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‘Tudo deu errado’: Felipão acerta ao não culpar gramado por derrota do Atlético-MG

Atlético fez reclamação formal sobre o estado do gramado do Patrocinense, mas Felipão não quis se escorar nisso para justificar a derrota

O Atlético-MG estreou com uma surpreendente derrota para o Patrocinense no Campeonato Mineiro. O péssimo estado do gramado em Patrocínio, com uma grama tão alta que cobria a chuteira dos jogadores, claramente afetou o jogo do time, mas Felipão não quis (de forma acertada) se esconder nisso e colocou a culpa do revés em tudo de errado que o Galo fez em campo.

O gramado que escondia a chuteira dos jogadores chamou atenção logo na entrada do campo. Antes da bola rolar, o Atlético fez uma reclamação para a Federação Mineira de Futebol, que é a responsável por fiscalizar as condições dos campos no estadual, juntamente com o time da casa. Segundo o Galo, o Patrocinense se recusou a cortar a grama, deixando ela grande de propósito para atrapalhar o jogo atleticano. A ação deu resultado e o Alvinegro não conseguiu encaixar uma jogada sequer. Para Felipão, no entanto, isso não pode ser desculpa.

– Quem tem que tomar as providências não sou eu. É a federação, os clubes, um conselho para saber onde vai jogar. Não foi isso (gramado que causou a derrota). Não criamos, não fizemos e não merecíamos a vitória — afirmou o treinador.

Tudo deu errado (no planejamento), perdemos o jogo. Não correspondeu as formas de jogo que pensamos a equipe. Não conseguimos colocar em prática o que combinamos.

Felipão acerta ao não se esconder atrás do gramado que, sim, afetou muito o jogo, principalmente do Atlético, que era o time com mais qualidade, mas não justifica a péssima atuação do time. Por mais que o gramado estivesse bem ruim para fluir o jogo, o Galo não conseguiu encaixar uma jogada. Além disso, voltou a sofrer com o crônico problema na bola aérea.

Foram dois gols de cabeça sofridos que resultaram na derrota atleticana. O treinador afirmou que é a única jogada que dá para fazer em um gramado desse tipo, mas não condenou o Patrocinense por usar essa estratégia da grama alta.

– Os gols pelo alto, pois pelo chão aqui vai ser difícil de trabalhar. Mas é a forma que um clube do interior tem de fazer as equipes sentirem mais dificuldades. Estão certos ao pensar dessa forma. É o jogo deles. São três pontos. Não sei se vai valer a pena o resto do campeonato. Cada um usa as armas que tem — destacou o treinador.

Quem também criticou o gramado, mas não colocou nele a culpa pela derrota foi o diretor de futebol, Rodrigo Caetano. Ele afirmou que não cortar o gramado foi uma ação “premeditada”, e que é diferente um gramado, por falta de investimento, não ter as melhores condições, agora, um corte decente, é o mínimo: “A gente pediu relatório do delegado, eu liguei para a federação. O problema não é nem o piso, mas por que não cortaram? Para nós, que vivemos e dependemos do futebol, que queremos ver um produto de alto nível, todos perdem com isso”.

Jogadores não serão avaliados por esse jogo

Felipão optou por colocar em campo o que tinha de melhor. Sem titulares como Hulk, Zaracho e Scarpa, ele ainda mandou a campo um time forte, com Paulinho, Igor Gomes, Arana e companhia. Ele fez também alguns testes, observando Pedrinho, Edenilson, Alisson, Vargas e Kardec, por exemplo. No entanto, por conta das condições apresentadas, não vai tirar nenhuma conclusão do que viu em campo.

– Não vou tirar conclusões no jogo de hoje. Algumas coisas não vão acontecer já no domingo, pois será um estádio e um gramado diferente. As melhoras vão acontecendo naturalmente. Com a entrada de A ou B, as modificações. Não vou tirar uma relação sobre a equipe e os jogadores hoje — afirmou Scolari.

Os próprios jogadores atleticanos criticaram muito o gramado na saída de campo. Everson afirmou que não queria “jogar a responsabilidade”, mas destacou que a grama alta fez sim diferença. Já Paulinho foi mais direto: “Uma merda. O gramado estava uma merda”.

O Atlético volta a campo no domingo (28), às 16h, contra o Democrata-GV, na sua estreia na Arena MRV em 2024. Felipão pode ter de volta Hulk, que ficou de fora deste jogo por problemas estomacais.

Felipão vai mudar de ideia sobre o estadual?

No início da temporada, Felipão afirmou que não iria usar o estadual como laboratório, pretendendo usar força máxima sempre que possível. No entanto, depois das condições encontradas já no primeiro jogo, ele disse que vai conversar com os jogadores e os dirigentes do clube para saber se eles acham que vale a pena, afinal, um campo como o de Patrocínio pode causar lesões e maiores desgaste.

– Pra mim vale a pena disputar (com os titulares), pois dá valor para equipes do interior, valoriza os jogadores que trabalham para uma oportunidade. Sei o que é trabalhar no interior. Algumas coisas devem ser repensadas, e aí não só por nós, por dirigentes da federação e tudo mais.

O diretor Rodrigo Caetano também comentou sobre essa possível escolha por não utilizar mais os considerados titulares. Para ele, independente de quem estiver em campo, o Galo estará lutando pelo penta do Mineiro: “Não sei de que forma, qual equipe, é uma decisão institucional. Mas o Galo vai atrás do pentacampeonato. Espero que nada, além dos nossos adversários, sejam obstáculos a mais do que as dificuldades que teremos dentro de campo. Só isso que a gente quer”, destacou. O diretor cobrou ainda atitudes da FMF e dos clubes, afirmando que práticas como essa do grama, para levar vantagem “não cabe, já passou”.

Por sorte para Felipão, o Atlético só vai ao interior mais uma vez na primeira fase do Mineiro, quando vai encarar o Athletic, em São João del Rei, no dia 8 de março. O estádio Joaquim Portugal, onde o jogo ocorrerá, passou por reformas após o Esquadrão de Aço garantir vaga na Série C ano passado, prometendo assim melhor estrutura e gramado. Os outros jogos fora de casa serão no Independência (vs América-MG) e no Mané Garrincha (Itabirito).

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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