Primeiro ano da gestão Guerra no Grêmio teve Suárez como grande trunfo, mas ainda há muito a ser feito
Em seu primeiro ano, gestão do presidente Alberto Guerra teve a ousada contratação de Luis Suárez como trunfo também no extracampo, mas problemas financeiros e de relacionamento com a Arena do Grêmio persistem

Alberto Guerra pode se orgulhar do primeiro ano de sua gestão como presidente do Grêmio, sobretudo dentro de campo. Voltando da Série B, o Tricolor foi campeão da Recopa Gaúcha e do Campeonato Gaúcho, semifinalista da Copa do Brasil e vice-campeão brasileiro. Tudo isso com contribuição decisiva de Luis Suárez, cuja ousada contratação também trouxe inúmeros benefícios para o clube fora das quatro linhas.
Ter o quarto maior artilheiro em atividade do futebol mundial vestindo a camiseta tricolor resgatou a autoestima da torcida gremista, machucada após dois anos muito sofridos. Os torcedores compraram a ideia, se associando e adquirindo itens do clube.
Na esteira de Suárez, Grêmio dobrou número de sócios e arrecadou mais de R$ 10 milhões em vendas de produtos
Em julho de 2022, o Grêmio tinha cerca de 60 mil associados. Conforme o último levantamento, divulgado no dia 7 de dezembro, atualmente o Tricolor Gaúcho conta com 118.778 mil sócios. Ou seja: quase dobrou a marca em um ano e meio, na esteira de Suárez.
O craque uruguaio também rendeu muitas vendas de produtos licenciados do clube. Até o início de novembro, o Grêmio havia arrecadado mais de R$ 10 milhões apenas em camisas e produtos relacionados a Suárez.
A marca Grêmio também esteve exposta mundialmente por conta do centroavante. Jornais de vários países destacaram os feitos de Suárez pelo Tricolor Gaúcho, assim como perfis com milhares de seguidores, como os da Fifa e da Liga dos Campeões.
Grêmio deve terminar 2023 com déficit de R$ 65 milhões
Mas nem tudo são flores. O Grêmio ainda paga o preço da queda de receitas oriunda do rebaixamento para a Série B. Por mais que tenha reduzido a folha salarial para R$ 10,5 milhões, algo constantemente exaltado pelo técnico Renato Portaluppi, o Tricolor Gaúcho precisou investir para reformular o elenco. Além de Suárez, buscado com o apoio de investidores, as contratações de Carballo e Cristaldo custaram, somadas, cerca R$ 40 milhões aos cofres gremistas.
O Grêmio deve terminar 2023 com déficit de R$ 65 milhões. Até por isso, no final de novembro foi solicitado ao Conselho Deliberativo, que aprovou, suplementação orçamentária de R$ 30 milhões. Ainda assim, a projeção do clube é de novo déficit, de R$ 22 milhões, para 2024.
O alento é que o Grêmio voltará a disputar a Libertadores no próximo ano, o que renderá incremento nas receitas. As vendas de atletas serão novamente fundamentais. Após a negociação de Bitello para o Dínamo Moscou, da Rússia — por conta da qual o Cascavel ainda cobra do Tricolor Gaúcho os valores devidos — nomes como Ferreira, Gabriel Grando, Cuiabano e Nathan Fernandes deverão ser os próximos da fila.
Problemas do Grêmio com a Arena não foram solucionados
Outro desafio para Guerra é melhorar o relacionamento com a Arena do Grêmio. Durante a campanha para a presidência, ele colocou isso como meta, até por não considerar interessante, financeiramente, a compra antecipada da gestão do estádio.
Mas 2023 foi mais um ano conturbado da parceria. Problemas de acesso à Arena, originados pelo entorno ou pelas catracas do estádio, foram novamente corriqueiros, assim como o preço elevado dos ingressos.
E a situação mais crítica envolveu o gramado, que ficou muito danificado na reta final do ano por conta das chuvas e dos shows que recebeu. Guerra já solicitou a compra de mais carros iluminadores para melhorar a condição do campo, mas a gestora do estádio não atendeu. Claro exemplo de que Grêmio e Arena não caminham de mãos dadas.