Felipão iguala jogos do antecessor Coudet no Atlético-MG: Mudança ainda não faz sentido
Felipão soma no Atlético o mesmo número de jogos de Coudet, com números piores, mais um indício de que a troca segue sem fazer sentido

A vitória contra o Athletic na última quinta-feira (8) marcou o jogo de número 35 de Felipão no comando do Atlético-MG. Com isso, ele igualou o número de partidas que o antecessor dele, Eduardo Coudet, fez. Com aproveitamento pior, a mudança do argentino para Scolari segue ainda sem sentido, mesmo com ele terminando 2023 em alta e sendo mantido no cargo.
Com 35 jogos no Atlético, Felipão soma 16 vitórias, oito empates e 11 derrotas, o que dá um aproveitamento de 53%. Fora isso, o time sob o seu comando sofreu 30 gols e marcou 46. Comparado com o antecessor Coudet, o Galo piorou em tudo nesses números. O argentino venceu 21 partidas, perdeu seis e empatou oito, somando assim 67,6% de aproveitamento. O time de Chacho balançou as redes 53 vezes e sofreu 27 gols.
É claro, na conta de Coudet entram muitos jogos de Campeonato Mineiro e das fases preliminares da Libertadores, que são considerados teoricamente mais fáceis – ou menos difíceis. Mas, se pegarmos apenas o Campeonato Brasileiro, uma competição que os dois disputaram da mesma forma, o argentino ainda se sai melhor:
Coudet no Brasileiro pelo Atlético | Felipão no Brasileiro pelo Atlético |
10 jogos 5 vitórias 3 empates 2 derrotas 60% de aproveitamento 14 gols marcados 6 gols sofridos |
28 jogos 14 vitórias 6 empates 8 derrotas 57,1% de aproveitamento 38 gols marcados 24 gols sofridos |
Mudança que ainda não faz sentido para o Atlético
A escolha de Felipão para substituir Coudet foi muito contestada quando anunciada, já que os dois tem estilos de trabalhos completamente diferentes. Em uma analogia, é como se alguém que só come frutas passasse a comer só carnes. É possível? Sim. Mas leva um tempo e algumas mudanças para se acostumar. E isso ficou bem claro quando Scolari passou seus nove primeiros jogos sem vencer. Era claro que o time, montado por e para Coudet, não se encaixava para o brasileiro.
Depois de um tempo, mesclando ideias de Coudet com as suas, Felipão conseguiu encontrar uma forma certa do time jogar, e aí sim ele embalou, saindo da parte de baixo da tabela e retornando para o G4, onde Chacho havia deixado o clube quando saiu.
Mas a questão de não fazer sentido a troca mesmo depois de mais de seis meses segue ainda porque o Atlético não fez nada para mudar o elenco. Felipão passou 2023 todo falando que confiava no elenco, mas também destacando sempre que possível que não tinha sido ele a montar o grupo e que faltavam sim peças para ele impor o seu estilo.
Diante da manutenção dele no cargo, era esperado então que o elenco do Atlético passasse por algumas alterações, recebendo peças com as características de Felipão para montar um time com a cara dele. Ao invés disso, o que vemos são os mesmos jogadores com uma única adição de Scarpa, que por melhor que seja, não serve para mudar tanto o time a ponto dele encaixar na ideia de Scolari.
Felipão pode elogiar o time o tanto que quiser, mas não pode apagar as falas dele citando que não tinha o material que precisava para impor seu estilo. Então, se Scolari foi mantido mesmo não tendo peças para implementar o que queria, por que essas peças não foram dadas a ele, que segue com o elenco de Coudet nas mãos mesmo tendo características completamente diferentes? Por isso a escolha ainda não faz sentido. E isso fica claro, inclusive, nesse início de temporada, quando Felipão tenta implementar novamente os três atacantes que tentou no seu (péssimo) início e não consegue, já que tem basicamente os mesmos jogadores de antes.
Em resumo, é como se o Atlético tivesse contratado um chef especializado em sobremesas dando a ele ingredientes salgados, mas prometendo que em breve receberia o que precisa para fazer os doces. No entanto, meses depois, o chef segue tendo que se virar com os meus produtos de quando chegou.
O Atlético piorou com Felipão?
Os estilos diferentes de Felipão e Coudet são evidentes em campo. Com o argentino, o Atlético pressionava muito mais o adversário e era mais ofensivo, buscando mais o gol. Já com Felipão, o Galo é mais comedido e defensivo. Ambos os estilos podem vencer jogos e ser campeões, mas é fato que o torcedor vê um time menos atrativo em campo sob o comando de Scolari.
Se o time piorou ou não, é um análise de opinião que vai de cada um. Os fatos são que ele venceu menos, marcou menos e sofreu mais gols. Além disso, em campo, o time atleticano “encanta” menos. Com Coudet, por exemplo, o Atlético não vencia jogos muitas vezes por ineficiência ofensiva, já que criava muito, mas aproveitava pouco. Já com Felipão, os jogos não vencidos muitas vezes são por falta de oportunidades criadas, já que o time não chega tanto a frente com perigo.