Maturidade da Seleção em estreia com vitória mostra caminho a ser seguido por Dorival
Com muitos desfalques e estreantes, Brasil resgata confiança ao vencer Inglaterra por 1 a 0 em Wembley
Dorival Júnior já não contava com Alisson e Neymar. Depois, perdeu cinco jogadores em cortes por problemas médicos. A estreia no comando da Seleção foi sem o goleiro titular, sem o capitão, com uma dupla de zaga totalmente reserva… E mesmo assim, o treinador deixou o lendário Estádio de Wembley com uma vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra, em amistoso no último sábado (23).
Um resultado emblemático e essencial para um Brasil que vem do pior ano de sua história. Vencer era imperativo para restabelecer uma confiança machucada pela péssima campanha nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 e pelas três derrotas consecutivas. Mas a maneira com que a seleção brasileira conquistou a vitória sobre os ingleses em pleno berço do futebol é quase tão importante quanto o resultado em si.
E aqui não estamos falando que a Seleção fez uma partida perfeita contra a Inglaterra. Longe disso. Fez, sim, a partida possível. Com desfalques em todos os setores e apenas cinco dias de treinos no CT do Arsenal, a equipe brasileira travou um duelo equilibrado com uma Inglaterra que até tinha lá suas baixas – Kane e Saka que o digam –, é verdade. Mas que entrou em campo amparada pelos quase 100 jogos e mais de sete anos e meio de trabalho do técnico Gareth Southgate.
– Acho que o principal é que pudemos resgatar um pouco da confiança que vinha sendo abalada nos últimos tempos. Não por culpa de ninguém. Isso acontece em clubes, seleções, é um fato natural. Me surpreendeu como os jogadores chegaram para o primeiro treinamento. Impressionante o que aconteceu, o nível de aproveitamento em trabalhos fundamentais, isso talvez tenha acelerado um pouco – disse o treinador.
Soutghate reconhece maturidade da Seleção
O próprio Dorival disse antes e depois da partida que a Inglaterra tem uma das três melhores seleções do mundo e serve de inspiração, pela continuidade de trabalhos e pelas campanhas sólidas nos últimos. Foi diante deste adversário tão consolidado que o treinador se viu praticamente forçado pelos desfalques a usar oito estreantes em campo – cinco deles, no time titular.
Este Brasil que inicia um ciclo em meio a uma renovação acelerada teve posse de bola considerável (47%) e o mesmo número de finalizações do adversário – 14 para cada lado, uma prova do bom jogo que vimos em Wembley. Não à toa, Southgate até afirmou que o empate seria mais justo”. Mas admitiu também que a Seleção esbanjou maturidade dentro de campo.
– Sim. Eu acho que eles jogaram bem. Eles têm atacantes muito perigosos, jogadores muito técnicos no meio-campo. A nossa pressão tinha que ser excelente, e foi. Agente roubou muito a bola. Mas tem que ser perfeitos para impedir que eles tenham a chance. São alguns pequenos momentos que decidiram o jogo – disse Southgate.
Dorival faz o simples funcionar
Coube ao capitão e jogador mais experiente da Seleção, Danilo, sintetizar em mais uma ótima entrevista os acertos de Dorival Júnior em sua estreia. De acordo com o lateral, o treinador organizou a equipe para fazer todos se sentirem mais à vontade e confiantes em campo.
– Futebol às vezes é fazer aquilo que já está inventado. Eu sou a favor de tudo no futebol, mas acho que a Seleção precisa de organização. E dentro da organização, cada um tem suas liberdades. Então o Dorival organizou, botou cada um no seu lugarzinho, acho que foi importante – ressaltou Danilo.
A partida deste sábado mostrou ao treinador que ele encontrou um caminho para fazer esta seleção mais organizada funcionar. Dorival armou o Brasil no 4-3-3, com um trio de mobilidade no ataque e o retorno de Lucas Paquetá ao meio-campo. No primeiro tempo, funcionou muito bem. O meia carteou as jogadas e cansou de encontrar os atacantes às costas da zaga com passes em profundidade – o gol que só veio a partir de Endrick como jogador de referência bem que poderia ter saído antes.
Além disso, o técnico conseguiu dar segurança à defesa que acaba de vir do pior ano desde 1964. Mesmo com quatro estreantes no setor – a única exceção foi Danilo –, o Brasil conseguiu conter as investidas da Inglaterra. Apesar do volume ofensivo elevado, com 14 finalizações, os ingleses não tiveram lá muitos lances de perigo.
– Para mim o equilíbrio de uma equipe é o que faz que você conquiste resultado, sofra pouco. O Brasil teve isso, um equilíbrio grande. Teve destaques individuais, mas prefiro destacar todos. Se não acontecesse o resultado positivo estaria falando a mesma coisa. Defendo que tenhamos paciência, não nos iludamos. Vamos continuar trabalhando. É questão da realidade do futebol, ninguém queima etapas – assegura Dorival.
A seleção brasileira embarca rumo a Madri neste domingo (24). Na terça-feira (26), o Brasil enfrenta a Espanha no Estádio Santiago Bernabéu e encerra a sua passagem pela Europa nesta Data Fifa.