Presidente interino do Corinthians exaltou golpe militar e se diz apoiador de Lula
Em conversa com a Trivela em janeiro, Osmar Stábile reconheceu erro em vídeo difundido por Bolsonaro em 2019

Presidente interino do Corinthians, Osmar Stábile afirmou que o financiamento do vídeo gravado em 2019, em que exalta o golpe militar de 1964, foi um erro.
A publicação à época foi disparada através das redes sociais com autorização de Jair Bolsonaro, na época em que ele ocupava a presidência da República.
Em contato com a Trivela, no dia 19 de janeiro, antes da votação do impeachment contra Augusto Melo que foi suspensa, Stábile garantiu até mesmo que hoje é um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente.
– No passado, fiz esse vídeo, mas reconheci o erro. Lutei pela democracia, fui na Avenida Paulista, fui junto com Sócrates. Naquele momento, lá atrás, aconteceu isso. Mas hoje eu sou Lulista, pelo trabalho que ele está realizando. Minha empresa está lotada de serviço. Votei duas vezes no Lula. Confesso que das últimas vezes não, mas hoje admiro a gestão dele. Minha empresa está cheia, estou contratando – disse Osmar à reportagem.
Osmar, porém, afirma que não deseja que questões políticas se envolvam no trabalho dele à frente do Timão.
O conselheiro vitalício assumiu a liderança da diretoria executiva corintiana de forma temporária, até a votação sobre a destituição de Augusto Melo através da Assembleia de Sócios, que é a última instância.
Caso o impeachment seja confirmado pelos associados, Osmar terá a responsabilidade de convocar novas eleições, mas indiretas, através do Conselho Deliberativo, para uma “mandato tampão”.
– Primeiro artigo do Corinthians dispõe que nem questões políticas e religiosas devem ser tratadas dentro do Corinthians. O Corinthians é uma instituição – destacou Osmar à Trivela.
Stábile começou na política do Corinthians com Vicente Matheus, mas ganhou força com Dualib
A alçada à presidência do Corinthians é uma realização perseguida por Osmar Stábile há 18 anos e que foi alcançada por ele nesta segunda-feira (26), ainda que de forma provisória.
Com a decisão do Conselho Deliberativo do clube alvinegro em aprovar o processo de impeachment contra Augusto Melo, o presidente corintiano foi afastado cautelarmente da função.
Coube então a Stábile, que é o primeiro vice, assumir a responsabilidade interinamente. Conselheiro vitalício, Osmar é sócio do Corinthians desde 1979.
Por influência de Vicente Matheus, apoiou a candidatura de Marlene Matheus à presidência corintiana em 1991. Porém, mudou de lado pouco tempo depois e se tornou aliado de Alberto Dualib.
Com Dualib, Stábile foi diretor de esportes terrestres, entre 1999 e 2003, e, posteriormente, vice-presidente da mesma pasta, até 2005.

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Stábile possui amplo histórico eleitoral no Corinthians
Após a renúncia de Alberto Dualib, Osmar Stábile iniciou a sua perseguição à presidência do Corinthians.
Em eleição indireta, em 2007, foi o candidato menos votado no Conselho Deliberativo, com 14 votos. Andrés Sánchez foi eleito para um “mandato tampão”. Dois anos depois, já em pleito direto, Stábile novamente se candidatou e perdeu para Andrés.
Nos anos seguintes, Osmar compôs algumas chapas eleitorais no Timão, todas em oposição ao grupo “Renovação e Transparência”, que administrou o clube durante 16 anos.
Em 2012, foi candidato a vice-presidente na chapa liderada por Paulo Garcia. Mário Gobbi foi o vencedor. Três anos mais tarde, novamente se candidatou à vice, dessa vez com Antonio Roque Citadini. Porém, perdeu para Roberto de Andrade.
Em 2018, voltou a lançar candidatura própria, se colocando como o candidato do bem contra o mal. Porém, à época o hoje presidente interino foi satirizado nos bastidores do Parque São Jorge após a divulgação de um vídeo de qualidade amadora onde se coloca como uma espécie de super-heroi.
Osmar Stábile ganhou o apelido de “Agente 86”, em alusão à famosa série americana que leva o mesmo nome. Nela, o protagonista Maxwell Smart, o agente 86, é um investigador secreto bastante atrapalhado.
A repercussão negativa do vídeo levou Stábile a retirar a candidatura na ocasião e se aliar novamente como candidato à vice-presidente com Roque Citadini. Augusto Melo fazia parte da chapa, como segundo vice. Eles, porém, foram derrotados por Andrés Sánchez.
Após uma sequência de derrotas, aliou-se como candidato a vice-presidente na candidatura liderada por Augusto Melo em 2023. Desta vez, saiu vencedor.
No entanto, foi escanteado por Augusto com poucos meses de administração, mas hoje ocupa a presidência corintiana de forma provisória, enquanto o mandatário afastado passa por um processo de impeachment, que foi aprovado entre os conselheiros e será votado pelos associados em última instância.