Brasil

Sintético do Allianz é bem diferente da grama natural. E isso é ruim?

Artificialidade do piso não transforma a natureza da modalidade

Como ninguém tem receio de afirmar publicamente, o gramado sintético do Allianz Parque é diferente dos seus semelhantes equipados com grama natural.

Alessandro Oliveira, dono da Soccer Grass, fornecedora do estádio, faz bastante questão de tal ressalva. Oliveira foi indagado pela Trivela sobre o tema, em evento para convidados, no sábado (21).

“Ele é mais rápido mesmo. Mas os jogadores deveriam brigar para que todos também fossem”, afirmou, com uma frase que responde à afirmação de Lucas, meia do São Paulo, e dos demais signatários de um manifesto contra a grama sintética.

“Os jogadores falam que é um dos poucos estádios em que não é necessário olhar para o chão ao correr, porque não tem buracos”, completou.

“O que garante que o jogo não muda são os testes feitos pela Fifa”, diz o executivo.

O Allianz cumpriu todos os parâmetros na última vez em que teve avaliados nivelamento, amortecimento, atrito, altura e direção do quique da bola, entre outros.

Não se torna outra modalidade

A reportagem teve a experiência de jogar no gramado da casa palmeirense, por cerca de 20 minutos e longe do alto nível técnico — e qualquer nível tático.

Mesmo com a parca experiência adquirida em campos universitários, e a um pouco mais vasta rodagem amealhada em quadras de futebol Society, é bem seguro dizer que a grama do Allianz não é nem uma coisa, nem outra. Nem de longe.

O gramado é baixo e totalmente nivelado. A bola, quando rola, não dá um só quique fora de propósito, e de fato pega velocidade. Mas, que pelo ponto de vista amador, não transforma o jogo em outra modalidade.

Porque o gramado não foi molhado imediatamente antes do jogo, não dá para saber quão mais rápido ele é quando fica no ponto desejado pelo departamento de futebol do clube em jogos profissionais. Mas, pelo princípio da proporcionalidade, é possível imaginar.

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Ralados foram inevitáveis

Após vistoria no gramado, Federação Paulista interdita Allianz Parque
Federação Paulista interditou Allianz Parque após vistoria, em fevereiro de 2023 (Foto: Icon Sport)

Também pela ausência de irrigação, ao desarmar uma jogadora adversária — os times do evento foram todos mistos –, a reportagem deixou o campo com um indefectível ralado no joelho.

O amortecimento também não é tão diferente assim. As sete carretas de micro pedaços de cortiça, espalhadas por todos os lados e tão aparentes em uma vista superior, ao rés do chão, não causam impacto visual.

Em pouco mais de 2 horas de jogos, cerca de 120 jogadores amadores entraram em campo — e nem todos saíram tão inteiros quanto entraram, entre ocorrências mais e menos sérias.

Não é possível afirmar se o Allianz Parque será forçado a retornar à grama natural nos próximos anos. Se isso for determinado, todos os envolvidos com a operação do estádio já têm deixado muito claro que o modelo comercial da arena é incompatível com os cuidados necessários.

Um estádio com grama natural impecável não tem como também ser top 5 mundial em quantidade de shows e eventos realizados anualmente.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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