Brasil

Final da Copinha é nova coroação à reformulação da base do Cruzeiro

Em poucos meses, as categorias de base do Cruzeiro empilharam títulos estaduais e um nacional; Copinha é nova vitória do projeto

O Cruzeiro está na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, após 17 anos. A última vez havia sido no ano de 2007, quando o time celeste se sagrou campeão ao vencer o São Paulo, nos pênaltis. A classificação na edição de 2024 aconteceu após vitória celeste sobre o Flamengo, por 2 a 1, na noite dessa segunda-feira (22). Bruno Alves e Gui Meira, de pênalti, fizeram para a Raposa, enquanto Weliton descontou para o rubro-negro.

Na final, o Cruzeiro enfrentará o Corinthians, que atropelou o Novorizontino na outra semifinal. A partida acontecerá na quinta-feira (25), às 15h30 (horário de Brasília), na Neo Química Arena.

O retorno à grande final da maior competição de base do Brasil é uma conquista para ser comemorada muitas e muitas vezes, primeiro, claro, pelo resultado. Chegar na decisão de um torneio tão difícil e desgastante, com um time tão jovem como o da Raposa, que perdeu seus principais jogadores para o time principal, é algo que precisa ser valorizado, em especial, pelo futebol “de gente grande” apresentado pelos Crias da Toca.

Mas além da vitória propriamente dita, que ficará por muito viva na memória destes jogadores, o triunfo se torna ainda mais valioso quando se leva em consideração o cenário vivido pelas categorias de base do Cruzeiro há poucos anos. O departamento foi um dos que mais sofreu com a crise financeira que quase fez o centenário clube mineiro fechar as portas nos primeiros anos da década.

Nos terríveis anos de 2020 e 2021, a base do Cruzeiro chegou a sofrer com racionamento de comida, cortes de TV e água, além de problemas estruturais na Toca da Raposa 1, a Toquinha, onde os times de base da Raposa treinam e, muitos dos jogadores, vivem. Além disso, o período conturbado fez o time celeste perder diversos jogadores e a ausência de poder de investimento para o time profissional fez com que outros tivessem que subir para o profissional ainda sem o devido preparo e em situações de imensa pressão.

Reformulação executada pela SAF fez a base do Cruzeiro renascer

Se dentro de campo, a SAF do Cruzeiro, comandada por Ronaldo Nazário, viveu altos e baixos, fora dele é possível dizer que a atuação a atual gestão celeste é muito positiva. Quando chegou à Belo Horizonte, a equipe do “Fenômeno”, que foi revelado pelo clube celeste, entendeu que recuperar as categorias de base da Raposa era uma prioridade, para que a instituição se tornasse autossuficiente no futuro.

Diversas medidas foram implantadas desde então. Entre as principais, podemos citar a organização financeira do clube, que gerou, consequentemente, condições plenas de funcionamento da base, com todos os compromissos sendo honrados.

Além disso, o Cruzeiro reduziu o número de atletas do clube, formando elencos parecidos com o profissional em termos de quantidade de jogadores, diminuindo quase pela metade o contingente de garotos, que chegava a 50 no sub-20, por exemplo. O inchaço onerava o clube financeiramente e impedia trabalhos específicos com cada um dos jovens.

Quando a SAF chegou ao Cruzeiro, o clube não contava com uma equipe de prospecção de jogadores, algo fundamental no futebol. O setor foi implementado e trabalha a todo vapor. A Toca 1 recebeu reformas e, ainda assim, os garotos da Toquinha frequentemente treinam na Toca da Raposa 2, seja com os profissionais, ou entre eles.

Destaco ainda a renovação de contratos, a busca por destaques em equipes de menor expressão e por último, mas longe de ser o menos importante, a formação de uma equipe técnica de grande capacidade, liderada pelo treinador Fernando Seabra, que mostrou muita qualidade, chamando a atenção do Red Bull Bragantino, que espera contar com seus serviços após a Copinha.

Mesmo em seus piores momentos, o Cruzeiro jamais deixou de ser um clube revelador. Isso fica claro se pensarmos na quantidade de Crias da Toca que têm papel importante em seus clubes, no Brasil e pelo mundo. Mas hoje, a base celeste se mostra forte para aproveitar suas joias no próprio clube e usufruir do sucesso delas, seja em campo ou em futuras vendas.

A presença massiva de jogadores formados no clube no time principal do Cruzeiro já é um sinal claro do sucesso do projeto para as categorias inferiores, mas conquistas como a Copa do Brasil sub-20, e dos Mineiros sub-20 e sub-17, somadas a classificação para a final da Copinha, que sim, já é algo para se celebrar, são coroações em sequência de um projeto sério, que desponta como decisivo para o futuro da instituição. E se o título vier, será mais um grande orgulho para os torcedores, jogadores e administração da Raposa.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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