Brasil

Decepções em Copas vão levar o Atlético-MG a mais um ano abaixo do orçamento

O Atlético-MG foi eliminado da Copa Libertadores nesta quarta-feira (9), após apenas empatar com o Palmeiras. O Galo caiu nas oitavas de final da competição, assim como aconteceu na Copa do Brasil. Com isso, o clube deve ficar mais um ano abaixo da meta de orçamento prevista, assim como foi em 2022.

Para 2023, o Atlético previu que o time chegaria, no mínimo, nas quartas de final da Libertadores e da Copa do Brasil. Além de não conseguir bater a meta esportiva, o Galo também perde na meta orçamentária, já que deixou de ganhar R$ 8,3 milhões na Libertadores e R$ 4,3 milhões na Copa do Brasil, ou seja, R$ 12,6 milhões a menos em premiações.

A previsão do Atlético para receita bruta em premiações em 2023 é de R$ 188,3 milhões. Vale ressaltar que esse tópico inclui também o que o clube recebe de receita de televisão. Até o momento, o clube só arrecadou R$ 35,4 milhões em premiações nas competições que disputou. Agora eliminado das copas, não receberá mais nada delas.

Premiação do Atlético na Libertadores:

  • Segunda fase: US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões)
  • Terceira fase: US$ 600 mil (R$ 2,9 milhões)
  • Fase de grupos: US$ 3 milhões (R$ 14,7 milhões)
  • Bônus de vitória na fase de grupos: US$ 900 mil (4,2 milhões)
  • Oitavas de final: US$ 1,25 milhão (R$ 6,6 milhões)
    Total: R$ 30 milhões

Premiação do Atlético na Copa do Brasil

  • Terceira fase: R$ 2,1 milhões
  • Oitavas de final: R$ 3,3 milhões
    Total: R$ 5,4 milhões

*O Campeonato Mineiro não paga premiação por disputa, avanço de fase ou mesmo ao campeão

Atlético não deve bater a meta

Com R$ 35,4 milhões arrecadados, o Atlético precisa de mais R$ 152,9 milhões para conseguir bater a meta, algo fora da realidade agora que só tem o Campeonato Brasileiro pela frente. Longe da briga pelo título, o Galo também está longe do prêmio maior, que deve girar na casa de R$ 50 milhões. Mas ele ainda pode lutar pela sua última meta esportiva, que é terminar no G4 da competição.

Se o Atlético, hoje 10° colocado, conseguir terminar a competição no G4, ele vai receber algo em torno de R$ 40 milhões. Ou seja, ainda precisaria de mais de R$ 113 milhões em cotas de TV para bater a meta. No seu melhor ano (2021), o Galo conseguiu R$ 128 milhões neste quesito. Em 2022, quando caiu nas quartas da Libertadores e oitavas da Copa do Brasil, e terminou em 7° no Brasileirão, foram pouco mais de R$ 85 milhões. Ou seja, é praticamente impossível que o alvinegro alcance mais de R$ 100 milhões em cotas, o que já garante que não vai bater a meta estipulada.

Metas e arrecadações do Atlético nos últimos dois anos

2021

  • Meta de R$ 401 milhões brutos
  • Arrecadação final de R$ 538 milhões brutos – R$ 279 milhões em premiações (R$ 151 milhões de prêmios e R$ 128 milhões de cotas)
  • Arrecadou R$ 137 milhões a mais do que o previsto

2022

  • Meta de R$ 821 milhões brutos – sendo R$ 350 milhões de “receitas patrimoniais”
  • Arrecadação final de R$ 429 milhões brutos – R$ 155 milhões em premiações (R$69,6 milhões em prêmios e R$ 85,4 milhões em cotas) + R$ 343 milhões de receita patrimonial
  • Arrecadou R$ 229 milhões a menos.

Total dos últimos dois anos: – R$ 92 milhões

Outra meta também não deve ser batida

Além da meta de premiações, o Atlético também está longe de uma outra, a de arrecadação com bilheteria. O Galo previu R$ 71 milhões brutos nesse tópico em 2023, mas até agora arrecadou “apenas” R$ 31,9 milhões, cerca de 45% do previsto, nos 22 jogos como mandante.

Para atingir a meta, o Atlético ainda precisa fazer R$ 39,1 milhões nos 11 jogos como mandante que lhe restam no ano. Para isso, precisaria de uma média de R$ 3,55 milhões em bilheteria por jogo. A média atual do clube é de R$ 1,45 milhão por jogo. Mesmo a maior renda bruta em uma única partida, que foi de R$ 2,75 milhões na primeira rodada da fase de grupos da Libertadores, contra o Libertad, não chegou perto da média necessária para atingir a meta.

Torcida do Atlético no Mineirão
Atlético tem média próximo a 30 mil torcedores por jogo, mas insuficiente para bater a meta (SUSA/Icon sport)

Arena MRV pode ajudar a diminuir a distância

A meta alta de bilheteria do Atlético se deu por conta do clube planejar a inauguração da Arena MRV, seu novo estádio. No entanto, não era esperado que já passado o meio do ano o time não tivesse estreado na sua nova casa. O Galo planeja o primeiro jogo oficial no estádio ainda em agosto, provavelmente contra o Santos, em duas semanas.

Se movendo para a Arena MRV, o Atlético planeja lucrar muito mais. O ticket médio para a torcida atleticana deve aumentar e o Galo vai passar a embolsar mais com sua nova casa. Mas, imaginar que o clube vai conseguir ter uma arrecadação de mais de R$ 3 milhões por jogo, com o time em má fase e o estádio sem poder receber 100% do clube, é algo fora da realidade. Por isso a meta de bilheteria também deve ficar abaixo do esperado.

Uma meta do Atlético já foi batida e superada

Em meio às metas que o Atlético não vai conseguir alcançar em 2023, há uma que o clube já bateu e superou: a de venda de jogadores. O orçamento atleticano previa R$ 80 milhões com transferência de atletas neste ano, mas o Galo conseguiu superar e atingiu mais de R$ 127 milhões com as saídas de 11 jogadores. Confira:

  • Rafael (São Paulo): R$ 5 milhões
  • Guga (Fluminense): R$ 7,3 milhões
  • Keno (Fluminense): R$ 5,7 milhões
  • Nacho Fernández (River Plate-ARG): R$ 10,4 milhões
  • Jair (Vasco): R$ 13 milhões
  • Calebe (Fortaleza): R$ 6 milhões
  • Ademir (Bahia): R$ 13 milhões
  • Eduardo Sasha (Red Bull Bragantino): R$ 4 milhões
  • Nathan Silva (Pumas-MEX): R$ 19,4 milhões
  • Allan (Flamengo): R$ 43 milhões
  • Dodô (Santos): R$ 600 mil
    Total: R$ 127,4 milhões

O problema agora é da SAF

As arrecadações ficarem abaixo do esperado não é mais problema da associação Atlético, já que o clube aprovou recentemente a implementação da SAF, que foi comprada pelos empresários conhecidos como 4Rs. Esse problema agora é deles e dos gestores do clube-empresa. São esses empresários e seus subordinados que agora terão que dar um jeito para resolver as finanças, já que se propuseram a pagar todas as dívidas atleticanas e terão menos dinheiro entrando do que o previsto nesse primeiro ano.

Vale destacar que, mesmo com a previsão de mais de R$ 463 milhões em arrecadação, o Atlético SAF já previa um déficit de R$ 212 milhões no orçamento. O CEO do clube, Bruno Muzzi, comentou também que haverá um teto e um piso na folha salarial atleticana, que vai representar entre 30% e 40% do faturamento. Ou seja, não atingir as metas pode afetar diretamente o time em campo.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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