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Desculpas não comovem entorno de Abel Ferreira, do Palmeiras, que ainda pode processar dirigente do São Paulo

Mesmo após vídeo, técnico do Palmeiras não muda de opinião quanto a necessidade de punição para o diretor do São Paulo

O vídeo com pedido de desculpas de Carlos Belmonte, diretor do São Paulo, para Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, não comoveu o staff do treinador português.

A Trivela apurou com pessoas ligadas ao técnico que o pedido não muda o pensamento de Abel quanto a necessidade de que punições sejam feitas ao dirigente tricolor. Na visão de pessoas ouvidas pela reportagem, o erro grave de Belmonte não se apaga com o pedido de desculpas.

Além disso, a gravação não foi bem recebida. Até o momento em que esta reportagem foi escrita, Abel não havia se manifestado sobre a peça em questão. E não se sabia nem se ele teria interesse em assisti-la.

A ESPN apurou, e a Trivela confirmou, que o vídeo, tratado como um vazamento pelo São Paulo, foi gravado no âmbito de um acordo com o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) que envolve outros personagens do Choque-Rei.

Além de receber uma multa de R$ 50 mil, Belmonte foi obrigado a gravar o vídeo de retratação, pedindo desculpas publicamente ao técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, a quem se referiu de forma pejorativa como “português de merda”. Além disso, Belmonte está proibido de frequentar estádios durante 30 dias.

O lateral-direito Rafinha, o meia Wellington Rato e o atacante Jonathan Calleri conseguiram evitar suspensões mediante o pagamento de R$ 25 mil cada. Os três foram vistos protestando contra erros de arbitragem a favor do São Paulo no clássico, no túnel de acesso aos vestiários.

Além disso, o diretor Fernando Bracalle Ambrogi (mais conhecido como Chapecó), o presidente Julio Casares e o auxiliar Estéphano Kiremitdjian Neto também receberam multas estipuladas no acordo e deverão pagá-las do próprio bolso.

O dirigente precisa ser punido

Carlos Belmonte, diretor do São Paulo, xinga técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, após Choque-Rei, no Morumbis (Foto: Reprodução Twitter)

Abel parte de uma lógica simples para seguir na mesma linha punitiva de raciocínio. Se ele, Abel, foi punido quando errou, Belmonte também deveria passar pelo mesmo.

Quanto à entrada de um processo contra Belmonte na Justiça Cível, por crime de xenofobia, Abel se mantém em dúvida sobre qual a atitude que irá seguir.

Focado na preparação da equipe para as quartas de final do Campeonato Paulista, contra a Ponte Preta, no sábado (16), o técnico mantém a avaliação quanto a uma punição em segundo plano.

No sábado (9), após o Palmeiras bater o Botafogo-SP pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista, Abel falou sobre o assunto na sua entrevista coletiva:

— Eu não conheço esse senhor (Belmonte), nunca falei com ele, se calhar é uma pessoa espetacular, entendo o calor do jogo, porque quando chutei o microfone ninguém quis saber porque eu não fui o único. Há treinadores que apontam o dedo na cara dos árbitros, fui punido, castigado e cumpri por isso. Ninguém quis saber que aos 94 minutos, numa final, um escanteio claro a nosso favor e o árbitro não viu. Eu sou ser humano, tenho emoções e no calor do jogo. Eu entendo essas emoções.

Disse ainda ter um coração de mãe, onde sempre cabe mais um e a tudo perdoa. Questionado se pretende processá-lo, preferiu ser evasivo.

— Não sei. Há limites para tudo, e na altura certa, vocês saberão.

“Uma frase inadequada”

Nove dias depois do Choque-Rei, o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, pediu desculpas ao técnico Abel Ferreira, do Palmeiras. Após o empate em 1 a 1, pelo Campeonato Paulista, no MorumBIS, Belmonte chamou Abel de “português de merda”.

– Estou aqui para fazer um pronunciamento, muito mais do que isso, um pedido de desculpas ao técnico Abel Ferreira. No calor, ao final da partida entre São Paulo e Palmeiras, acabei proferindo uma frase inadequada. Portanto, peço desculpas ao técnico Abel Ferreira, ao Palmeiras, uma instituição importante do futebol brasileiro, e também à comunidade portuguesa – disse o dirigente.

O pedido de desculpas já era um desejo de uma ala de grande importância dentro do São Paulo, onde Belmonte também divide opiniões. Mesmo pessoas que entendem e concordam com a revolta do diretor já haviam concluído que ele passara muito do ponto.

O vídeo com pedido de desculpas de Belmonte viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (12). A autenticidade das imagens está confirmada. Mas o São Paulo não confirma a autoria do vídeo, nem quem foi o responsável pela publicação. O caso é tratado como um “vazamento”.

– Naquele momento, eu buscava identificar o técnico Abel Ferreira ao árbitro. Mas de novo, a frase foi inadequada. Com isso, peço desculpas, continuarei defendendo o São Paulo Futebol Clube sempre que achar necessário, mas não mais desta forma. Esta forma foi inadequada, portanto esta forma não repetirei. A defesa do São Paulo Futebol Clube, sim – completou Carlos Belmonte.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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