Brasil

Além do título estadual, Corinthians tem tira-teima do Século contra o Palmeiras

Rivais disputam título mirando quebra de tabus, estatísticas históricas e zoeiras entre torcidas

A decisão de um campeonato contra o maior rival por si só torna gigante a responsabilidade do Corinthians em conquistar o Paulistão sobre o Palmeiras. 

Mas o duelo desta quinta-feira (27) carrega consigo ingredientes que tornam o resultado ainda mais importante para o Timão. 

Maior campeão paulista, com 30 títulos, a equipe alvinegra não quer a hegemonia ainda mais ameaçada. 

Nos últimos cinco anos, a diferença entre Corinthians e Palmeiras caiu de oito para quatro taças. Em caso de derrota nesta noite, reduzirá para três. 

Os palmeirenses venceram quatro dos últimos cinco estaduais – com exceção de 2021, quando perderam a final para o São Paulo. Enquanto os corintianos não conquistam o Paulista desde 2019, quando bateu justamente o Tricolor naquele que é o último título do clube alvinegro até a atualidade. 

https://twitter.com/Corinthians/status/1905092426101928253

Corinthians e Palmeiras fazem o tira-teima do Século

Em 2025, o Século XXI completa um quarto e o Dérbi tem no Paulistão deste ano a possibilidade de um tira-teima. 

Desde a virada para os anos 2000, os clubes decidiram somente dois campeonatos, ambos justamente paulistas, em 2018 e 2020. 

O retrospecto do confronto em mata-mata também é equilibrado neste recorte. Além das duas finais mencionadas, foram outras quatro semifinais, todas pelo Paulistão.

Em 2003 e 2011 deu Corinthians, enquanto em 2015 e 2021 o vencedor foi o Verdão.

No total, em seis Dérbis em formato eliminatório no Século XXI, o placar é de 3 a 3, sendo 1 a 1 em decisões.

O “Paulistinha” do Palmeiras até hoje é o Paulistão do Corinthians na história

A primeira decisão do Século atual foi vencida pelo Corinthians, em pleno Allianz Parque. Na época, a casa do Palmeiras tinha somente três anos de existência. 

Foi a primeira final estadual disputada na arena palmeirense e terminou com título corintiano, naquele que até hoje é conhecido como “Paulistinha Day”

O nome é fruto de uma declaração dada por Maurício Galiotte, então presidente da equipe alviverde, após o jogo. Nela, o dirigente classificou o Estadual como “manchado” e também afirmou que “o Palmeiras é maior que o Paulistinha”. 

A revolta de Galiotte foi referente às acusações de interferência externa, em uma era pré-VAR, na anulação de um pênalti em cima do atacante Dudu, que inicialmente foi dado pelo árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, que posteriormente voltou atrás na decisão. 

Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza final Paulistão 2018 Palmeiras Corinthians
Reclamação contundente de jogadores do Corinthians foi fundamental para Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza anular marcação de pênalti na final do Paulistão em 2018 (Foto: IMAGO/Fotoarena)

Em declarações futuras, Marcelo reconheceu o erro na escolha inicial e que mudou a ideia em frações de segundos após a marcação. Ele também revelou que se a penalidade fosse cobrada, mandaria voltar a primeira batida por invasão na área. 

– Eu marco (o pênalti) com convicção. Tenho total controle sobre tudo, atletas, estádio. Eu marco num impulso. Marquei porque não vi a mudança de direção. Ela (bola) mudou a velocidade, a rotação. Eu sei as lideranças da equipe, quem é quem. O Cássio, o Balbuena, o próprio Ralf. Mas o Cássio veio imediatamente, e eu senti que eu errei. Mas o que eu ia fazer? Eu tinha um plano na minha cabeça: vai bater e se não pegar, vai voltar. Alguém iria invadir a área. Sempre invade. Se defender, segue o jogo. Se fizer, volta de novo. Mas, se bater de novo e marcar, aí não tem o que fazer. Pelo rádio, eu ouço: ‘Marcelo, para mim foi na bola’. Como assim? Não é possível que de lá ele (o quarto árbitro Adriano de Assis Miranda) viu que foi na bola. E ele estava numa muvuca no banco do Palmeiras –  disse o ex-árbitro ao podcast “Resenheiros”.

De toda forma, Marcelo nega o envolvimento externo, que até hoje é reclamado pelo Palmeiras. 

– Primeiramente, não houve interferência. Não houve interferência nenhuma. Isso foi criado por um ex-árbitro em uma emissora de televisão. Ele criou essa teoria da conspiração – comentou Aparecido. 

No campo, o Corinthians, que havia perdido o confronto de ida, em plena Neo Química Arena, por 1 a 0, aplicou o mesmo placar sobre o adversário na volta, no Allianz Parque. Rodriguinho foi o autor do gol solitário do Timão no primeiro lance da partida. 

Na disputa por pênaltis, deu a equipe alvinegra por 4 a 3. E até hoje a marca de ter vencido o maior rival na casa dele é celebrada pelos corintianos. 

Corinthians campeão paulista 2018
Celebração de título na casa do rival até hoje é uma das maiores glórias do Corinthians (Foto: IMAGO / Fotoarena)

Sete anos depois, a decisão paulista de 2025 também traz ao Corinthians a responsabilidade de evitar que o Palmeiras levante uma taça em Itaquera. 

Dois anos depois, Palmeiras ressuscita o Corinthians, mas mata em final 

Em pleno início da pandemia de Covid-19 que assolaria o mundo por cerca de dois anos, Palmeiras e Corinthians voltaram a decidir o Paulistão no Allianz Parque. Desta vez, sem torcida. 

Antes, o time alviverde teve a oportunidade de eliminar o maior rival ainda na primeira fase. 

Após quatro meses de futebol parado, o Timão voltou precisando invariavelmente de duas vitórias nos dois últimos jogos da fase inicial, além de uma combinação de resultados, para avançar às quartas de final. 

Bastava um empate em casa com o Palmeiras, que o Corinthians estava fora da competição. Mas com um gol do zagueiro Gil, atualmente no Santos, o clube alvinegro conquistou os três pontos e dias depois também avançou de fase. 

O Campeonato Paulista, então, voltou a ser decidido em um Dérbi. 

Palmeiras e Corinthians 2020
Em meio a número alarmante de mortos por Covid-19, Palmeiras e Corinthians disputaram a final do Paulistão em 2020 sem público nas arquibancadas (Foto: IMAGO / Pacific Press Agency)

Assim como dois anos antes, os palmeirenses, com a melhor campanha, decidiram em casa. 

Mas dessa vez, o título ficou com o mandante. Ainda que com requintes de crueldade. 

Em Itaquera, o confronto de ida terminou empatado sem gols. Na volta, Luiz Adriano abriu o placar para o Palmeiras, no início do segundo tempo. Mas o centroavante Jô sofreu e converteu um pênalti no último minuto da partida. 

Novamente, o campeão foi definido nas penalidades. Mas dessa vez, as estrelas de Weverton e Patrick de Paula brilharam. O goleiro defendeu duas cobranças, enquanto o volante, recém-promovido ao elenco profissional, colocou a última cobrança na gaveta de Cássio. 

Capitão palmeirense na decisão, Felipe Melo foi responsável por levantar a taça. E ao fim da partida, deu a seguinte declaração: 

– Deus ressuscitou eles para a gente acabar de matar aqui.

Palmeiras campeão paulista 2020
Com Felipe Melo de capitão, o Palmeiras levantou, em 2021, o primeiro dos seus quatro títulos paulistas nas últimas cinco temporadas (Foto: IMAGO / Pacific Press Agency)

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Tetra, aqui não?

O título paulista do Palmeiras sobre o Corinthians em 2020 evitou a quarta conquista consecutiva do Timão no Estadual.

Se levantasse a taça, o clube alvinegro seria o primeiro time a vencer quatro vezes seguidas a competição organizada pela Federação Paulista de Futebol (FPF). O único tetracampeão paulista consecutivo na história é o Paulistano, entre 1916 e 1919, quando o Estadual ainda era gerido pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA).

Cinco anos depois, o Timão tem a oportunidade de dar o troco e impedir o maior rival de ser tetra no Paulistão.

Finalistas de todas as edições do Estadual desde 2020, o Palmeiras conquistou as três últimas delas (2022, 2023 e 2024). No entanto, pela primeira vez o adversário na final é o Corinthians.

Nas temporadas mais recentes, o clube alviverde reverteu o placar adverso no confronto de ida e se sagrou campeão na volta, feito que precisará repetir nesta quinta-feira (27).

Por outro lado, nessas oportunidades o Verdão jogou o segundo confronto em casa, o que não acontecerá desta vez. Os palmeirenses foram derrotados pelo Timão no Allianz Parque, no dia 16 de março, e agora têm a necessidade de virar longe das suas dependências.

Faltam quatro jogos para o Corinthians igualar o Palmeiras no retrospecto geral do Dérbi

Muito embora as equipes possuam contagens diferentes, na visão corintiana restam somente quatro jogos para que o clube iguale o número de vitórias do maior rival no clássico.

Nas contas do clube alvinegro, são 382 partidas disputadas, com 131 vitórias, 135 derrotas e 116 empates. O Timão marcou 498 vezes e sofreu 545 gols no confronto.

Caso vença também o jogo de volta pela final do Paulistão e os dois duelos contra o Palmeiras no Campeonato Brasileiro, o Corinthians terminará o ano somente com uma vitória a menos que o adversário – isso se as duas equipes não se cruzarem na Copa do Brasil.

O Timão também pode se aproximar na disputa de vitórias em títulos paulistas disputados com o Palmeiras.

Atualmente, o Verdão tem cinco conquistas estaduais em finais diretas conta o clube alvinegro (1936, 1974, 1993, 1994 e 2020), enquanto o Corinthians bateu o mair rival em decisão do Paulista em três ocasiões (1995, 1999 e 2018).

Foto de Fábio Lázaro

Fábio LázaroSetorista

Nascido em Santos, criado em São Vicente e entregue a São Paulo. Na Trivela desde junho de 2024, como setorista do Corinthians. Passagem pelo Lance! entre fevereiro de 2020 e maio de 2024, onde cobriu Santos e Corinthians. Por lá, também coordenou pautas e estratégias digitais. Atualmente, também é comentarista no programa Esporte por Esporte, da TV Santa Cecília.
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