Brasil

Denúncia de assinatura falsa e cargo nas mãos do STF: Como Ednaldo ficou ameaçado na CBF

Presidente da entidade está no centro de polêmica com assinatura em meio à busca por novo técnico da Seleção

A atual crise envolvendo Ednaldo Rodrigues é só mais um capítulo da atribulada jornada do baiano na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O mandatário balançou algumas vezes e chegou a ser deposto entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, mas foi sustentado no cargo de presidente da CBF por meio de um acordo de legitimidade no Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro de 2025.

O documento, assinado por Rogério Caboclo, pelos vices Antônio Carlos Nunes de Lima, Castellar Guimarães Neto, Fernando Sarney e Gustavo Feijó e pela Federação Mineira de Futebol, reconhecia a veracidade das assembleias de março de 2022 que determinaram a eleição de Ednaldo na CBF.

No entanto, acusações feitas neste mês de maio podem voltar a interferir na continuidade do baiano no comando da entidade.

Deputada pede afastamento de Ednaldo da CBF

A deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), também conhecida como “Daniela do Waguinho”, solicitou ao STF o afastamento de Ednaldo do posto de mandatário da CBF na noite de segunda-feira (5). A parlamentar se apoia na perícia solicitada pelo vereador Marcos Dias Ferreira (Podemos-RJ), cujo laudo foi divulgado em 4 de maio.

O documento enviado pelo político ao Ministério Público do Rio de Janeiro, ao qual a Trivela teve acesso, explicou que “recentes notícias veiculam informações que, se confirmadas, podem resultar na nulidade de acordo entabulado recentemente, com a anuência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, e que resultou na manutenção do Presidente Ednaldo Rodrigues na presidência.”

A suspeita recai sobre a assinatura de Antônio Carlos Nunes, também conhecido como Coronel Nunes. O dirigente comandou a CBF de forma interina entre 2017 e 2019 e em 2021.

A justificativa é que ele “não teria condições físicas e psicológicas necessárias para expressar a sua vontade” no documento de janeiro de 2025, com um laudo médico datado de 19/06/2023 anexado ao arquivo para sustentar a alegação.

Além do “afastamento imediato” de Ednaldo Rodrigues do comando da CBF, a deputada Daniela Carneiro pede que a decisão firmada em janeiro de 2025 seja revista. O dirigente foi reeleito presidente da entidade em março deste ano para o mandato que vai de 2026 a 2030 e, atualmente, ainda enfrenta dilema em relação à escolha do novo técnico da seleção brasileira.

A petição de Daniela será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que marcou julgamento sobre a posição de Ednaldo para o próximo dia 28 de maio.

Sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
Sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

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O que diz a perícia sobre documento que respalda Ednaldo na CBF

Jacqueline Tirotti, perita em documentoscopia, foi a responsável pela análise e afirmou ter encontrado divergências na assinatura do Coronel. “A convicção que se pode depreender de todas as características observadas e considerando todas as limitações intrínsecas ao presente exame é de não identificação do punho periciado de Antônio Carlos Nunes de Lima nos lançamentos contidos nos objetos periciais já mencionados“, concluiu ela.

A especialista destacou, porém, ser importante levar em consideração que as amostras de 24/01/2025 (do referido documento) e 19/01/2025 (procuração) “foram analisadas em cópia digitalizada, o que limita a observação de diversas características”.

Quanto às assinaturas atribuídas a Antônio Carlos Nunes de Lima, foram observados alguns elementos discriminadores da escrita relevantes na análise, sendo priorizadas as características constantes e imperceptíveis, uma vez que os lançamentos paradigmas não apresentavam características raras ou complexas. Dentre as divergências mencionadas, têm-se: ataques e remates; movimento diminuto; construções gráficas; posicionamentos de mínimos gráficos; etc.

“Assim, não sendo possível identificar o punho como de Antônio Carlos Nunes de Lima, em razão das divergências em relação aos padrões apresentados, conforme demonstrado no exame, bem como, ressaltando a fragilidade do documento questionado, em razão da ausência de grampeamento/fixação de folhas e ausência de rubricas”, completou.

Escritório da perita já errou no passado

Jacqueline trabalha no escritório Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações, que esteve envolvido em casos polêmicos de alta repercussão recente.

Num deles, o escritório atestou a veracidade do vídeo que acusava o padre Júlio Lancellotti de pedofilia em 2024. O vídeo foi usado por membros do MBL para atacar o sacerdote, que negou a acusação.

Posteriormente, diferentes análises apontaram divergências entre a idade do padre e o impostor presente no vídeo, além de outras inconsistências que comprovaram a falsidade do material e o erro da perícia. Em novembro de 2024, a Arquidiocese de São Paulo arquivou a investigação pela impossibilidade de “confirmar a verossimilhança” das denúncias apresentada.

Versão da CBF

A CBF se manifestou de forma oficial durante a tarde desta terça-feira (6), através de nota em seu site oficial.

O texto da Confederação diz que o laudo pericial “está sendo usado de forma midiática e precipitada” e chama as acusações de “espetacularização”. “A CBF confia plenamente na Justiça brasileira”, garante o trecho.

Foto de Milena Tomaz

Milena TomazGerente de Mercado

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da Trivela. Se formou em Comunicação Social em 2019.
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