Grêmio: como Cristaldo e Monsalve convenceram Renato depois de ‘teimosia’ e eliminações

Renato Portaluppi foi muito criticado pela torcida do Grêmio após as eliminações para Corinthians, nas oitavas de final da Copa do Brasil, e Fluminense, nas oitavas de final da Libertadores.

Em especial, por não ter escalado Cristaldo e Monsalve juntos, e sequer ter começado com um dos dois no jogo de volta contra o Tricolor Carioca, no Maracanã.

Depois da desclassificação contra o Corinthians, no Couto Pereira, em Curitiba/PR, Renato se irritou com questionamento do repórter Cesar Fabris, da Rádio Imortal, sobre o porquê de não ter colocado Monsalve no jogo, mantendo Cristaldo e Pavón, que erraram suas cobranças na disputa de pênalti.

— Você faria o que no meu lugar? Colocaria o Monsalve no lugar do Pavón? Aí que entra quem entende de futebol e quem não entende. Você quer que eu coloque um meia aberto? Quem vai marcar o lateral adversário? Se formos discutir futebol aqui vou engolir vocês. Coloca fulano ali, a parte tática não existe daí? É muito fácil. Está vendo como pego vocês?

Monsalve marcou o gol da vitória do Grêmio

Pois logo no primeiro jogo após a eliminação para o Fluminense, Renato mudou de ideia e escalou Cristaldo e Monsalve juntos na partida contra o Criciúma, no último domingo (25), no Heriberto Hülse, pelo Campeonato Brasileiro.

Deu certo. Monsalve e Cristaldo revezaram no trabalho de recomposição por um dos lados, com Soteldo na outra ponta do 4-2-3-1 de Renato. Quando o argentino não estava mais em campo, o colombiano, centralizado, marcou o único gol da vitória gremista, ao dominar bem cruzamento de Aravena e concluir na saída de Gustavo, aos 40 minutos do segundo tempo.

Esse foi o segundo gol de Monsalve com a camiseta do Grêmio. Com duas assistências, o meia de 20 anos soma quatro participações em gol em apenas seis partidas pelo Tricolor Gaúcho, sendo quatro como titular. Até aqui, ele precisa, em média, de somente 88 minutos para participar de um gol.

Monsalve pelo Grêmio

• 6 jogos (4 como titular)
• 354 minutos
• 2 gols
• 2 assistências
• 4 participações em gol
• 88 minutos p/participar de gol

Renato diz que não utilizou dupla junta antes por falta de tempo para treinar

Em suas justificativas para ter escalado Monsalve e Cristaldo juntos apenas depois das eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, Renato citou o ajuste tático, que segundo demanda sessões de treinamento com as quais o Grêmio não vinha contando.

— Jogando a cada três dias, sempre uma decisão, não temos nem tempo para treinar a parte tática. Por isso também não mudei antes. No momento que você vai mudar o esquema de jogo, as peças, você precisa fazer com que os jogadores fiquem adequados a esse sistema. E nós não tivemos esse tempo todo — explicou Renato.

Apesar disso, com somente a atividade de sexta-feira (23) para preparar a nova formação, o treinador gostou do que viu diante do Criciúma. Renato elogiou tanto Monsalve quanto Cristaldo e, mesmo com algumas ressalvas, parece ter se convencido de que o time pode funcionar bem com os dois em campo.

— São jogadores inteligentes. Treinamos na última sexta-fera para que eles pudessem fazer exatamente o que foi feito hoje. Mas quando é feita essa mudança brusca, de jogadores que são muito bons em suas posições, mas estavam fazendo rodízio fora da sua posição, não é da noite para o dia que vão ter esse entrosamento. Mesmo com pouco tempo de treinamento se comportaram muito bem, tanto Soteldo quanto Miguel [Monsalve] e Franco [Cristaldo] — enalteceu Renato.

— São jogadores que eu gosto das características. Sabia que mais cedo ou mais tarde iria colocá-los para jogarem. A gente vai encontrar, de vez em quando, dificuldade justamente por isso: são jogadores de qualidade, mas que muitas vezes na parte tática eles precisam se doar um pouquinho, para a gente não dar espaço para o adversário. Sempre falo para vocês: jogador de qualidade comigo, vou dar um jeito de arrumar um lugar no time — garantiu o treinador.

Adaptação também pesou para demora do ingresso de Monsalve no time titular

Renato também voltou a frisar que Monsalve, assim como Aravena e Arezo, precisavam de um período de adaptação por serem estrangeiros e virem de outros países. Por isso, o treinador demorou para lançar mão do meia colombiano no time titular.

— Nós contratamos 3, 4 jogadores que chegaram no meio do tiroteio, com o Grêmio em três competições, sem estádio para jogar, sem aeroporto muitas vezes, a cada três dias tendo uma decisão — lembrou Renato.

— Eles não falam direito a língua, não entendem direito os companheiros. A gente não conhece as características deles. Até hoje estou corrigindo muito o Matías [Arezo], o Alex [Aravena], o próprio Miguel [Monsalve]. Assim que o jogador chega, mesmo que esteja se destacando no treino, se bota para jogar e não está preparado, não está adequado ao sistema de jogo do treinador, vai mal e começam a falar que não é uma boa contratação — repetiu o treinador.