Caso Vai de Bet: Cerco fecha contra presidente do Corinthians que estuda não depor em data marcada

Presidente do Corinthians, Augusto Melo pode não depor à Polícia Civil nesta quarta-feira (16), data marcada para que ele seja ouvido na investigação sobre o “Caso Vai de Bet”. 

A defesa do mandatário corintiano alega não ter recebido o inquérito na íntegra para saber quais elementos já foram coletados. 

– O advogado primeiro tem que acessar o inquérito de capa a capa para saber o que tem, que elementos já foram coletados, para que o presidente Augusto possa esclarecer e falar sobre a investigação em si. E eu não tive ainda autorização para acessar a íntegra do inquérito. A defesa do presidente não tem acesso ainda – disse Ricardo Cury, advogado de Augusto Melo, em contato com a Trivela. 

Desde o início das investigações, o processo ficou disponível às defesas dos mencionados, com exceção de algumas informações sigilosas que estavam restritas. A Trivela soube, no entanto, que na última sexta-feira (11) a juíza responsável pelo caso habilitou todas as partes citadas no caso a terem acesso aos autos do processo de forma integral. Para isso, no entanto, foi necessária que os representantes legais das partes interessadas solicitassem o envio de uma senha.

A defesa do presidente corintiano, porém, ainda não recebeu o código. Por outro lado, a representação de outras pessoas citadas na investigação já possuem essa chave, de acordo também com informações obtidas pela reportagem.

– Tem sempre juiz acima do delegado que acompanha a investigação e dá as decisões mais sensíveis da investigação. Esse pedido foi formulado para a juíza e ela não apreciou o nosso pedido. Ela tem levado em média duas semanas, aproximadamente, para apreciar esse tipo de pedido, de todas as defesas técnicas. O nosso pedido foi formulado e até hoje, domingo (13), não foi apreciado ainda – afirmou Cury.

Como acredita que a autorização para o acesso integral do inquérito acontecerá após os próximos feriados, entre os dias 18 e 21 de abril, a defesa de Augusto Melo crê que não será possível que o depoimento do presidente corintiano seja tomado na data agendada, 16 de abril. 

– Muito provavelmente esse pedido da juíza deve ser apreciado depois do feriado, portanto, o próprio delegado disse que não da para tomar o depoimento do presidente Augusto na quarta-feira. A não ser que a juíza delibere muito rapidamente e a defesa consiga acessar a integralidade do inquérito. O depoimento do presidente Augusto deve ficar para depois do feriado, a partir do despacho da decisão da juíza autorizando o acesso e o conhecimento integral pela defesa. É um inquérito em curso a praticamente um ano e uma semana ou quinze dias a mais, ou a menos não representa absolutamente nada – disse Ricardo Cury. 

Vale ressaltar que, conforme citado anteriormente, o despacho aconteceu na última sexta-feira (11). O que não ocorreu até o momento foi o envio da senha de acesso aos representantes de defesa de Augusto Melo. 

Inquérito pode levar Augusto Melo e ex-dirigentes a serem indiciados

Segundo a “Gazeta Esportiva”, a Polícia Civil pretende concluir a investigação do “Caso Vai de Bet” no início de maio.

Ainda segundo a publicação, que afirma ter acesso a trecho dos materiais anexados pela Polícia Civil, o delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), diz ter elementos suficientes para indiciar Augusto Melo e os ex-dirigentes corintianos Sérgio Moura (que ocupou a função de superintendente de marketing) e Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo) por associação criminosa e lavagem de dinheiro. 

Ex-diretor jurídico, Yun Ki Lee tem chances de ser indiciado como partícipe, por não ter enviado o contrato de patrocínio máster com a “Vai de Bet” ao compliance do Corinthians.

Em nota oficial, a assessoria de Augusto Melo afirma que “o inquérito não foi concluído e o presidente ainda não foi ouvido pelas autoridades, portanto, qualquer acusação, sem provas, deve ser banida e não pode acontecer”. Já o advogado do presidente corintiano minimiza o valor jurídico do inquérito. 

– A partir da investigação policial não há condenação de ninguém. O inquérito simplesmente coleta alguns elementos de prova, produz um relatório final que pode até ser não conclusivo. Estou achando até prematura qualquer informação nesse sentido. Depois, o MP vai avaliar se ajuíza, ou não, uma ação e aí um processo contra quem de direito, para buscar responsabilização. Uma eventual condenação de quem quer que seja, primeiro que eu acho que esse caso não deve haver condenação alguma, mas ainda demora muito. Inquérito não condena ninguém. A natureza jurídica do inquérito é completamente diferente. É só um papel investigatório preliminar – pontuou Ricardo Cury. 

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Augusto nega existência de conta suspeita fora de São Paulo

A “Gazeta Esportiva” também afirma ter acesso aos relatórios do Controle de Atividades Financeiras (COAF), que identifica a existência de uma conta bancária no nome de Augusto Melo. Desde 2023, há registro de depósitos frequentes em dinheiro vivo.

Segundo trecho inserido nos autos do processo, no qual a Trivela teve acesso às informações, essa conta é registrada na cidade de Blumenau, no nome do presidente corintiano e foi aberta entre 2019 e 2020. Nela, Augusto recebe depósitos de negócios pessoais, inclusive da Arena Tatuapé, complexo esportivo no qual ele é o gestor. 

Augusto Melo nega ter qualquer conta fora de São Paulo. Em nota, o presidente corintiano afirma que é “fato inexistente e mentiroso”.