Brasil

Após um mês, nem todos os reforços se encaixaram no Cruzeiro; isso preocupa?

Time celeste pôde inscrever seus novos jogadores a partir de 10 de julho; primeiras estreias ocorreram três dias depois

O Cruzeiro fez uma das janelas mais elogiadas da temporada no futebol brasileiro, finalizando-a antes mesmo da abertura oficial do período de transferências, ocorrida no dia de julho.

Foram sete contratados: o goleiro Cássio, o zagueiro Jonathan, os volantes Walace, Fabrizio Peralta e Matheus Henrique, e os atacantes Lautaro Díaz e Kaio Jorge.

Por outro lado, vários jogadores deixaram o clube, que promoveu uma reformulação em seu elenco com a temporada em andamento.

Saíram do Cruzeiro: o lateral-direito Helibelton Palacios, os zagueiros Lucas Oliveira e Neris, os volantes Filipe Machado e José Cifuentes, os pontas RobertRafael Bilu e João Pedro, além dos atacantes Rafael Elias PapagaioStênioPaulo Vitor e Matheus Davó.

A chegada dos reforços repercutiu muito na Raposa e como as transferências foram oficializadas antes da janela abrir, houve uma espécie de contagem regressiva para que os novatos pudessem atuar.

Isso surgiu como sintoma de um clube que há muito não brigava entre as principais equipes no país e que via essa possibilidade cada vez mais próxima.

Além dos investimentos milionários de Pedrinho BH, novo dono do clube, a campanha celeste no Brasileirão antes mesmo da chegada dos contratados já era positiva. Isso colocou as expectativas lá no alto.

Assim, as semanas se passaram, a janela se abriu, os reforços chegaram e foram inscritos, mas as coisas não aconteceram em um passe de mágica.

Hoje, um mês depois das primeiras estreias, ocorridas no dia 13 de julho, na vitória sobre o Red Bull Bragantino, somente dois dos contratados se consolidaram no time.

Fernando Seabra, treinador do Cruzeiro, contra o Athletico-PR
O treinador Fernando Seabra ganhou ótimos problemas para montar o Cruzeiro – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Contratados ainda passam por período de adaptação no Cruzeiro

Dos sete reforços do Cruzeiro na atual janela, quatro deles se tornaram titulares: Cássio, Matheus Henrique, Lautaro Díaz e Kaio Jorge.

Walace ainda não atuou por mais de um tempo completo, tendo iniciado apenas uma partida. Jonathan Jesus e Fabrizio Peralta ainda não entraram em campo. O que explica essa situação?

Cássio e Matheus Henrique

Até aqui, somente Cássio e Matheus Henrique se tornaram grandes destaques do time. O goleiro, o primeiro a chegar, passou algumas semanas trabalhando antes de poder estrear.

O camisa 1 foi contratado para ser titular absoluto e isso foi o que aconteceu. Hoje, Cássio já faz a diferença para o Cruzeiro e vem acumulando ótimas partidas.

O goleiro foi fundamental para que o time celeste tenha sido vazado em apenas um dos últimos quatro jogos.

Matheus Henrique, por sua vez, tomou conta do meio de campo do Cruzeiro. Apesar de oscilar vez ou outra dentro dos jogos.

Intenso, conferiu vitalidade ao time celeste, sem decréscimo técnico. Além disso, já tem se mostrado efetivo na frente, marcando um belo gol na partida contra o Fortaleza.

Cássio e Lucas Romero comemoram gol do Cruzeiro contra o Botafogo
O goleiro Cássio rapidamente passou a fazer a diferença no time do Cruzeiro – Foto: Imago

Alguns fatores explicam o sucesso da dupla, melhor ambientada em relação a outros contratados.

Primeiro, a condição física. Cássio e Matheus chegaram antes ao clube e puderam se preparar. No caso do goleiro, a posição ainda facilita esse processo. O camisa 1, inclusive, vem melhorando sua saída de bola cada vez mais, algo com que sofreu nos primeiros jogos.

Outro fator importante é a concorrência. Mesmo com Anderson bem, Cássio não teve problemas para ganhar a vaga, dada sua estatura (sem trocadilhos) no futebol sul-americano.

Matheus Henrique também não teve dificuldades para bancar Lucas Silva, um dos jogadores mais criticados no time do Cruzeiro.

Kaio Jorge e Lautaro Díaz

A dupla de atacantes que se tornou titular do Cruzeiro ainda não se firmou. Entre eles, Lautaro Díaz agrada mais. O argentino já balançou a rede e também impressiona pela vitalidade e disposição em campo.

Por outro lado, mostra mais entrega do que talento até aqui, o que já é um começo. Ainda que não tenha tido um impacto tão grande, justifica a manutenção no time titular.

Kaio Jorge, por sua vez, tem jogado mal neste início. Apesar de realmente ainda ser cedo para avaliações definitivas, o jogador de 22 anos tem acumulado partidas ruins e já começa a receber algumas críticas dos cruzeirenses.

No caso do camisa 9, os valores envolvidos em sua negociação fazem com que a pressão seja um pouco maior, ainda que ele tenha sido contratado com perspectiva de futuro.

Kaio Jorge finalizando em Cruzeiro x Juventude
Kaio Jorge, de 22 anos, não tem agradado em seus primeiros passos como jogador do Cruzeiro – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Como já dito, Kaio tem apenas 22 anos e uma enorme curva de evolução. É possível que ele perca a titularidade, mas não seria sábio enxergá-lo como descartável por apenas um mês.

Além disso, o jogador precisa de um tempo maior de adaptação, já que jogar em uma dupla de ataque requer maior precisão nos movimentos e um entrosamento com o restante do time que só se ganha com o passar dos jogos.

Gabriel Veron, por exemplo, demorou um pouco para começar a fazer seus gols.

Por fim, Kaio Jorge vinha de férias quando chegou ao Cruzeiro. É normal que ele não consiga acompanhar, de imediato, o ritmo de jogadores que estão no auge de suas temporadas.

Lautaro Díaz parece bem fisicamente. A tendência é que ele melhore o desempenho ofensivo conforme ganhe entrosamento com seus demais companheiros.

Walace

Talvez o nome que mais causou expectativa no torcedor, Walace tem início tímido. Iniciou um jogo como titular pela primeira vez no clássico da última rodada do Brasileirão, contra o Atlético-MG e ainda não ficou mais que 45 minutos em um jogo.

O camisa 20, além de chegar depois da maior parte dos reforços, veio de um procedimento no joelho que demandou mais cautela na recuperação. Sem contar que também estava de férias após o fim da temporada europeia.

Sendo ele um jogador muito físico, esse fato acabou atrapalhando a retomada de suas melhores condições e ele, assim como Kaio Jorge, está em um ritmo abaixo de boa parte dos seus companheiros e adversários.

Walace em sua estreia como titular do Cruzeiro na partida contra o Atlético-MG
Walace fez sua primeira partida como titular do Cruzeiro no sábado (10) – Foto: Imago

Para além das questões físicas, Walace enfrentou um problema que seus companheiros citados anteriormente não sofreram: um concorrente em grande fase.

Lucas Romero tem jogado muito bem no Cruzeiro e abre pouca margem para o contratado jogar. Em caso de necessidade, Walace certamente estaria jogando e se condicionando durante as partidas.

Com o titular da camisa 29, capitão do time, em alta, o volante ex-Udinese precisa trabalhar dobrado para ter oportunidades.

Jonathan Jesus e Fabrizio Peralta

O zagueiro brasileiro de 20 anos e o volante paraguaio de 22 geram curiosidade na torcida, mas ainda não estrearam.

Jonathan Jesus deu de cara com a forte concorrência na zaga celeste, que tem os consolidados Zé Ivaldo e João Marcelo como titulares absolutos e o excelente Lucas Villalba como reserva imediato.

Fabrizio Peralta, por sua vez, chegou ao clube com problemas físicos e foi liberado para treinar com o resto do grupo recentemente.

Ele terá uma concorrência ainda mais forte, visto que o meio de campo do Cruzeiro é o setor mais recheado da equipe.

Apesar disso, ambos são reforços visando o futuro e não o presente, e eles têm essa noção. Sendo assim, podem ser trabalhados com calma para agarrarem as chances quando estas aparecerem.

O jovem volante paraguaio Fabrizio Peralta em treinamento pelo Cruzeiro
O jovem volante paraguaio Fabrizio Peralta deve estrear em breve pelo Cruzeiro – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

A situação dos contratados preocupa?

Ainda é preciso ter calma com os reforços por todos os pontos citados. Questões física, concorrência e, principalmente, adaptação.

No caso dos mais jovens, a calma pode ser ainda maior, visto que o Cruzeiro tem nomes mais experientes para os setores em que eles jogam e por se tratarem de ativos contratados visando o longo prazo, com possibilidade de retorno imediato.

É provável que com o tempo e com mais minutos, todos se entrosem e o Cruzeiro volte a funcionar como uma engrenagem.

Os nomes que vieram da Europa, incluindo Matheus Henrique, que já tem desempenhado bem, precisarão de um tempo maior até chegarem no teto. O próprio camisa 97 pode entregar mais.

Por tudo que já foi citado, é entendível que haja frustração por não haver um impacto imediato total, mas é um processo que não só o Cruzeiro passa após a janela.

Também é importante lembrar que todos os reforços da Raposa foram pensados não só para o agora, mas para o projeto de fazer uma equipe forte por um longo tempo.

Isso não exime a responsabilidade do time de desempenhar bem em um primeiro momento, mas é mais uma prova de que não é necessário se desesperar. A tendência é que todos melhorem com o passar dos dias e jogos.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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