MG: Hulk abre o jogo sobre ‘não’ a gigante espanhol, racismo na Rússia e outras histórias

Ídolo atleticano fez publicação no "The Players Tribune" intitulada "Nunca deixe de acreditar"

Em comemoração ao aniversário do Atlético-MG, que completa 117 anos de história nesta terça-feira (25), Hulk, um dos maiores ídolos da história do clube publicou uma carta cheia de revelações no “The Player Tribune”.

Ao longo de seu texto, Hulk perpassa por grande parte de sua trajetória pessoal e profissional. Ele inicia explicando a origem do seu apelido.

— Devo ser Hulk desde os três, quatro anos de idade, por causa de minha cisma em levantar as coisas. Não podia ver bujão de gás, mesa com cadeira, guarda-roupa, armário de pôr panela, que já queria erguer do chão. “Eu sou o Incrível Hulk, haaaaaa!!”, eu gritava, enquanto meu pai, seu Gilvan, entrava na pilha. E aí o apelido pegou — começa.

Uma das revelações de Givanildo é que ele também tinha um outro apelido na infância. Único homem e o mais novo entre quatro filhos, Hulk ajudava os pais na feira quando morava no bairro José Pinheiro, em Campinha Grande, na Paraíba.

Hulk e seus pais, Gilvan e Socorro, trabalhavam descarga, serra, limpeza e venda de carnes. Nessa época ele era chamado de Lêndea. O ídolo do Atlético conta que essa era uma forma das pessoas o humilharem, pois seu pai, o homem da carne, era o “Piolho” e o filho do piolho era a “Lêndea”.

— Eu não ligava, pois ia vestindo minha roupa ensanguentada e ensebada de carne e osso de boi como se fosse gibão de vaqueiro. Na minha cabeça de criança aquela sujeira era prova de meu esforço. Eu até gostava de andar imundo pra casa e que as pessoas mexessem comigo no caminho. “Ô, Lendinha! Pense num menino trabalhador!”. No final das contas, o que eu guardo da feira é isso. Um lugar de aprender disciplina, responsabilidade, dedicação, compromisso com as coisas que a gente se mete a fazer e se sentir orgulhoso delas. É assim que eu jogo futebol — conta.

Humilhação e racismo

Hulk gostava de jogar futebol recreativamente, mas se animou com a ideia de jogar profissionalmente depois de ver o sucesso de Marcelinho Paraíba, que foi criado no mesmo bairro que ele, jogando no São Paulo.

Com a ajuda de Zé do Egito, amigo de um amigo de seu pai na feira, Hulk fez testes em Vitória, São Paulo e chegou a Portugal pela primeira vez, para jogar na base de um clube chamado Vilanovense, da cidade de Vila Nova de Gaia — a uma ponte de distância do Porto.

O ídolo atleticano conta que o motorista do ônibus do time, o Motoca, o levou uma vez ao Estádio das Antas, onde o Porto ia disputar uma partida de Copa da Uefa. O jovem brasileiro de 15 anos se encantou com o lugar e a torcida do clube. “Motoca, um dia eu vou jogar aqui”, disse Hulk na ocasião.

Na volta de Portugal, Zé do Egito levou o jovem sonhador para o São Paulo novamente, onde treinou seis meses com a base em Cotia. Depois, ele foi para Salvador, na Bahia, para fazer teste no Vitória. Hulk foi aprovado e ficou no clube de 2003 a 2005.

Hulk jogou no futebol japonês de 2005 a 2008 e recebeu uma oferta do Atlético de Madrid. Porém, o Porto também havia apresentado uma proposta idêntica e o brasileiro decidiu ir para Portugal cumprir a profecia que havia feito sete anos atrás ao Motoca.

Após vencer uma Europa League, uma liga portuguesa, uma Taça e uma Supertaça de Portugal, Hulk ganhou uma estátua no Porto e foi jogar no Zenit, da Rússia, onde passou por dificuldades no elenco e preconceito.

Quis ir embora logo no primeiro ano. Muita ciumeira da parte de alguns jogadores mais velhos do time e muito racismo dos torcedores adversários. Teve até bomba falsa com um bilhete “Fora Hulk” deixada no CT. Superei essas dificuldades iniciais, acabei ficando quatro temporadas, conquistei títulos e vivi muito bem na Rússia — relata.

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Hulk no Atlético

Hulk comemorando gol pelo Atlético-MG
Hulk comemorando gol pelo Atlético-MG (Foto: Pedro Souza/Atlético)

Depois da Rússia, Hulk jogou no Shanghai, da China, e, após quatro anos, decidiu voltar ao Brasil. Não demorou muito para surgir o convite do Atlético-MG, intermediado por Rodrigo Caetano, então diretor de futebol do clube. O atacante aceitou e o resto é história.

Com 122 gols e 45 assistências em 235jogos pelo Atlético, Hulk empilha recordes pelo clube. É o maior goleador do Galo na Libertadores (16), da Arena MRV (17), do Novo Mineirão (59) e nos pontos corridos da Série A (56).

Títulos de Hulk pelo Atlético:

  • Campeonato Mineiro: 2021, 2022, 2023, 2024 e 2025
  • Campeonato Brasileiro: 2021
  • Copa do Brasil: 2021
  • Supercopa do Brasil: 2022

Foto de Romulo Giacomin

Romulo GiacominRedator de esportes

Formado em Jornalismo na UFOP, passou por Mais Minas, Esporte News Mundo, Estado de Minas e Premier League Brasil. Atualmente, escreve para a Trivela.
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